Maturana
e Varela mostram que a subjetividade (tanto quanto a objetividade), e
a qualidade (tanto quanto a quantidade), são na verdade
indispensáveis ao conhecimento e, portanto, à ciência.
Tudo isso
nos permite perceber que o amor ou, se não quisermos usar uma
palavra tão forte, a aceitação do outro junto a nós na
convivência, é o fundamento biológico do fenômeno social.
Sem amor,
sem aceitação do outro junto a nós, não há socialização, e sem
ela não há humanidade. Qualquer coisa que destrua ou limite a
aceitação do outro, desde a competição até a posse da verdade,
passando pela certeza ideológica, destrói ou limita o acontecimento
do fenômeno social.
Afirmamos
que, no âmago das dificuldades do homem atual, está seu
desconhecimento do conhecer. Não é o conhecimento, mas sim o
conhecimento do conhecimento, que cria o comprometimento. Não é
saber que a bomba mata e, sim, saber o que queremos fazer com ela que
determina se a faremos explodir ou não.
O
caminho da liberdade é a criação de circunstâncias que libertem
no ser social seus profundos impulsos de solidariedade para com
qualquer ser humano. Se pudéssemos recuperar para a sociedade humana
a natural confiança das crianças nos adultos, essa seria a maior
conquista da inteligência, operando no amor, jamais imaginada.
Em geral,
ignoramos ou fingimos desconhecer isso, para evitar a
responsabilidade que nos cabe em todos os nossos atos cotidianos, já
que todos esses - sem exceção - contribuem para o mundo em que
existimos e que validamos precisamente por meio deles, num processo
que configura o nosso porvir. Cegos diante dessa transcendência de
nossos atos, pretendemos que o mundo tenha um devir independente de
nós, que justifique nossa irresponsabilidade por eles. Confundimos a
imagem que buscamos projetar, o papel que representamos, com o ser
que verdadeiramente construímos no nosso viver cotidiano.
No livro
“A árvore do conhecimento”, Maturana e Varela consideram a vida
como sendo um processo contínuo de conhecimento, e como tal, é
necessário a compreensão dos mecanismos que o ser humano se utiliza
para conhecer o mundo. Para tanto, cada pessoa, de acordo com suas
experiências e vivencias, busca explicar o mundo tal qual o conhece,
o experimenta e o representa, gerando a partir disto as verdades de
cada um, o que os autores chamam de tentação da certeza, a qual
deve ser questionada e desconstruída.
A
espécie humana já chegou ao espaço, mas o seu interior, a sua
essência é desconhecida. Há um conhecimento submerso, por baixo da
racionalidade.
Se
utilizando da biologia, os autores procuram explicar os processos que
regem o conhecimento, advogando que o fenômeno do conhecer e seus
reflexos são resultantes da experiência cognitiva do ser humano, a
qual provém da evolução da estrutura biológica. E toda
experiência de certeza é um fenômeno individual, cego ao ato
cognitivo dos outros seres humanos, em uma solidão que é
transcendida somente no mundo criado com esses outros.
Por meio
do processo de reflexão, no qual o ser humano se volta sobre si
mesmo, é possível compreender a cegueira de cada um e reconhecer
que as certezas e os conhecimentos dos outros são igualmente tênues
e nebulosos.
Conhecer
é ação efetiva: Toda reflexão, todo ato de conhecer produz um
mundo, e é resumido pelo aforismo: todo fazer é conhecer e todo
conhecer é fazer. E tudo que é dito, é dito por alguém.
A
Globalização permite a todos que estejam conectados e se comuniquem
mas as convenções da tradição baseadas no preconceito, ao
desamor, a não aceitação do outro coloca barreiras nessa
comunicação
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