No Brasil a escassez de
personagens negros é lamentável. Podemos citar Benjamin (Luis
Loureiro), Lamparina (J. Carlos), Azeitona (Luis Sá), Pererê
(Ziraldo), Preto que ri (Henfil) e alguns outros. No estudo do
pesquisador Nobu Chinen na Universidade de São Paulo, a primeira
aparição de um negro nos quadrinhos brasileiros foi em As Aventuras
de Nhô Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte, criado pelo ítalo
brasileiro Ângelo Agostini em 1869, Logo na primeira vinheta aparece
um personagem negro, o Benedito.
Gibi, etimologicamente, significa
menino negro. É também o mascote que batizou uma publicação que
fez sucesso na editora Globo e se tornou sinônimo de revista em
quadrinhos, É bom não confundir esse Gibi com o Giby, o primeiro
personagem negro do quadrinho brasileiro criado por J.Carlos em 1907.
Gibi,
criado
por
J.
Carlos
em
1907
para
a
revista
O
Tico
Tico
é
o
primeiro
personagem
negro
dos
quadrinhos
brasileiros.
Ele
era
o
criado
na
casa
de
Juquinha,
personagem
principal
da
série.
A
revista
O
Tico
Tico,
desde
o
seu
primeiro
número
de
11
de
outubro
de
1905,
publicava
as
aventuras
de
Chiquinho
e
seu
cão
Jagunço,
em
histórias
decalcadas
por
ilustradores
brasileiros
das
páginas
do
personagem
americano
Buster
Brown
e
o
cachorro
Tige,
criado
por
Richard
Felton
Outcault,
em
1902
para
o
jornal
The
New
York
Herald.
Luis
Loureiro,
um
dos
artistas
responsáveis
por
recriar
os
desenhos,
criou
um
novo
personagem
para
acompanhar
Chiquinho:
Benjamin (1915),
que
se
destaca
como
o
primeiro
negros
dos
quadrinhos
a
fazer
sucesso
entre
o
público
leitor.
Benjamin,
que
estreou
em
1915,
era
um
moleque
negro
inspirado
num
criado
da
casa
de
Loureiro.
Nas
palavras
do
próprio
autor,
em
entrevista
concedida
à
Revista
da
Semana,
em
31
de
março
de
1945,
o
terrível
infante
tinha
os
plano
mais
demolidores
para
as
molecagens
da
turma,
o
que
levava
Chiquinho
a
temer
que
as
ideias
do
negrinho
dessem
na
clássica
surra
de
escova
com
que
o
pai
coroava
sempre
as
suas
aventuras.
“Levei para os quadrinhos um
Benjamin que morou na minha casa durante muito tempo. Era um pretinho
muito vivo, de seus oito anos, que trabalhava como menino de recado.
Benjamin estava sempre dando palpites sobre as aventuras de
Chiquinho. E que costumava dar palpites na vida do Chiquinho. E eu
doido para botar o Benjamin na história. Um dia, botei”, conta o
desenhista Luis Gomes Loureiro.
As aventuras de Chiquinho
transcorriam em ambiente doméstico. Nunca o personagem teve o
comportamento de seu inspirador americano, Richard Felton Outcault,
que era ácido, crítico e contestador. Chiquinho era criança
bastante ingênua, como ingênuo era o Rio de seu tempo. Suas
aventuras eram, na verdade, travessuras, como foram as de seu próprio
desenhista, Loureiro. Tanto Gibi quanto Benjamin seguiu o padrão
estereotipado da época com olhos saltados e lábios grossos.
Em
1931,
Luis
Sá
criou
o
trio
de
amigos
Reco Reco, Bolão e
Azeitona.
Publicados
durante
30
anos
na
revista
O
Tico
Tico,
Azeitona
carrega
nos
traços
lábios
grossos,
olhos
saltados,
nariz
grande
e
largo.
Mas
seus
dois
companheiros
Reco
Reco
e
Bolão
não
mereceram
tratamento
melhor.
Um
é
gordo
e
o
outro,
magrelo
com
esparsos
fios
de
cabelo,
com
seu
inconfundível
traço
sinuoso.
O
talentoso
artista
cearense
destacou-se
pela
originalidade
de
seu
traço
e
pela
graciosidade
de
suas
criaturas.
Além
de
publicar
inúmeras
ilustrações
e
desenhar
capas
para
O
Tico-Tico,
criou
outros
personagens,
como
o
papagaio
Faísca,
o
detetive
Pinga-Fogo
e
a
negrinha
Maria
Fumaça.
O
professor
Waldomiro
Vergueiro
lembrou
muito
bem
que
“os
personagens
de
Luis
Sá
foram
também
muito
utilizados
em
publicidade;
aqueles
que
viveram
sua
infância
durante
a
década
de
60
podem
provavelmente
lembrar-se
desses
personagens
em
figurinhas
que
envolviam
os
chicletes”.
Lamparina
é outro personagem negro que teve origem nas páginas d´O Tico
Tico, criado em 1928 por J. Carlos. Personagem cômico-infantil,
Lamparina surgiu anônima e como mera figurante, na série “O
grande vôo do Bahu”. Lamparina, que muitos pensam ser um garoto, é
na verdade uma menina impúbere de cerca de 10 anos que, vinda de uma
ilha distante, integra-se oficialmente ao elenco de O Tico-Tico em 25
de abril de 1928. A concepção nos dias de hoje seria inadmissível.
Lamparina, por exemplo, "contava as travessuras de uma negrinha
do morro, sempre pregando peça nos adultos. Trabalhava numa linha
muito firme, que era a característica do trabalho de J. Carlos.
Lamparina é um dos pontos altos do quadrinho brasileiro"
(Cavalcanti, 1977).
Jerônimo,
o
Herói
do
Sertão foi o nome de
uma radionovela brasileira de bastante sucesso e que recebeu
adaptações para a televisão, cinema e histórias em quadrinhos.
Criada em 1953 por Moysés Weltman para a Rádio Nacional, bastante
influenciada pelo faroeste americano, a radionovela ficou 14 anos no
ar. Em 1957, Jerônimo ganhou uma revista em quadrinhos pela Rio
Gráfica Editora escrita pelo próprio Moysés Weltman e desenhada
por artistas como Edmundo Rodrigues e Flavio Colin. Foram 92 gibis
mensais e cinco almanaques especiais. O personagem era auxiliado pelo
Moleque Saci. O estereótipo antigo do negrinho
gente boa, valente e engraçado como ele só.
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