Arnaldo Angeli Filho nasceu em 31 de
agosto de 1956 na cidade de São Paulo e já aos 14 anos
publicou seu primeiro
desenho na extinta revista Senhor. Ele desenha desde criança. Na adolescência,
conhece o periódico O Pasquim e se interessa pelos cartuns de Millôr Fernandes,
Jaguar e Ziraldo. Confessa que começou copiando o trabalho desses desenhistas.
Na mesma época conhece quadrinistas como Robert Crumb, Wolinski (1934) e Jean
Marc Reiser (1941-1983), que o influenciam profundamente. Em 1973, inaugura o
espaço de charge política no jornal Folha de S. Paulo, em que permanece até
1982. Nesse intervalo colabora também com os periódicos Movimento, Versus e O
Pasquim. Em 1975, fica em segundo lugar no 2º Salão Internacional de Humor de
Piracicaba.
Em 1983, abandona a charge para se
dedicar às histórias em quadrinhos. Na Folha de S. Paulo, deixa
o caderno de
política e passa para a Ilustrada, caderno de cultura, em que publica tiras de
seus personagens ao lado de quadrinistas estrangeiros. Pouco depois, com o editor
Toninho Mendes, funda a Editora Circo, destinada a quadrinhos adultos,
sobretudo de autores brasileiros. Em 1984, a Circo lança o livro, Chiclete com
Banana, reunindo as tiras de Angeli com alguns tipos urbanos criados para o
jornal. O sucesso da publicação leva a editora a criar uma revista bimestral
homônima, e, o primeiro exemplar vai para as bancas em 1985.
Angeli cria tiras e histórias em
quadrinhos, com narrativas de situações tipicamente paulistanas, da boêmia e da
vida cotidiana. Surgem aí personagens como Tudoblue e Moçamba, Mara Tara, Wood
& Stock, Rê Bordosa, Bob Cuspe, Meia-Oito e Nanico, Bibelô e Os Skrotinhos.
Sua produção se afasta do tom politizado de suas charges e reencontra as
influências do underground das décadas de 1960 e 1970, com abordagem ácida à
crítica de costumes. Seu traço se torna mais sujo, aproximando-o de
quadrinistas como o francês Vuilleimin (1958).
Na década de 1980, publica, pela editora
Circo, a revista Chiclete com Banana, que lança novo
elenco de personagens de
sua autoria, como Walter Ego, Rigapov, Rhalah Rikota, Bibelô, Meiaoito e
Nanico, Ritchi Pareide, Aderbal e Os Skrotinhos. Com Laerte (1951) e Glauco
(1957-2010) cria a série Los Três Amigos, também publicada em Chiclete com
Banana. Em 1983, ilustra o livro da historiadora Lilia Moritz Schwartz,
República Vou Ver!.
Para a TV, Angeli produz esquetes e
roteiros, atuando junto às equipes dos programas TV Colosso e Sai de Baixo,
ambos da Rede Globo. Com base em seu trabalho, o diretor Otto Guerra lança, em
2006, o longa-metragem de animação Wood & Stock - Sexo, Orégano e Rock'n
Roll. Em 2008, é um dos homenageados no 1º Festival Internacional de Humor do
Rio de Janeiro, que apresenta Angeli/Genial, uma mostra retrospectiva da
produção do cartunista.
Também nesse ano, é lançado o
curta-metragem de animação Dossiê Rê Bordosa, dirigido por César Cabral e
baseado na personagem criada por Angeli. Seus desenhos estão incluídos na
Enciclopédia del Humor Latino Americano, da Colômbia, na Antologia de Humor
Brasileiro e no Museu do Cartum e Caricatura de Basiléia, Suíça. Atualmente,
desenha para a Folha de S. Paulo e para o seu site no portal Universo On-line,
com destaque para as tiras Let´s Talk About Sex, Luke e Tantra e, na
"net-novela" A Morta Viva, Rê Bordosa.
“Implodiu”, para usar a expressão de Ruy
Castro em referência ao modo como Angeli desconstrói o discurso dos
personagens: uma corrosão que parte de dentro. O homem que “suicidou” seu maior
sucesso: a doidona Rê Bordosa, não tem o mínimo pudor em armar para que seus
personagens direcionem ranzinzice, mediocridade, raiva e loucura contra si
mesmos.
Foi assim com Os Skrotinhos, com Bob Cuspe, com Meia-Oito, com Bibelô, para citar somente alguns dos inúmeros anti-heróis criados pelo mais iconoclasta dos cartunistas brasileiros. Ao pressentir que determinado tema atinge seu ponto de saturação, ele simplesmente passa uma borracha por cima. Como bom punk da periferia, Angeli tem Ph.D. em tocar o foda-se.
Foi assim com Os Skrotinhos, com Bob Cuspe, com Meia-Oito, com Bibelô, para citar somente alguns dos inúmeros anti-heróis criados pelo mais iconoclasta dos cartunistas brasileiros. Ao pressentir que determinado tema atinge seu ponto de saturação, ele simplesmente passa uma borracha por cima. Como bom punk da periferia, Angeli tem Ph.D. em tocar o foda-se.
Ele criou Rê Bordosa, a junkie mor dos
anos 80, Bob Cuspe, jovem de periferia símbolo do movimento punk versão
nacional, e Woody e Stock, dois hippies dos anos 60 que envelheceram e se
tornaram obsessivos fumantes de orégano. Fez sucesso com esses personagens,
mas, depois, não teve problemas em matá-los ou simplesmente sumir com eles. Em
seus desenhos, o cartunista paulistano Angeli, de 55 anos, não poupa ninguém.
Muito menos seus próprios personagens ou ele mesmo.
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Um comentário:
Olá, tudo bem?
Vi um post seu de 2010 falando sobre Origem da Vida pela visão da mitologia africana. Estou fazendo uma matéria para o jornal da faculdade a respeito disso. Você aceitaria responder algumas perguntas a respeito?
Muito obrigada!!! Isabella (isabella_araujos@hotmail.com)
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