Embora o samba tenha passado a dominar como ritmo carnavalesco desde a sua criação, a marcha ou marcha-rancho continuou disputando a preferência popular nos festejos de momo. Popularidade crescente do ragtime e do jazz. Stravinski trouxe o modernismo para a música. A América tinha como namorada Mary Pickford. Rodolfo Valentino era o galã da moda. Ele, dançando, e Carlos Gardel, cantando, transformaram o tango numa mania de quase todos os continentes.
Paul Poiret mudou inteiramente a silhueta feminina, exigindo magreza para modelos de inspiração grega e persa. O cinema, as revistas e os novos padrões internacionais começaram a liberar o corpo feminino. Surgem reclames de soutiens e de remédios (como o “regulador” A Saúde da Mulher) e métodos para corrigir a postura dos seios. As saias sobem, sob as ordens de Paris. Para acompanhar as saias mais curtas, botas de cano alto, confeccionadas em camurça e em pano, com bicos e frisos de verniz. Na maquiagem usava-se anilina e pó-de-arroz. Nada nos lábios. Na dança, o sucesso era de Isadora Ducan e Nijinski.
Aos poucos, a mulher brasileira começou a romper o monopólio masculino de algumas profissões. Em meados da década, a advogada Mirtes Campos foi aceita no Instituto da Ordem dos Advogados, quebrando um tabu secular e provocando uma acirrada polêmica nos meios jurídicos. Outras pioneira: Anita Malfatti (pintora), Cecília Meireles (escritora), Maria José Rebelo (primeira diplomata) e Eugênia Brandão (primeira repórter).
O padrão do homem era o dandy: fraque, cartola, bengala e, logicamente, bigode. Acompanhando o acelerado crescimento urbano, a publicidade traz para o Brasil o modelo norte-americano: o dandy cede lugar ao sportsman – empresário, o homem que “sabe fazer carreira na vida”, ganha o gosto pelos esportes competitivos. Os dias de regatas se tornavam acontecimentos urbanos. O football já atraía a simpatia dos jovens de elite. Marcel Proust obrigava todo mundo a ler e a buscar o tempo perdido. James Joyce era o sucesso de escândalo com Retrato do Artista Quando Jovem. Esses mestres do novo romance atingiram alto grau de autoconsciência, característico da época.
Em 1919, Salvador é a terceira concentração urbana do País, com 262.699 habitantes. Nessa época, já está adiantada a modernização de seu porto, cujo movimento espelha a riqueza da região. São exportados fumo, mamona, sisal e cacau. Os sobradões coloniais ocupam grande parte do traçado da cidade, mas entre eles já começam a surgir suntuosos prédios de arquitetura neoclásica e eclética. Em 1919, inicia-se a construção do Teatro Municipal, na Praça Castro Alves, e do Cine Olympia, na Rua Dr.J.J.Seabra. Nos subúrbios, os terreiros de candomblé mantêm-se fiéis às tradições tribais. Mãe Menininha de Gantois nos anos 20, começava a ficar famosa.
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