13 agosto 2012

Centenário de Jorge Amado (2)

Na década de 70 são publicados Teresa Batista Cansada de Guerra, O Gasto Malhado e a Andorinha Sinhá (infanto juvenil), Tieta do Agreste e Farda Fardão Camisola de Dormir. Nos anos 80, O Menino Grapiuna (memórias), A Bola e o Goleiro (infantil). Tocaia Grande, O Sumiço da Santa, Navegação de Cabotagem, A Descoberta da América pelos Turcos e O Milagre dos Pássaros (este último, fábula). Imortal da Academia Brasileira de Letras, em 1994, o escritor recebeu o prêmio Camões, o Nobel da Língua Portuguesa.

O romance Gabriela Cravo e Canela foi o retorno de Jorge Amado ao chamado ciclo do cacau, após várias publicações políticas. Descrevendo a Ilhéus da década de 1920, o livro conta a história da bela cozinheira sergipana que se envolve com o sírio Nacib, dono do bar Vesúvio. Seu sucesso foi tamanho que, no ano de seu lançamento, chegou à sexta edição. A obra foi adaptada em duas telenovelas, um filme, espetáculo de dança, quadrinhos e fotonovela.

Ex-militante comunista, possui vários títulos e postos no candomblé. Membro da Academia Brasileira de Letras e reverenciado como o ficcionista mais lido do Brasil, Jorge Amado inaugurou o realismo mágico na América Latina dez anos antes que o colombiano Gabriel Garcia Marques. A construção literária do mundo mágico de seus romances deve-se à linguagem com que pintou a Bahia, neobarroca, sua aldeia. É o romancista que pinta o Brasil nas cores que os estrangeiros querem ver: fortes, sensuais, tropicais. E ele não é apenas o mais popular dos escritores brasileiros, cimo um dos mais traduzidos da língua portuguesa.

Vários de seus livros estão adaptados para o cinema, teatro, televisão, rádio, quadrinhos e musicados. No dia 07 de março de 1987 foi inaugurado, sob a proteção de Exu, guardião dos caminhos da cidade, a Fundação Casa de Jorge Amado, no Centro Histórico. A Casa funciona como ponto de convergência dos artistas baianos. Em um artigo escrito no jornal A Tarde (21/08/2010) o professor emérito da Ufba, Germano Tabacof escreveu:

“Presidente que fui da Fundação Casa de Jorge Amado, por 15 anos, sou testemunha junto com outros companheiros das dificuldades, tropeços, mas sempre das vitórias e acertos para se chegar hoje a uma consolidada instituição no estudo e preservação da obra de Jorge Amado. Somos uma verdadeira casa de letras e uma oficina de palavras, valorizando a pluralidade cultural brasileira. Temos o reconhecimento do povo baiano, que o amado Jorge tão bem conhecia em sua graça, picardia e faceirice, esse povo bom, ruidoso, acolhedor, festeiro e musical, povo que pode estar sem dinheiro, mas não deixa de ser fidalgo, sempre com riso e melodia nos lábios”.

Verdadeiro tradutor da identidade do povo brasileiro. O número de leitores da obra de Jorge Amado corresponde à capacidade de fazer o Brasil se reconhecer em seus personagens e, neles, nada é somente o que parece ser, embora possa ser também o que parece. Essa dualidade é mostrada na obra Dona Flor que tem dois maridos; Gabriela, que casa sem casar; Quincas Berro d'Água, que tem duas mortes; nos santos que têm altares e terreiros; no padrinho de um batismo que pode ser o mesmo padre; e na benfeitora do Agreste que pode ser justamente a execrada daquela comunidade.

Em quase todos os personagens são percebidos irreverência, romantismo, sensualidade, e, por meio deles, Amado consegue tratar sobre diversos assuntos, do erotismo às questões sociais e políticas.

Em “Navegação de Cabotagem. Apontamentos para um Livro de Memórias que Jamais Escreverei”, Jorge Amado relembra uma conversa que teve com o amigo gaúcho, Érico Veríssimo a respeito do sucesso que ambos tinham e a má vontade da crítica em relação a eles. A recordação evocada pelo baiano se completa com um comentário: 'Certos críticos nunca nos perdoaram por termos um vasto público leitor; eles sempre zombaram de nos durante toda a nossa vida'. Amado sempre encontrou resistência dos intelectuais. Foi alvo de uma crítica equivocada e preconceituosa. A leitura prazerosa de Jorge Amado conquistou milhões de leitores mundo afora.

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