Na Bíblia,
a cor preta é
considerado Cântico dos
Cânticos prova de
maneira diferente.
Mesmo que, por vezes,
se mostra ambivalente,
como todas as outras
cores, mesmo que a
noiva proclama: “Eu sou
negra mas sou bela”,
o preto bíblico – e
com ele todas as
cores sombrias – e frequentemente
mal interpretado: é
a cor dos malvados
e dos ímpios, dos
inimigos de Israel
e da maldição divina.
É também a cor
do caos primordial,
da morte perigosa e
maléfica, e sobretudo
da morte. Somente a
luz é fonte de
vida e manifestação
da presença de Deus.
No Egito
faraônico a cor
preta era relacionada
com a dimensão fecundante
da terra. Por ocasião
dos funerais, assegura a
passagem do morto
para o além: é
um preto benéfico,
sinal de promessa de
renascimento. As divindades
ligadas à noite
eram, quase sempre, pintados
de preto.
Para a
teologia cristã nos
seus inícios, o branco
e o preto formam,
com efeito, um par
de contrários e representam
quase sempre a expressão
colorida do Bem
e do Mal. Essa
oposição fundamenta-se
no Gênesis (luz/trevas)
mas também, segundo outras
sensibilidades, está em
sintonia com a
natureza (dia/noite,
por exemplo).
É comentado
e desenvolvido pelos
padres da Igreja e
seus seguidores.
Após o
ano 1000, a cor
preta começa a tornar-se
mais discreta na vida
cotidiana e nos
códigos sociais, em
seguida passa a
perder boa parte de
sua ambivalência simbólica. Na Aniguidade romana e durante toda a alta Idade Média, a cor preta boa e a má coabitam: por um lado a cor estava asociada à humildade, à moderação, à autoridade ou à dignidade; por outro remetia ao mundo dos mortos e das trevas, aos tempos de aflição e de penitencia, aos pecados e às forças do mal. Daí em diante, por quase o fim da diversão positiva dessa cor, cujos aspectos negativos parecem ocupar todo o campo simbólico. A época feudal foi no Ocidente a grande época do “preto mau”.
Até o final do século XIV, o gato é visto com frequência como um animal falso e inquietador, especialmente o gato preto, que tem seu lugar no bestiário do Diabo. Como o javali, o corvo, venerado pelos celtas e alemães, foi profundamente depreciado pelo cristianismo. Animais diabólicos.
Os primeiros monges não se preocupavam co a cor de seu hábito. Mas a partir do século IX, nos textos e imagens, os monges são cada vez mais frequewntemente associados à cor preta. Em seguido, ele se torna a cor específica da ordem beneditina, ao passo que, como reação, as novas ordens escolhem o branco ou o marrom.
No final da Idade Média, os reis da França usam, para o luto, a cor violeta. E as rainhas, o branco. Mas na virada dos séculos XV-XVI, Ana da Bretanha, esposa de Carlos VIII e depois de Luis XII, introduz na corte francesa o uso da cor preta para as rainhas viuvas.
Em quase todos os aspectos da vida social, o final da Idade Média representa para a cor preta um período de intensa ascensão. Ao fazer o preto entrar na ordem das cores, e desembaraçando-se de seuis aspectos sinistros e funestros, as heráldica havia preparado o terreno para tais promoções. Desde o final do século XIII, as práticas relativas como vestuário do patriarcado urbano e dos detentors de cargos ou funções assumem a substituição e tornam o preto uma cor digna e íntergra. No século seguinte, são as morais cívicas e as leis referentes ao luxo que acentuam a dimensão virtuosa dessa cor.
Os legistas, os puristas, os magistrados m embros de certas cortes soberanas são os primeiros a mostrar uma nova atração pela cor preta: aos olhos deles, como aos de um grande número de ordens momásticas e religiosas, a cor preta não é infernal ou maléfica, mas austera e virtuosa; por essa razão, deve ser escolhida para significar a autoridade pública, a .lei e o direito, e mesmo a administração nascente. Por volta da metade do século XIV já se vestiam de preto, sinal distintivo de um status particular e de uma certa moral cívica.
Os séculos VI e XVII assistem progressivamente à organização de uma espécie de mundo em preto e branco, situado de início à margem do universo das cores, em seguida fora desse universo e até mesmo no seu exato oposto. Começam com o aparecimento da imprensa, nos anos 1450, opara atingir simbolicamente seu oposto de ruptura em 1665-1666, quando Isaac Newton realiza suas experiências com o prisma e descobre uma nova ordem das cores.
----------------------------------------------
Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do
nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Espaço Cultural Itau
Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em
frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras, 28,
Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro
Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)
Nenhum comentário:
Postar um comentário