26 julho 2007

Década do yuppie e pós-moderno

Balanço do Século XX

A elegante boemia da belle époque deu brilho ao início do século XX. Na década de 10, começa a idade do jazz, blues e samba. A humanidade caminha rumo à modernidade na década de 20. A depressão tomou conta dos anos 30. O existencialismo é a filosofia que se tornou moda entre os jovens nos 40. O rock and roll e a bossa nova surgiram entre os alegre e ingênuos anos 50, com destaque para os ícones Marilyn Monroe, Marlon Brando, Elvis Presley e James Dean. O homem vai ao espaço e os jovens fazem a revolução dos costumes com os hippies em Woodstock e o psicodelismo na febre dos rebeldes anos 60. Os anos 70 foram definidos como a era da incerteza, do culto ao corpo e da explosão punk e reggae. O pós-modernismo chega na década dos anseios do yuppie, dos clones dos ícones como Michael Jackson, Madonna e Prince. É o marketing do passado reciclado. Os anos 90 surgem como a década do cyberpunk e dos computadores. Vale quem tem mais informações. É o balanço do século XX, um passado que continua presente nas recordações de muitos.

1980/1990: Uma década cool. O comportamento da era nuclear onde a individualidade é tudo, a auto-suficiência, o normal. Assistirá a filmes preto e branco classe Z também chamados de cult. Os computadores tornaram-se “objetos de desejo” e “máquinas de guerra” (a terminologia é de Deleuze-Gauttari). Oitenta foi a década dos anseios e das interpretações e pode ser definida por uma palavra: pós-moderno. Signo do vale-tudo da década, esse jargão funcionou como um abre-te sésamo para explicar qualquer coisa. E para caracterizar as inovações e o estilo de vida desses anos de paródia e marketing do passado reciclado. Compact discs, videoclip, videocassete, antena parabólica, fax, computador pessoal, TV a cabo, controle remoto.

Ícone-mor da era, Michael Jackson se projetou na galáxia do merchandising artístico. Thriller vendeu milhões de cópias, reis o condecoraram, magnatas o adularam, o público adorou. Foram os anos de ouro do sampler, scratch, acid house, trash – o ruído tecnológico substituiu os solos de guitarra. O rap (canto falado) saiu dos guetos para o mundo. Os 80 foram os anos da dança urbana – discoteca, forró, lambada, funk, break e samba. Word music. Em música, os ídolos planetários foram todos descartáveis, de fácil consumo: Madonna, Springsteen e U2. A década fecha sob o domínio de Prince.

Os anos 80 foram cinematograficamente marcados por dois movimentos – um em direção ao futuro, às fantasias espaciais (com a confirmação da supremacia de Steven Spielberg como o mago do cinema); outro, pela volta ao passado, e a reencenação da História (A Era do Rádio, de Woody Allen; Platoon, de Oliver Stones; Ragtime, de Milos Forman; Ginger e Fred, de Fellini; O Baile, Casanova e a Revolução, de Ettore Scola; Fanny e Alexander, de Bergman; Kagemusha e Ran, de Akira Kurosawa, entre outros). Na vertente do futuro, houve outros espetáculos, os cult movies Blade Runner, Alien, Uma Cilada para Roger Rabbit.

Uma das grandes stars dos 80, Jéssica Rabbit virou objeto de desejo, na era da Aids. Ela é um cartoon. Livres, agressivas, as mulheres irromperam, nos primórdios da década, determinadas a garantir seu espaço. Sônia Braga, Xuxa, Luma de Oliveira e Luiza Brunet se destacaram aqui e lá fora. Entre as estrangeiras, as personalidades mais notáveis, pelo charme e o talento, foram as atrizes americanas Sigourney Weawer e Kathleen Turner, as européias Natassia Kinski e Isabelle Adjani. Um inimigo microscópio, capaz de matar o homem em menos de um ano, mobilizou médicos de todo o mundo: o HIV, vírus da Aids. E não há qualquer droga capaz de destruí-lo ou impedir sua multiplicação em níveis não letais.

Fim do mito: perestroika derruba o maior símbolo da divisão do mundo – o muro de Berlim. Além da década da democracia, os anos 80 foram também a década do meio ambiente – da expansão planetária da consciência ecológica. Começando a perder o medo de ser negra, a Bahia atravessou a década no passo do Ilê Ayê e do Olodum, que ocuparam as ruas num rito de contagiante liberdade. Nos quadrinhos, os vilões ganharam projeção. Muitos desenhistas fixaram a loucura da década sob o signo das artes plásticas nas HQs. As graphic novels (edições de luxo das novelas gráficas) invadiram as livrarias, aumentando a média etária dos leitores. Ninguém mais diz que quadrinhos é coisa de criança.

Tom Wolfe é o autor de um dos dois grandes livros da década. Com A Fogueira das Vaidades ele declara que o Terceiro Mundo invadiu o Primeiro, se encontra entrincheirado nos guetos de NY à espera do grande momento para cruzar o abismo dentro da Big Apple, instaurando o domínio do caos. Tom fez companhia a Umberto Eco. O Pêndulo de Foucault prova que não se misturam impunemente as Palavras Sagradas do Livro da Vida e que a raça humana é capaz de acreditar em qualquer complô. É a época da filosofia yuppie. Luisa Lyon, a modelo favorita de Mapplethorpe, mostra a sexualidade forte, a naturalidade e os músculos bem marcados da mulher dos anos 80. Destaca-se também Jane Fonda, obcecada por ginástica e músculos. Na esteira do êxito de Rita Lee, o rock nacional ganha força e qualidade inéditas e consagra-se como o mais recente movimento a mudar o panorama da música brasileira.

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