06 julho 2007

Música & Poesia

Fuxico (Dinho Oliveira, Gutenberg Vieira e Didi)

Me contaram,

Que o amor tem duas caras

Uma é bela e não separa

A outra é solta em multidão


Me falaram,

Que o amor tem dois sentidos

Um é heroi, o outro é bandido

Quando um diz sim, o outro diz não


Ele é sabiá cantando

Numa laranjeira em flôr

Ele é pedra de bodoque

Bate e vai deixando a dor


Me contaram,

Que o amor tem duas asas

Uma volta sempre pra casa

A outra vai sem direção


Me avisaram,

Que o amor são passarinhos

Um que mora em vários ninhos

O outro morre em solidão


Ele é sabiá cantando

Numa laranjeira em flôr

Ele é pedra de bodoque

Bate e vai deixando a dor


O amor, eu soube que tem dois lumes

Feito faca de dois gumes

É liberdade e é prisão

Porque o amor sempre ajeita

Um jeito diferente

De chegar bem juntinho da gente

E ficar falando ao coração:


Êh um, êh dois

Amor que vem

Amor que foi


Êh um, êh dois

Amor que vem

Amor que foi


Os Deuses de Hoje. Segundo soneto (Bruno Tolentino)


É preciso que a música aparente

no vaso harmonizado pelo oleiro

seja perfeitamente consistente

com o gesto interior, seu companheiro


e fazedor. O vaso encerra o cheiro

e os ritmos da terra e da semente

porque antes de ser forma foi primeiro

humildade de barro paciente.

Deus, que concebe o cântaro e o separa

da argila lentamente, foi fazendo

do meu aprendizado o Seu compêndio

de opacidades cada vez mais claras,

e com silêncios sempre mais esplêndidos

foi limando, aguçando o que escutara.

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