08 novembro 2012

O negro nas histórias em quadrinhos (04)

O quadrinista Laerte criou uma série com uma protagonista negra: Suriá, a Menina do Circo, criada para o suplemento infantil do jornal Folha de S.Paulo entre 1997 e 1998. Narra as aventuras de uma trapezista mirim às voltas com animais, reais e de fantasia, em seu cotidiano de circo.

Os pais de Suriá são malabaristas e a filha, que nasceu e vive dentro de um circo, também segue o mesmo caminho. Como a companhia está sempre em movimento, se apresentando em várias cidades, Suriá vive trocando de amigos e a convivência com os artistas e os animais do circo acaba sendo muito intensa.

Da mesma graça de cartunistas de Laerte, Angeli criou a adolescente negra Tantra, as voltas com conflitos emocionais dessa fase da vida mas não reflete questões de etnia ou preconceitos. Luke e Tantra são ligadas em som e retratam um universo de adolescentes da classe média paulistana. Uma delas é alta, magra e não tem bunda nem peito; a outra é bunduda e peituda, mas muito baixinha. Criaram uma webcam, em que jogam suas intimidades na rede e são vistas por gente dos quatro cantos do mundo.

Já a dupla Black Little Skots são dois rapazes negros que criam, propositalmente, situações em que o racismo e os estereótipos são explorados de forma provocativa.

No ano 2000 surge a menina Luana, criada por iniciativa de Aroldo Macedo, um dos criadores da revista Raça,voltado ao público negro. A personagem venceu como projeto voltado para crianças negras com intenção de lhes elevar a autoestima e combater o preconceito.

Garota simpática e ativa, Luana é praticante de capoeira, líder de uma turma de crianças que entre uma aventura e outra aborda temas da cultura afro brasileira. As histórias são roteirizadas por Dejair da Mata e desenhadas por Mingo de Souza.

No final de 2008 o baiano Flávio Luiz lança o álbum Au, o Capoeirista tendo um negro como protagonista. Humor e aventura de forma bem equilibrada, aborda vários elementos da cidade de Salvador como música e culinária. Exímio lutador, Au vale-se de sua astucia e inteligencia para solucionar os problemas. A história, ambientada em Salvador, é repleta de aventura, humor, consciência ecológica e mostra o cotidiano do capoeirista mirim Aú e seu inseparável amigo, o macaquinho Licuri.

O adolescente investiga o desaparecimento de uma garota francesa sequestrada no Pelourinho ao presenciar o início de um incêndio. A investigação do capoeirista Au o leva à ilha particular do misterioso Armando Confuzionni. A partir daí o leitor vai encontrar muita ação pelas ladeiras do Pelô e outros pontos da cidade, além de uma eletrizante perseguição de jetskis nas águas da Baía de Todos os Santos.
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