16 julho 2007

Boemia elegante da belle époque

Balanço do Século XX

A elegante boemia da belle époque deu brilho ao início do século XX. Na década de 10, começa a idade do jazz, blues e samba. A humanidade caminha rumo à modernidade na década de 20. A depressão tomou conta dos anos 30. O existencialismo é a filosofia que se tornou moda entre os jovens nos 40. O rock and roll e a bossa nova surgiram entre os alegre e ingênuos anos 50, com destaque para os ícones Marilyn Monroe, Marlon Brando, Elvis Presley e James Dean. O homem vai ao espaço e os jovens fazem a revolução dos costumes com os hippies em Woodstock e o psicodelismo na febre dos rebeldes anos 60. Os anos 70 foram definidos como a era da incerteza, do culto ao corpo e da explosão punk e reggae. O pós-modernismo chega na década dos anseios do yuppie, dos clones dos ícones como Michael Jackson, Madonna e Prince. É o marketing do passado reciclado. Os anos 90 surgem como a década do cyberpunk e dos computadores. Vale quem tem mais informações. É o balanço do século XX, um passado que continua presente nas recordações de muitos.

1900-1910: o século começou com o brilho da Torre Eiffel. Viena deixou de ser a cidade do prazer elegante. Paris passou a ser a imagem da alegria, da beleza, da ciência, do saber e das artes. A Cidade-Luz. O estilo art nouveau estava nos adornos e em todas as artes. A pintura decorava as mansões urbanas. Na Europa, explodia o Fauvismo; Picasso lançava o cubismo (1907) e Marinetti divulgava seu Manifesto Futurista (1909), começando a revolucionar a pintura do século XX. Sarah Bernahardt e Eleonora Duse eram atrizes rivais, mas de estilos diferentes. Ibsen removia todo o artificial para mostrar o real em suas peças. Bernard Shaw inquietava as platéias, discutindo no palco muitos problemas do dia-a-dia.


Santos Dumont começava a voar. Meliês chegava à Lua graças ao cinema que logo tinha Max Linder como seu primeiro galã. Griffith fez seus primeiros filmes e o cinema passou a ser a nova arte. A partir de 1908, o cinema brasileiro atravessou uma verdadeira febre de produção. Os atores do cinema nacional eram, em sua maioria, recrutados no teatro ou no circo. Homem que se prezasse no Brasil era bem-falante. A oratória compunha a personalidade masculina do mesmo modo que o fraque, o chapéu-coco, o cravo na lapela e o soberbo bigode – tudo isso acompanhado, naturalmente, de um título de doutor. Escravas das convenções, a mulher tinha um horizonte reduzido. Sua atuação social se resumia às demonstrações de fé nas missas dominicais, de caridade, nas reuniões beneficentes, e de boa anfitriã, nos salões onde expunha seus dotes musicais. Sem direito a voto ou participação política, sobrava à mulher o papel de mãe e educadora, sua principal tarefa na sociedade patriarcal.

O baiano Ruy Barbosa era o mestre da oratória e defensor das grandes causas. Candidatou-se à Presidência da República, mas perdeu e declarou: “Fora da lei não há justiça”. Os jornais começavam a modernizar-se. Acompanhando a maré do progresso no Brasil, as pequenas oficinas de tipografia compravam máquinas e iam se tornando grandes empresas. Acompanhando as inovações técnicas das oficinas de impressão, foram aparecendo inúmeras revistas com fotografias, páginas coloridas, ilustrações e caricaturas. Caricaturistas de talento como Raul Pederneiras, K-Lixto e J.Carlos tornaram-se a principal atração de revistas humorísticas como Fon-Fon!, Careta, O Malho, entre outras. O Tico-Tico, com seus personagens de quadrinhos Reco Reco, Bolão e Azeitona, ganhou, imediatamente, a preferência do público infantil.

Machado de Assis, o maior escritor brasileiro, publicava sua obra intimista e perfeita, Dom Casmurro; Graça Aranha lançava o romance voltado para a questão dos imigrantes europeus, Canaã, e Euclides da Cunha entregou ao público Os sertões, colocando no centro da análise a rude humanidade do interior do Brasil. Com seus 2.667.729 habitantes em 1910, a Bahia era um dos estados mais populosos do Brasil. Por outro lado, Salvador, com seus 242.176 habitantes era, além de uma das maiores cidades do país, um de seus centros culturais mais importantes. Sede da primeira Faculdade de Medicina do Brasil (1808), passou a contar, a partir de 1901, com uma Faculdade de Direito, para a qual convergiam jovens de todos os estados, tornando-se uma das escolas de formação das novas elites.

Scott Joplin era o melhor compositor de ragtime, o ritmo da moda. Suas músicas tornaram indispensável a presença de um piano em cada casa. As toadas de violão, a modinha, o maxixe e a serenata eram a música do povo. Nos salões elegantes dançavam-se valsa e polca. Chiquinha Gonzaga escrevia músicas para o Carnaval das ruas. Ô Abre Alas é considerada a primeira marcha brasileira. Ethel Smythe compunha um hino para o movimento sufragista que as mulheres colocaram também nas ruas. E a moda feminina libertava-se dos espartilhos, anunciando uma nova desenvoltura de gestos para a década seguinte.

Nenhum comentário: