Valentim
é um dos mais originais e autênticos construtivistas brasileiros.
“Minha linguagem plástico-visual-signográfica está ligada aos
valores míticos profundos de uma cultura afro-brasileira
(mestiça-animista-fetichista). Com o peso da Bahia sobre mim - a
cultura vivenciada; com o sangue negro nas veias - o atavismo; com os
olhos abertos para o que se faz no mundo - a contemporaneidade;
criando os meus signos-símbolos procuro transformar em linguagem
visual o mundo encantado, mágico, provavelmente místico ao que flui
continuamente dentro de mim”, disse em uma de suas entrevistas.
“A
estilização de seus signos-fetiche do candomblé abriu seu espaço,
que, se a princípio era bidimensional foi-se a terceira dimensão,
como querendo respirar a sacralidade de um rito, a um só tempo
poético, sacro e agnóstico. Os deuses da mitologia afro-baiana -
Oxossi, Ogun, Xangô, Iansã, Iemanjá e Oxalá - ofereceram-lhe a
motivação para criar uma obra intuitivamente construtivista e
aparentemente abstrata, mas na verdade de fundo
místico/mítico/religioso, portanto sensorial e sensitiva.
A memória
cultural de sua raça, por isso mesmo, está tatuada na heráldica de
seus deuses plásticos, como foram marcados, no passado, a ferro em
brasa, seus irmãos negros nas senzalas”, escreveu o crítico de
arte, Alberto Beuttenmuller, em 1977.
Para o
crítico Frederico Morais, “às vezes é preciso calar: usar um
silêncio artifício, para dizer melhor e mais alto. Calar para que o
silêncio cante toda a extraordinária beleza da vida, para que se
possa ouvir este fio de água cantando, que vem das fontes
primitivas. Sabedoria. Às vezes é preciso eliminar a cor, como se
elimina o ruído, e chegar à dura pureza do branco. Luz. Contra o
caos, Rubem Valentim propõe o cosmos”.
Ele
morreu no dia 30 de dezembro de 1991, vítima de câncer, e os museus
prestaram homenagens a um dos principais nomes do construtivismo
brasileiro. Valentim morreu aos 69 anos sem concretizar seu projeto
maior, o de criar uma fundação - em Brasília ou São Paulo - para
abrigar sua obra, uma das raras no Brasil a merecer a atenção do
crítico italiano Giulio Carlo Argan. O ensaísta foi um dos
primeiros a observar que o uso dos negros do candomblé por Rubem
Valentim nada tinha de folclórico.
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