No século
XVIII a maioria dos instrumentos de cordas já havia atingido seu
apogeu. No século XIX os sopros ganharam seu formato atual. E foi
apenas nos últimos cem anos que o naipe de percussão se desenvolveu
plenamente. A percussão se tornou o grande signo da música do
século XX: além de enriquecê-la com ritmos e instrumentos
latino-americanos, africanos e orientais, ela estimulou a
incorporação da emancipação do ruído e da independência do
timbre nas poéticas contemporâneas.
Beat
ou stroki em inglês. Coup ou battement em
francês. Schlag em alemão. Colpo ou percussione
em italiano. Golpe em espanhol. Udárnye instruménty
em russo. Xincarigomes em banto e bituit na India. A
batida rítmica é primordial.
Em 2011 a
linguagem universal dos tambores ganhou ainda mais voz no Carnaval de
Salvador. A percussão foi escolhida como tema da folia momesca, e os
mestres e percussionistas da Bahia estiveram no centro dos holofotes.
Dos templos budistas aos atabaques das religiões de matriz africana,
a percussão se fez presente. Na capital baiana, a genialidade dos
mestres criou até escolas diferenciadas, conhecidas como “a batida
do Olodum” ou “o toque do Ilê Aiyê”.
LINGUAGEM
A
linguagem percussiva popular durante muito tempo foi transmitida de
mestres para discípulos por meio da observação e audição. Foi
dessa maneira que muitos percussionistas reconhecidos
internacionalmente aprenderam e continuam a repassar os seus
conhecimentos. É o caso de Memeu, mestre de percussão do Olodum,
que aprendeu os elementos e as bases rítmicas com Neguinho do
Samba, o inventor do samba-reggae e fundador da Banda Didá, que
faleceu em 2009.
Ex-integrante
da Banda Mirim – trabalho social realizado há 27 anos pelo Olodum
– e desde 1996 no comando da ala percussiva, formada por 100
percussionistas durante o Carnaval, mestre Memeu conta que aprendeu
os ensinamentos do samba-reggae, ritmo-base do grupo, por meio da
sensibilização, percepção e prática musical. “No meu tempo não
tinha partitura. Tínhamos que memorizar as batidas, distingui-las e
daí sair para a rua e pôr em prática tudo o que ouvíamos”,
relata Memeu.
As noções
de leitura rítmica e de dinâmica eram aprendidas sem nenhuma base
teórica, mas nem por isso a percussão deixou de possuir recursos e
riquezas com características próprias. “A percussão está na
música baiana em geral, e não só no Carnaval. Ela é a base, dá o
ritmo da música baiana. É muito importante o reconhecimento dessa
linguagem”, ressalta o coordenador do Núcleo de Percussão da
Ufba, Jorge Sacramento.
CENTRAL
A
percussão é um elemento central da vida de Salvador, é a expressão
do cotidiano de um povo. O samba reggae foi o movimento de criação
musical que valorizou o tambor e o trabalho do percussionista. O trio
elétrico mudou completamente a estética da produção musical
carnavalesca. O samba reggae também transforma a maneira de se fazer
música, de se fazer carnaval. A percussão é a base da MPB, é o
elemento que vai dialogar com a música europeia. A percussão dá o
ritmo da música baiana.
A Bahia é
um berço de grandes percussionistas. O talento e a criatividade de
vários deles acabaram por criar ritmos com marcas características
que se tornaram verdadeiras escolas.
Fia
Luna - Atuou entre os anos 1960 e 1970. Seu toque
entra influencia do candomblé. É considerado referência para
várias gerações.
Pintado
de Bongó - Contemporâneo de Fia
Luna, foi quem introduziu Carlinhos Brown no universo da música.
Prego
do Pelourinho, importante para a história
do bloco Olodum. Mestre Prego participou da formação de importantes
grupos de percussão do estado da Bahia, como Ilê Ayê e Olodum. Ele
foi professor de Neguinho do Samba, criador da escola de percussão
Olodum e do samba reggae.
Nelson
Maleiro - Conhecido como Gigante do
Bagda, foi criador do bloco Cavaleiros de Bagda (1959). Ele inovou a
estética do Carnaval baiano com seus instrumentos percussivos. Foi o
primeiro negro a protagonizar uma propaganda comercial ao vivo na TV
Itapoan. Um agitador cultural
Cacau
do Pandeiro – Mestre do instrumento que, de tão seu, virou
predicado, sobrenome, Grande parte dos músicos baianos ligados à
percussão foram alunos dele. Ele é uma das raízes da árvore
genealógica da percussão baiana.
