09 novembro 2012

O negro nas histórias em quadrinhos (05)

Vale lembrar que uma série de álbuns foram lançados visando narrar episódios da história do Brasil sob um novo prisma para resgatar a importância da participação dos negros nesses acontecimentos. São eles: a saga de Zumbi, feita pelo sociólogo Clóvis Moura e ilustrada por Alvaro Moya (1955). O personagem Zumbi foi retomado outra s vezes por diversos artistas como a dupla Krisnas e Allam Alex (2003) e Antonio Cedraz (2009).

Zumbi, a Saga de Palmares tem roteiro de Antonio Krisnas e desenhos de Allan Alex. A ideia do livro é popularizar a história de Zumbi, da escravidão negra no Brasil e do surgimento do quilombo de Palmares, por meio de imagem sequenciada. Nos quadrinhos, Zumbi aparece como um guerreiro musculoso e invencível, ao estilo dos super-heróis. Para o autor do livro, essa caracterização e o dinamismo das cenas de combate desenhadas por Allan Alex deverão atrair principalmente o público jovem, entre 12 e 18 anos, já fã dos quadrinhos.

Em Resistência e Coragem, Xaxado pega carona no redemoinho do Saci e vai parar no ano de 1696, no qual encontra um guerreiro que segue em direção ao Quilombo dos Palmares para lutar ao lado do herói Zumbi. O álbum com os personagens da Turma do Xaxado, série infantil que completa dez anos de criação, teve boa aceitação no mercado.

Ativista dos direitos humanos e dos negros, o cartunista Mauricio Pestana, já tem mais de 30 anos de carreira. Começou no Pasquim, como assistente de Henfil e espalhou seu trabalho por escolas e ONGs publicando livros como Manual de Sobrevivência do Negro no Brasil. Negro ele próprio, vê pouco espaço para as pessoas de pele escura nos meios de comunicação. Ele publicou álbuns sobre a Revolta da Chibata e sobre a Revolta dos Búzios.

Em 2010 o cartunista Mauricio Pestana lançou a cartilha Revolta dos Malês – A saga dos muçulmanos baianos. O objetivo da cartilha, distribuída gratuitamente, é dar subsídios para que seja aplicada a Lei Federal de n.10.639, de 2003 que prevê a inclusão da temática afro brasileira nos currículos escolares. O álbum, Revolta dos Búzios, do quadrinista Mauricio Pestana publicado em 2007 conta a revolta dos alfaiantes da comunidade negra de Salvador.

A Revolta dos Búzios é relatada a história do maior movimento de revolta e rebelião urbana e popular do Brasil Colonial. Uma revolta daqueles que sonhavam com uma república democrática no Brasil com o fim da escravidão e das desigualdades entre brancos e negros. Este projeto da Escola Olodum, braço educacional do Olodum, encabeçou reivindicações de reconhecimento e valorização dos heróis e personagens negros participantes de movimentos e organizações de luta histórica pelo reconhecimento da história e direitos afro-brasileiros: inclusão do nome de personagens/heróis negros desta revolta, como de outros, no Livro dos Heróis, no Panteão da Pátria em Brasília

Em 2008 sai o álbum Chibata, visão quadrinizada da Revolta da Chibata. A quadrinização das divindades do candomblé na revista Orixas é um trabalho de Alex Mir e Caio Majedo.

o álbum Chibata! (Conrad Editora) traz a envolvente história da dupla cearense Olinto Gadelha (roteiro) e Hemeterio (arte), toda em preto e branco. O leitor é convidado a reviver os dias de tensão na baía de Guanabara e o drama que acompanhou João Cândido até sua morte, em 1969, aos 89 anos de idade. O traço ora caricatural ora artístico encontra berço no uso inteligente do contraste e do enquadramento cinematográfico com uma grande riqueza de detalhes.

São trabalhos que demonstram que a presença do negro nos quadrinhos brasileiros já ganha novos contornos.

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Um comentário:

Gutemberg disse...

Zulu,
não existe livro em português que trata do assunto. Esse meu trabalho é inedito