Na década
de 70 são publicados Teresa Batista Cansada de Guerra, O Gasto
Malhado e a Andorinha Sinhá (infanto juvenil), Tieta do Agreste e
Farda Fardão Camisola de Dormir. Nos anos 80, O Menino Grapiuna
(memórias), A Bola e o Goleiro (infantil). Tocaia Grande, O Sumiço
da Santa, Navegação de Cabotagem, A Descoberta da América pelos
Turcos e O Milagre dos Pássaros (este último, fábula). Imortal
da Academia Brasileira de Letras, em 1994, o escritor recebeu o
prêmio Camões, o Nobel da Língua Portuguesa.
O romance
Gabriela Cravo e Canela foi o retorno de Jorge Amado ao chamado ciclo
do cacau, após várias publicações políticas. Descrevendo a
Ilhéus da década de 1920, o livro conta a história da bela
cozinheira sergipana que se envolve com o sírio Nacib, dono do bar
Vesúvio. Seu sucesso foi tamanho que, no ano de seu lançamento,
chegou à sexta edição. A obra foi adaptada em duas telenovelas, um
filme, espetáculo de dança, quadrinhos e fotonovela.
Ex-militante
comunista, possui vários títulos e postos no candomblé. Membro da
Academia Brasileira de Letras e reverenciado como o ficcionista mais
lido do Brasil, Jorge Amado inaugurou o realismo mágico na América
Latina dez anos antes que o colombiano Gabriel Garcia Marques. A
construção literária do mundo mágico de seus romances deve-se à
linguagem com que pintou a Bahia, neobarroca, sua aldeia. É o
romancista que pinta o Brasil nas cores que os estrangeiros querem
ver: fortes, sensuais, tropicais. E ele não é apenas o mais popular
dos escritores brasileiros, cimo um dos mais traduzidos da língua
portuguesa.
Vários
de seus livros estão adaptados para o cinema, teatro, televisão,
rádio, quadrinhos e musicados. No dia 07 de março de 1987 foi
inaugurado, sob a proteção de Exu, guardião dos caminhos da
cidade, a Fundação Casa de Jorge Amado, no Centro Histórico. A
Casa funciona como ponto de convergência dos artistas baianos. Em um
artigo escrito no jornal A Tarde (21/08/2010) o professor emérito da
Ufba, Germano Tabacof escreveu:
“Presidente
que fui da Fundação Casa de Jorge Amado, por 15 anos, sou
testemunha junto com outros companheiros das dificuldades, tropeços,
mas sempre das vitórias e acertos para se chegar hoje a uma
consolidada instituição no estudo e preservação da obra de Jorge
Amado. Somos uma verdadeira casa de letras e uma oficina de palavras,
valorizando a pluralidade cultural brasileira. Temos o reconhecimento
do povo baiano, que o amado Jorge tão bem conhecia em sua graça,
picardia e faceirice, esse povo bom, ruidoso, acolhedor, festeiro e
musical, povo que pode estar sem dinheiro, mas não deixa de ser
fidalgo, sempre com riso e melodia nos lábios”.
Verdadeiro
tradutor da identidade do povo brasileiro. O número de leitores da
obra de Jorge Amado corresponde à capacidade de fazer o Brasil se
reconhecer em seus personagens e, neles, nada é somente o que
parece ser, embora possa ser também o que parece. Essa dualidade é
mostrada na obra Dona Flor que tem dois maridos; Gabriela, que casa
sem casar; Quincas Berro d'Água, que tem duas mortes; nos santos que
têm altares e terreiros; no padrinho de um batismo que pode ser o
mesmo padre; e na benfeitora do Agreste que pode ser justamente a
execrada daquela comunidade.
Em quase
todos os personagens são percebidos irreverência, romantismo,
sensualidade, e, por meio deles, Amado consegue tratar sobre diversos
assuntos, do erotismo às questões sociais e políticas.
Em
“Navegação de Cabotagem. Apontamentos para um Livro de Memórias
que Jamais Escreverei”, Jorge Amado relembra uma conversa que teve
com o amigo gaúcho, Érico Veríssimo a respeito do sucesso que
ambos tinham e a má vontade da crítica em relação a eles. A
recordação evocada pelo baiano se completa com um comentário:
'Certos críticos nunca nos perdoaram por termos um vasto público
leitor; eles sempre zombaram de nos durante toda a nossa vida'. Amado
sempre encontrou resistência dos intelectuais. Foi alvo de uma
crítica equivocada e preconceituosa. A leitura prazerosa de Jorge
Amado conquistou milhões de leitores mundo afora.
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nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
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