Filhos
de Gandhy (19048) - Tem como
principal influência sonora o instrumento gã, que dá a direção
do ijexá, o seu ritmo.
Ilê
Aiyê (1974)- A batida inconfundível do bloco,
criada pelo mestre Bafo, em 1975, foi herdado do candomblé, de forma
discreta e a mistura do samba duro com ijexá.
Olodum
(1979) - Carlinhos Realce, primeiro mestre de percussão do bloco
afro, aliou características percussivas ao gingado de danças. A
grande influência do bloco é Neguinho do Samba e seu samba reggae
que misturou o reggae jamaicano com o ritmo das escolas de samba que
chegaram a Salvador no final da década de 1960.
Okambí
(1982) – Comandado por Jorjão Bafafá, o bloco afro surgiu com
a influência do ritmo ijexá.
Didá
(1993). Criado por Neguinho do Samba, trouxe a sonoridade do feminino
na percussão e a batida ritmica do samba reggae.
Timbalada
(1993) Criada por Carlinhos Brown, discípulo do mestre Pintado
do Bongô, o bloco possui um ritmo mais eclético nascido da batida
do samba reggae, mas com a novidade da introdução dos timbaus.
Okambí
(1997) O bloco mudou de estilo e passou a adotar como ritmo a mistura
da salsa latina com a batida das escolas de samba. Criou o ritmo afro
cubano.
Carlinhos
Brown - Cantor, compositor, produtor, arranjador,
pesquisador ou incentivador musical. Fiundou no fim dos anos 80 a
banda Timbalada que adotou um novo instrumento musical: o timbau.
Criou a Associação Pracatum Ação Socia, os grupos Pracatum,
Ebanóises e Hip Hop Roots
Wilson
Café – Está
com o
espetáculo Poesia
e Ritmo,
projeto que
mistura elementos
do clássico
e do
popular, tendo
a percussão
como mola
mestra. Ele
mantem o
projeto Cocoblackdance,
um trabalho
de percussão
e DJ
que foi
apresentado em
trio elétrico
no Carnaval
de 2010,
e acontece
à frente
da Escola
de Educação
Percussiva Integral,
uma ONG
que ele
mantêm há
dez anos
no Cabulo
II e
que trabalha
com 150
adolescentes.
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4 comentários:
NA FOTO AI NÃO É MEU PAI MESTRE PINTADO E NELSON MALEIRO MEU PAI APARESE COM O SR
,VALDEZ E CARLINHO
Faltou citarem Mestre Jackson e Jair Lactomia
Fia Luna , Lourenço dos Santos ,filho de Valença , foi realmente quem trouxe para as ruas o ritmo contagiante do candomblé . Ritmo este que via suas mágicas mãos fazia a alegria do povão nas festas de largo , com destaque na famosa Barraca de Juvená que tinha sempre ao lado a também famosa Barraca de Guanabara.
Fia Luna era massagista da FUBE , Federação Universitária Bahiana de Esportes . Nos anuais jogos universitários brasileiros , Fia Luna viajava com a delegação baiana e protagonizava com seus batuques,momentos inesquecíveis de deleite , principalmente no desfile da delegação da Bahia que sempre entrava com Fia Luna tocando seu timbau. Nos alojamentos das delegações ele fazia o maior sucesso , era disputado pra tê-lo levando o seu som . Assim tornou-se conhecido por este Brasil muito antes de integrar a Timbalada de seu aluno e fã Carlinhos Brown. A Bahia deve a Fia Luna um documentário sobre sua vida nos moldes que fez para o grande Riachão. Fia Luna também amava o futebol , assim treinava no Vale do Canela time de meninos pobres da redondeza , treinos estes assistidos pela galera universitária que dava muita risada com o palavreado de Fia Luna , sempre recheado de termos do candomblé . Foi técnico do famoso Universo do Garcia, time amador de adultos do referido bairro , cujo goleiro era Iberê, que depois tornou-se goleiro do Ipiranga e Esporte Clube Vitória e hoje é médico deste clube .
Seria uma boa homenagem a Fia Luna uma estátua sua tocando timbau ali na Conceição da Praia, pois foi , sem dúvida nenhuma , o maior animador de Festas de Largo da Bahia .
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