O
negro nas histórias em quadrinhos (01)
De 1º de
fevereiro de 2013 até 1º de março de 2014 os afro americanos no
mundo dos quadrinhos e o impacto da sua excelência criativo serão
mostrados na exposição Milestones: African
Americans in Comics, Pop
Culture and Beyond no Geppi´s
Entertainment Museum (GEM), sob a curadoria de Michael Davis,
co-fundador do Milestone Media. A editora Milestone surgiu na década
de 1990 com a proposta de lançar revistas de personagens negros e
latinos.
Com um foco significativo sobre os criadores negros e sua arte, a
exposição reunirá peritos, ensaístas, cineastas e criadores de
dentro e fora do mundo dos quadrinhos para explorar os sucessos,
fracassos e expectativas para o futuro deste componente vital da
indústria do entretenimento norte-americana.
“Essa exposição trará provas irrefutáveis da profunda
contribuição dos afro-americanos para os quadrinhos e do papel
vital que super-heróis negros tem desempenhado na formação de sua
narrativa “, disse Axel Alonso, editor-chefe da Marvel Comics.
“Se os quadrinhos são a mitologia moderna, então a participação
e representação negra é crucial. Essa exposição irá documentar
esses sonhos em papel ao longo dos anos”, disse o cineasta e
escritor de histórias em quadrinhos Reggie Hudlin.
Os negros em suas primeiras aparições nos quadrinhos ou eram
coadjuvantes passageiros ou atuavam como personagens fixos e
humorísticos. Mas sempre representados de forma estereotipada.
LATINOS
-
A
presença
de
personagens
negros
nos
quadrinhos
latino
americanos
é
pouco
representativa.
Na
Argentina
dois
personagens
merecem
destaque.
O
Negro Raúl,
de
Arturo
Lantieri,
criado
em
1916,
é
uma
espécie
de
malandro
que
vive
querendo
se
dar
bem,
mas
no
final
sempre
leva a
pior,
numa
critica
do
autor
à
própria
sociedade
da
época.
Fulú,
de
Carlos
Trillo
e
Eduardo
Risso,
é
uma
escrava
de
extrema
beleza
e
sensualidade,
sempre
castigada
por
provocar
o
desejo
dos
homens
e
o
ciúme
dos
senhores
brancos.
A
série
se
passa
no
Brasil,
para
onde
Fulú
foi
trazida
após
ser
capturada
na
África
e
faz
referência
ao
Quilombo
dos
Palmares.
Outros
personagens
negros
nos
quadrinhos
argentinos
são
estereotipados,
subalternos
e
de
pouca
relevância
nas
tramas.
O
personagem
mais
popular
do
México
é
Memín Pinguín,
criado
na
década
de
1940
por
Alberto
Cabrera.
Pinguín
era
um
personagem
secundário
até
1963,
quando
foi
lançada
a
revista
com
o
mesmo
nome
do
personagem,
reformulado
sob
os
traços
de
Sixto
Valência
e
que
fez
grande
sucesso.
Em
2005
o
serviço
do
correio
mexicano
homenageou
o
personagem
estampando-o
em
uma
série
de
selos.
Os selos foram criticados pelo governo dos EUA provocando uma
declaração do presidente George W.Bush que considerava o personagem
extremamente estereotipado e, em tempos politicamente corretos,
absurdamente ofensivo. Os mexicanos (cuja população negra tem
representatividade mínima) tiveram de responder que se tratava de um
personagem de grande sucesso, querido pelo público e que, ao
contrário das acusações, era um exemplo de herói de ficção e
que a reação se devia a um desconhecimento das peculiaridades e
gostos da população mexicana e, portanto, um desrespeito à sua
cultura.
O Brasil se originou da
colonização portuguesa de caráter escravocrata. Foi o último no
mundo a abolir a escravidão dos africanos e seus descendentes. O
fenômeno do racismo e a instituição da escravidão deixaram marcas
na nação brasileira que persistem até nossos tempos. A população
fenotipicamente escura apresenta os piores índices de
desenvolvimento social quando comparadas com a população de pele
branca.
Os negros sofrem cotidianamente
um processo de discriminação que tem como base uma ideologia que
relaciona fatores biológicos com aspectos morais que os inferiorizam
enquanto grupo social. Por causa de todo o processo discriminatório,
os negros apresentam a sua identidade social deteriorada. A ideologia
da negritude é a contrapartida dos negros organizados para combater
o racismo.
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