19 julho 2007

Depressão e sedução andam juntas


Balanço do Século XX

A elegante boemia da belle époque deu brilho ao início do século XX. Na década de 10, começa a idade do jazz, blues e samba. A humanidade caminha rumo à modernidade na década de 20. A depressão tomou conta dos anos 30. O existencialismo é a filosofia que se tornou moda entre os jovens nos 40. O rock and roll e a bossa nova surgiram entre os alegre e ingênuos anos 50, com destaque para os ícones Marilyn Monroe, Marlon Brando, Elvis Presley e James Dean. O homem vai ao espaço e os jovens fazem a revolução dos costumes com os hippies em Woodstock e o psicodelismo na febre dos rebeldes anos 60. Os anos 70 foram definidos como a era da incerteza, do culto ao corpo e da explosão punk e reggae. O pós-modernismo chega na década dos anseios do yuppie, dos clones dos ícones como Michael Jackson, Madonna e Prince. É o marketing do passado reciclado. Os anos 90 surgem como a década do cyberpunk e dos computadores. Vale quem tem mais informações. É o balanço do século XX, um passado que continua presente nas recordações de muitos.

1930/1940: A depressão é uma característica da década. Mas a elegância também é. Chanel, que já modificara a aparência feminina na década anterior, tem supremacia total nos primeiros anos: vestidos de renda, capa de borracha, bijuteria, calças de marinheiro, pulloven, col roule e o perfume Chanel nº5. Salvador Dali é a moda na pintura e deixa as pessoas estonteadas, numa exposição internacional de surrealismo, com um sofá vermelho em forma de lábios de mulher. Tornou-se a figura mais controvertida e polêmica do surrealismo. Joan Crawford inventa a mulher com ombros. Schiaparelli leva o surrealismo para a moda das mulheres: usa fibra suntéticas em seus trabalhos.

Marlene Dietrich e Greta Garbo seduzem platéias indefesas. Katharine Hepbum prova que há um outro tipo de beleza. Inventa-se a glamour-girl. Gary Cooper, Cary Grant e Clark Gable são os galãs das telas. Boris Karloff e Bela Lugosi são os monstros. O Código Hays bane a nudez das telas, cronometra os beijos e recolhe com um véu moralista os sonhos enlatados. Bing Crosby inventa um estímulo íntimo e romântico para a canção. Louis Armstrong e Duke Ellington fazem jazz e história. A música que o mundo quer é o swing. Paul Whiteman e Benny Goodman atendem a todos os pedidos. Fred Astaire e Ginger Rogers aderem ao swing em vários filmes musicais.

Carmen Miranda grava Taí e tem seu primeiro sucesso nacional. Mais tarde, embarca para os EUA e tem sucesso internacional que dura até hoje. Ela põe o mundo inteiro dançando samba, rumba e conga, tudo ao ritmo de seu chica-chica-bom e influencia a moda dos sapatos e turbantes. A década consagra o samba e a seresta interpretados por cantores de voz possante como Orlando Silva e Nélson Gonçalves. O rádio atinge todos os lares brasileiros. Araci de Almeida, que é chamada “Dama da Central” por viajar de trem (tinha medo de avião), e Dalva de Oliveira eram as estrelas. O carnaval foi um dos temas do primeiro filme nacional sonoro do cinema brasileiro: Coisas Nossas, realizado por Paulo Benedetti em 1930, com o Bando dos Tangarás. Essa foi a época de ouro da música de Carnaval.Compositores como Lamartine Babo, Noel Rosa e Ari Barroso criaram músicas eternas. Dorival Caymmi, Pixinguinha e Assis Valente são os destaques na música.

Artistas e pensadores começam a revisar a formação do povo brasileiro. O negro deixa de ser o simples “criado doméstico” de obras anteriores e assume proporções heróicas nos quadros de Portinari. Na literatura brasileira, os romancistas eram os que vinham do Norte/Nordeste, como Graciliano Ramos (Vidas Secas), José Lins do Rego (Menino do Engenho) e Jorge Amado (Jubiabá). Os poetas eram Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Mário Quintana. Patrícia Galvão (Pagu) também se destaca.

Autor de uma obra inteiramente vivida e ousada, Henry Miller foi proibido na Inglaterra e nos EUA. T.S.Eliot é poeta consagrado. O escritor Ernest Hemingway começa a se destacar. Surgem os quadrinhos de ficção científica, policial, guerra, faroeste: é o advento da HQ realista. Dirigido pelo baiano Adolfo Aizen, o Suplemento Juvenil do jornal A Nação (RJ) traz para o Brasil os heróis Flash Gordon, Jim das Selvas, Mandrake. Super-Homem e Batman. O nacionalismo chega ao nosso cinema; é a vez dos clássicos da literatura e da temática brasileira. O teatro dos anos 30 no Brasil era cheio de formalismo, no palco e na platéia. O panorama do teatro nacional: cenários suntuosos, revistas leves e digestivas e comédias ingênuas.

A participação política das mulheres se intensifica e elas se organizam para apoiar os movimentos como as revoluções de 30 e 32. Berta Maria Júlia Lutz se destaca na difícil luta pelo direito e emancipação da mulher na realidade brasileira. Em 1932, na Bahia, o artista José Guimarães promoveu a primeira exposição de pintura moderna de Salvador. Quarta maior cidade do Brasil em população (290.443 habitantes, em 1940), Salvador uniu a Cidade Alta e a Cidade Baixa, pelo Elevador Lacerda, inaugurado em 1930, numa estrutura de 72 metros de altura.

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