“Caetano
Veloso é, certamente, uma das mais 'inexplicáveis' personalidades
brasileiras. Não apenas por ser um artista polêmico e camaleônico,
cuja força sempre esteve na capacidade de escapar às classificações
e desautomatizar chaves convencionais de interpretação, mas também
por se tratar de alguém que não cansou de se auto explicar ao longo
dos seus quarenta nos de vida artística (iniciada em 1965), a ponto
de parecer esgotar tudo o que de novo se poderia dizer a seu
respeito. Ao mesmo tempo, continua a atrair para si a atenção de um
público imenso – dentro e fora do país -, mantendo-se como um
foco de controvérsias a exigir sempre novas explicações. Quer
dizer: a 'explicação', aqui, não e dispensável ou redundante. Na
verdade, ao atacar a autonomia formal da canção, incluindo uma
série de elementos no seu interior – encenação, ruídos,
referências visuais, cultura de consumo -, o tropicalismo deu ao
discurso conceitual um papel construtivo, transformando a música
brasileira em um campo de cruzamento onde as coisas estão todas
postas em estado de explicação”, escreveu o arquiteto e ensaista
Guilherme Wisnik no livro Caetano Veloso. Folha Explica, 2005.
Nos anos
70 compôs músicas de sucesso como Tigresa, Odara, Leãozinho e
Sampa.
Nos anos
1980, Caetano Veloso continuou gravando e produzindo discos, como
"Outras Palavras", "Cores, Nomes", "Uns"
e "Velô". Em 1986, comandou, ao lado de Chico Buarque, o
programa de televisão "Chico & Caetano", onde cantavam
e recebiam convidados.
Nos anos
1990, voltou a fazer sucesso com o disco "Circuladô", cuja
faixa-título era baseada num poema de Haroldo de Campos. Logo em
seguida, "Tropicália 2" refez a parceria entre Caetano e
Gil.
“...Caetano
Emmanuel Viana Telles Veloso é o mais imaginativo, versátil e
polêmico poeta-compositor no Brasil contemporâneo. Apesar deste
compositor der talento versátil conhecer bem as tradições musicais
populares, o que mais distingue sua carreira é a experimentação, a
inovação e a adaptação criativa de diversos modelos
musico-poéticos, muitos deles estrangeiro (…). As primeiras
ambições musicais de Caetano ligam-se a objetivos poéticos.
Referindo-se ao seus primeiros anos de compositor, ele revela: 'De
minha parte, tentava fazer uma poesia como a de Lorca, partindo dos
samba de roda de Santo Amaro, tratando-as à maneira de Caymmi,
revisto por João Gilberto'. Estas intenções iniciais se expandem
quando, em 1965, o jovem compositor se muda para São Paulo e começa
a discutir ativamente a expressão musical justamente com outros
artistas que estavam surgindo”, escreveu o professor Charles A.
Perrone no livro Letras e Letras da MPB (Elo Editora, 1988).
Em 1997,
saiu o primeiro livro de Caetano, "Verdade Tropical"
(Editora Companhia das Letras), um relato pessoal sobre sua visão de
mundo. Seu disco "Livro", de 1998, ganhou o prêmio Grammy
em 2000, na categoria World Music. Em 2002, Caetano publicaria outro
livro sobre a Tropicália: Tropicália – uma história de música e
revolução no Brasil.
Caetano é um sebastianista joãogilbertiano
“Caetano
é polêmico, como todos os que retiram da palavra o fundamento
estruturador de existências radicais. É importante, como os
que escapam do senso comum e investem na afirmação do direito à
diferença. Caetano, a cada passo, se realimenta o impulso
revitalizador (e sempre atual) que o projeta como liderança natural,
consciente e responsável, não se deixando capturar como produto
massificado e manipulado. Sem a arrogância dos impostores, tem
oferecido, ao longo de quase três décadas, criações que o tornam,
simultaneamente, um poeta planetário e brasileiro. Raros são os que
conseguem, de fato, harmonizar angulações diversas”, escreveu Ivo
Lucchesi e Gilda Korff Dieguez no livro Caetano. Por que não/ Uma
viagem entre a aurora e a sombra (Leviatã Publicações, 1993).
Ainda na
apresentação da extensa obra (400 páginas), eles concluem: “Ser
Caetano hoje, portanto, em meio à grandeza de tantos contemporâneos,
é tarefa para quem soube ir fundo, retornar à superfície e, por
fim, poder dizer: eu sou eu e minha vontade; eu sou os outros na
minha verdade. Afinal, um ser-palavra que fundou uma dicção e se
move na contradi (c) ção, ocupando a interdi (c) ção dos tempos
brasileiros”.
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Um comentário:
Mestre Gutemberg, é sempre bom ler seus textos. Parabéns a Caetano e a você. Um forte abraço!
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