17 julho 2007

Começo da idade do jazz e samba

Balanço do Século XX

A elegante boemia da belle époque deu brilho ao início do século XX. Na década de 10, começa a idade do jazz, blues e samba. A humanidade caminha rumo à modernidade na década de 20. A depressão tomou conta dos anos 30. O existencialismo é a filosofia que se tornou moda entre os jovens nos 40. O rock and roll e a bossa nova surgiram entre os alegre e ingênuos anos 50, com destaque para os ícones Marilyn Monroe, Marlon Brando, Elvis Presley e James Dean. O homem vai ao espaço e os jovens fazem a revolução dos costumes com os hippies em Woodstock e o psicodelismo na febre dos rebeldes anos 60. Os anos 70 foram definidos como a era da incerteza, do culto ao corpo e da explosão punk e reggae. O pós-modernismo chega na década dos anseios do yuppie, dos clones dos ícones como Michael Jackson, Madonna e Prince. É o marketing do passado reciclado. Os anos 90 surgem como a década do cyberpunk e dos computadores. Vale quem tem mais informações. É o balanço do século XX, um passado que continua presente nas recordações de muitos.


1910/1920: Houve uma guerra mundial. Seu fim foi o começo da idade do jazz. Bessie Smith cantava blues e o samba passou a existir no Brasil com toda aceitação. Donga foi o primeiro a gravar um samba: Pelo Telefone. E o Carnaval passou a dispor de um novo e fascinante ritmo, cuja trajetória é marcada por disputas de todo o tipo – muitas das quais acabaram por inspirar famosos sambas, como o Quem são Eles (de Sinhô), que originou respostas musicais por parte de Donga, Pixinguinha e seu irmão, o China (Já te Digo, Carnaval, de 1919).

Embora o samba tenha passado a dominar como ritmo carnavalesco desde a sua criação, a marcha ou marcha-rancho continuou disputando a preferência popular nos festejos de momo. Popularidade crescente do ragtime e do jazz. Stravinski trouxe o modernismo para a música. A América tinha como namorada Mary Pickford. Rodolfo Valentino era o galã da moda. Ele, dançando, e Carlos Gardel, cantando, transformaram o tango numa mania de quase todos os continentes.

Paul Poiret mudou inteiramente a silhueta feminina, exigindo magreza para modelos de inspiração grega e persa. O cinema, as revistas e os novos padrões internacionais começaram a liberar o corpo feminino. Surgem reclames de soutiens e de remédios (como o “regulador” A Saúde da Mulher) e métodos para corrigir a postura dos seios. As saias sobem, sob as ordens de Paris. Para acompanhar as saias mais curtas, botas de cano alto, confeccionadas em camurça e em pano, com bicos e frisos de verniz. Na maquiagem usava-se anilina e pó-de-arroz. Nada nos lábios. Na dança, o sucesso era de Isadora Ducan e Nijinski.

Aos poucos, a mulher brasileira começou a romper o monopólio masculino de algumas profissões. Em meados da década, a advogada Mirtes Campos foi aceita no Instituto da Ordem dos Advogados, quebrando um tabu secular e provocando uma acirrada polêmica nos meios jurídicos. Outras pioneira: Anita Malfatti (pintora), Cecília Meireles (escritora), Maria José Rebelo (primeira diplomata) e Eugênia Brandão (primeira repórter).

O padrão do homem era o dandy: fraque, cartola, bengala e, logicamente, bigode. Acompanhando o acelerado crescimento urbano, a publicidade traz para o Brasil o modelo norte-americano: o dandy cede lugar ao sportsman – empresário, o homem que “sabe fazer carreira na vida”, ganha o gosto pelos esportes competitivos. Os dias de regatas se tornavam acontecimentos urbanos. O football já atraía a simpatia dos jovens de elite. Marcel Proust obrigava todo mundo a ler e a buscar o tempo perdido. James Joyce era o sucesso de escândalo com Retrato do Artista Quando Jovem. Esses mestres do novo romance atingiram alto grau de autoconsciência, característico da época.

Em 1919, Salvador é a terceira concentração urbana do País, com 262.699 habitantes. Nessa época, já está adiantada a modernização de seu porto, cujo movimento espelha a riqueza da região. São exportados fumo, mamona, sisal e cacau. Os sobradões coloniais ocupam grande parte do traçado da cidade, mas entre eles já começam a surgir suntuosos prédios de arquitetura neoclásica e eclética. Em 1919, inicia-se a construção do Teatro Municipal, na Praça Castro Alves, e do Cine Olympia, na Rua Dr.J.J.Seabra. Nos subúrbios, os terreiros de candomblé mantêm-se fiéis às tradições tribais. Mãe Menininha de Gantois nos anos 20, começava a ficar famosa.

Nenhum comentário: