Uma
característica importante dos movimentos Beat e
Hip é que seus ideólogos tem formação universitária, sendo
mesmo que Ferlinghelti é doutor pela Sorbonne. Fermentado pelos
intelectuais do underground, estes movimentos são divulgados,
estimulados e incorporados pela máquina infernal de propaganda, num
trabalho internacional de condicionamento operante de aprendizagem do
consumo rápido.
Aí foi o
tempo das contestações, dos tédios, dos new James Dean. Os jovens
tornaram-se agressivos niilista dopado (em que se apoiar e acreditar,
se a realidade era brutal e hostil?). Foi o auge do barulho e do sex
appeal, de violência e do tumulto. Surgiu o acid rock, o head music
e também o heavy metal rock (o simplificado som pauleira). Nesta
repercussão do rock inclui em suas fileiras os Beatles, Stones, The
Who, Dylan, Hendrix, Joplin, Pink Floyd, Zeppelin e outros.
O
QUADRINHO COMO ARTE
Enquanto
no Brasil havia aquela atmosfera de preconceitos, muitos quadrinhos
foram rasgados, lidos às escondidas e tidos como subliteratura (os
discos de rock eram ouvidos baixinhos e escondidos dos pais). Na
França, estudiosos cuidavam dos aspectos artísticos e estéticos
das historietas. Eles acreditavam que os quadrinhos poderiam ser,
também e acima de tudo, obras de arte gráfica. Os italianos viam o
aspecto educacional e os americanos concluíram, finalmente, que o
escapismo, principal linha de força dos comics tradicionais,
precisava ser definitivamente substituída pelo realismo adaptado à
atualidade da época.
A
renovação americana traz nos anos 60 os heróis sofridos de Stan
Lee, os conflitos e crises existenciais. O Capitão América,
defensor número um da política americana, desolado, se pergunta se
os ideais por que lutou se justificariam. O Homem Aranha
protesta ao lado de estudantes contra a repressão policial e o
Quarteto Fantástico luta contra o poder econômico.
O pintor
pop Roy Lichtestein amplia a HQ até a dimensão da arte, seguido
pelos colegas Mell Ramos e Andy Warhol. É a Pop Art que
valoriza os quadrinhos. Abandonando o escapismo, as situações
falsamente reais, os quadrinhos humaniza seus personagens e aprimora
a qualidade artística dos desenhos até os menores detalhes. Seus
representantes máximos são os personagens Barbarella, de
Jean Claude Forest, onde a mulher se torna objeto erótico porque ela
é o erotismo personificado em mulher. Seguindo seus passos surge
Scarlet Drean de Robert Gigi e Claude Moliterny, a primeira
heroína de quadrinhos a ser violentada pelo vilão. Valentina,
do italiano Guido Crepax, revolucionou a técnica narrativa e os
enquadramentos.
Os
Fradinhos de Henfil, Vão Gogo de Millôr e Pererê
de Ziraldo tomam de assalto as páginas dos grandes jornais e
revistas. Maurício de Sousa aparece mais adiante com Mônica e
sua turma. O terror é o tema preferido dos quadrinhos
brasileiros. Ao mesmo tempo o francês Phillipe Druillet, e um
italiano Hugo Pratt, idealizavam Lone Sloane e Corto
Maltese. Sloane só poderia ser fruto de um hippie declarado como
Druillet: é um personagem abertamente humilde diante da beleza das
coisas, em permanente reflexão sobre o amor e a vida. Maltese, um
marinheiro do começo do século.
Roberto
Carlos, liderando o programa da TV Record, Jovem Guarda, é um líder
sem causa, no fundo, um jovem conservador. E os festivais da canção
são cada vez mais tumultuados. Inclusive aparece uma revista em
quadrinhos com as aventuras do rei e de toda a sua gang. A EBAL
publicou também com relativo sucesso The Mookees (na
revista Lançamento) enquanto outras editoras quadriniza as letras
das canções dos Beatles.
Nicolas
Devil lança HQ hippie: Saga de Xam. Sob o rótulo de ficção
científica e o pretexto de erotismo, Saga é uma obra ambiciosa que
arrasta, embrulhadas, ideias vulcânicas sob o racismo, a violência
e a não violência. Surge também as historietas underground de
Robert Crumb. O sucesso foi tão grande que em pouco tempo apareceram
outros desenhistas influenciados pelo realismo gráfico de Crumb e a
mesma temática de sempre: sangue jorrando aos borbotões de um
quadrinho para o outro enquanto os personagens se devoram entre si,
caracterizados por policiais, hippies, traficantes, prostitutas,
dirigentes políticos e até representantes do clero, todos
envolvidos em atividades sádicas e extravagantes, manifestando pelo
uso da violência e o desejo sexual reprimido.
------------------------------------------------------
Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do
nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau
Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em
frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28,
Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro
Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)
Nenhum comentário:
Postar um comentário