Amanhã,
sete de agosto é dia de São Caetano. Nesse dia, no ano de 1942
nasceu o quinto filho de Zezinho e Canô, em Santo Amaro. Com 70
anos, Caetano Veloso é um artista antenado e vem se tornando, cada
vez mais, uma espécie de guru da nova geração da música
brasileira. Sua relação com jovens é de diálogo, troca de
influências. Para o jornalista Pedro Alexandre Sanches, autor do
livro “Tropicalismo: Decadência Bonita do Samba”, de tempos em
tempos Caetano lança um álbum revolucionário, em que incorpora o
que há de mais moderno na música de sua época. Foi assim com
Tropicália, de 1969, Transa, de 1972,
Velô, de 1984, e Estrangeiro, de 1989. Depois, o
artista lançou vários álbuns em que atuava apenas como intérprete
ou compunha de acordo com o estilo que o consagrou. O retorno
triunfal ao mundo das reviravoltas musicais foi justamente com o
álbum Cê, de 2006, sua quinta revolução e que é
justamente o marco inicial da fase que Caetano vive hoje
Caetano
Veloso é um incansável inventor de arte, buscando o intangível e o
inatingível, retirando sons, gestos e palavras do mais árido
território, capaz de traduzir o concreto, a dor, um jeito, uma
paisagem ou pessoa na mais variada e sutil percepção da existência.
Revolucionário em sua poesia nos presenteia com fraseados sonoros
que movem nossa alma fazendo-nos vibrar - e consegue mostrar a
importância não somente de estarmos vivos como também de que
podemos/devemos fazer pela vida.
Caetano
nos toca sutilmente com a arte de parâmetros próprios, renovando a
linguagem artística, musicando poesias concretas, poetizando sons de
timbres desconexos e criando a estética musical. Ele é a "mais
completa tradução" da transformação, de tempo e espaço.
Ele
trazia a marca de sua individualidade, de seu modo de ser ao mundo,
realçando dimensões de uma expressão pessoal corajosa e engajada.
Foucaultianamente ele foge dos discursos padronizados e se permite
comungar com a aspereza nietzschiana e peregrina. Sua obra é aberta:
“onde queres o ato eu sou espírito/E onde queres ternura eu sou
tesão”.
“Um dos
primeiros desejos de Caetano foi ser artista plástico. Se vivêssemos
n melhor dos mundos, ele teria sido – e continuaria sendo – um
grande pintor (provavelmente marcado pelo expressionismo abstrato),
sem excluir a música de seu horizonte artístico; quem sabe, nem o
cinema, outra paixão juvenil. Como não vivemos no melhor dos
mundos, temos de nos contentar com o Caetano que acabou vingando: o
músico. Quem ninguém lamenta as voltas que o destino deu: o Caetano
músico é muito mais do que todos nós, sem exceção,. Merecemos”,
escreveu o jornalista e crítico de cinema Sérgio Augusto na edição
de colecionador das revista Contigo! Biografia em 2004.
Ele
começou a cantar e tocar violão em Salvador, aonde foi estudar, ao
lado da irmã Maria Bethânia. Nos anos 60, conheceu Gilberto Gil,
Gal Costa e Tom Zé, e juntos começaram a fazer shows. Em 1965,
Maria Bethânia foi chamada para substituir Nara Leão no espetáculo
"Opinião", no Rio de Janeiro, e levou Caetano para
acompanhá-la. No mesmo ano, ele foi convidado a gravar o seu
primeiro compacto, com "Cavaleiro" e "Samba em Paz".
Em 1967, gravou o primeiro LP, "Domingo", com Gal Costa. O
disco "Tropicália", ao lado de Gil, Gal, Tom Zé, Torquato
Neto, Rogério Duprat, Capinam, e Nara Leão, marcou o início do
movimento tropicalista.
Desde o
início da carreira, o artista nunca fez questão de esconder sua
posição política. Por sua participação na criação do
Tropicalismo, um movimento considerado subversivo no Brasil da
ditadura, teve algumas músicas censuradas ou simplesmente banidas no
ápice do regime militar. Ficou em quarto lugar no 3o Festival de
Música Popular Brasileira com a música “Alegria, Alegria”, mas,
em dezembro de 1968, após realizar um cena marcante no Festival
Internacional da Canção com o “É Proibido Proibir”, foi preso
com Gilberto Gil. Os dois eram acusados de desrespeitar o hino e a
bandeira nacional. Libertados em fevereiro de 1969, seguiram para
Salvador onde ficaram confinados. No mesmo ano, após dois shows de
despedida no Teatro Castro Alves, partiram para o exílio na
Inglaterra. O espetáculo, precariamente gravado, resultou no disco
“Barra 69”.
Em 1969,
depois de ser preso pela ditadura militar, Caetano partiu para o
exílio na Inglaterra, onde lançou discos e compôs canções como
"London, London" e "Como Dois e Dois". Retornou
ao Brasil em 1972 e fez shows em várias cidades. Nos anos seguintes,
começou a atuar também como produtor. Sua volta ao Brasil gerou
polêmica: a esquerda o acusava de ter se alienado da política.
Caetano, por sua vez, dava respostas irônicas ou debochadas.
Em 1976
Caetano, Gal, Gil e Bethânia novamente se uniram e formam o grupo
Doces Bárbaros, que gravou um LP e saiu em turnê. Embora o álbum
seja hoje considerado uma de suas grandes produções, o trabalho
recebeu duras críticas na época (as conhecidas patrulhas
ideológicas). O músico também deu continuidade ao movimento
tropicalista que surgia soa a influência de correntes artísticas de
vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira. Depois, Caetano
lançou um compacto simples com as músicas carnavalescas "Piaba"
e "A filha da Chiquita Bacana".
------------------------------------------
Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura
do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau
Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em
frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28,
Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro
Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)
Nenhum comentário:
Postar um comentário