ANOS 30
A década consagra o samba e a seresta interpretados
por cantores de voz possante como Orlando Silva e Nélson Gonçalves. O rádio
atinge todos os lares brasileiros. Araci de Almeida, que é chamada “Dama da
Central” por viajar de trem (tinha medo de avião), e Dalva de Oliveira eram as
estrelas. O carnaval foi um dos temas do primeiro filme nacional sonoro do
cinema brasileiro: Coisas Nossas, realizado por Paulo Benedetti em 1930, com o
Bando dos Tangarás. Essa foi a época de ouro da música de Carnaval. Compositores
como Lamartine Babo, Noel Rosa e Ari Barroso criaram músicas eternas. Dorival
Caymmi, Pixinguinha e Assis Valente são os destaques na música.
Artistas e pensadores começam a revisar a
formação do povo brasileiro. O negro deixa de ser o simples “criado doméstico”
de obras anteriores e assume proporções heróicas nos quadros de Portinari. Na
literatura brasileira, os romancistas eram os que vinham do Norte/Nordeste,
como Graciliano Ramos (Vidas Secas), José Lins do Rego (Menino do Engenho) e
Jorge Amado (Jubiabá). Os poetas eram Manuel Bandeira, Carlos Drummond de
Andrade, Cecília Meireles e Mário Quintana. Patrícia Galvão (Pagu) também se
destaca.
Uma das séries mais populares criadas pelo
cearense Luiz Sá (1907-1979) em 1931 para a revista O Tico Tico, da Editora O
Malho, inicialmente com a colaboração de I. Galvão de Queiroz Neto. Quadrinho
de uma página contando as traquinagens de três garotos no Rio de Janeiro: RECO RECO (de cabelos espetado), BOLÃO (o gordinho da turma) e AZEITONA (menino negro). Criados pelo
quadrinhista e ilustrador Luiz Sá, Reco-Reco, Bolão e Azeitona eram três
garotos trapalhões que apareciam na edição de 08 de abril de 1931 da revista O
Tico-Tico (edição 1331). Os três apareceram nesta publicação até seu fechamento
(1931-1960), além de terem sido as figuras centrais de dois livros ilustrados,
publicados também pela S.A. O Malho. Bolão ficou tão popular que, em 1961,
virou uma série de figurinhas do chiclete Ping-Pong. Luiz Sá também criou
outras figuras como Louro, um papagaio, o cachorro Totó, o rato catita e Pinga
Fogo no Tico Tico. Já o Detetive Desastrado e Maria Fumaça (uma empregada negra
que pouco entendia as ordens da patroa) foram publicadas na revista Cirandinha.
Luiz Sá mostrou, através do relacionamento entre três garotos comuns do
ambiente urbano – a capacidade de iniciativa e de participação da criança.
De 1937 até 1940 o personagem de Oswaldo
Storni (1909-1972), PERNAMBUCO, O MARUJO,
marcou um recorde de duração de HQ de aventura em revista seriada no Brasil (O
Tico Tico). Ele é o primeiro militar dos quadrinhos brasileiros, uma
conseqüência da propaganda nacionalista do Estado Novo (1937-1945) de Getúlio
Vargas. O lutador de boxe, criação do cartunista Belmonte, fez sua primeira
aparição nas páginas da revista infantil O Tico Tico em 1937, ilustrada pelo carioca
Oswaldo Storni, filho de Alfredo Storni (criador de Zé Macaco e Faustina para O
Tico Tico) foi publicado, com desenhos de Oswaldo Storni. O personagem viveu
suas aventuras n´O Tico-Tico entre 24 de novembro de 1937 e 23 de março de
1940. Aventureiro, integrante da Marinha do Brasil e boxeador amador,
Pernambuco enfrentou a invasão americana de quadrinhos e tentou salvar O Tico
Tico.
A história começa em Nova York, quando
Pernambuco, um marujo marcante, distrai-se passeando com a jovem Eugênia pela
cidade e perde o navio. Lutador de boxe amador, ele aceita o desafio de um
profissional de feira para ganhar alguns dólares. Vencedor, descobre que
durante a luta a namorada fora raptada por traficantes de mulheres. Tentando
salvar a amada, Pernambuco se envolve em muitas peripécias até que reencontra
Eugênia, que fora salva pela polícia. Decide então profissionalizar-se como
boxeador, tornando-se campeão. Rico, compra um veleiro e se casa com a moça. O
matrimônio é um recurso para ajustar a HQ aos princípios morais da revista, e
um enfoque moderno da narrativa numa época em que todos os heróis de quadrinhos
americanos eram celibatários. O casal veleja pelo mundo e chega à China,
mergulhada numa guerra da qual participa obrigados. Mais tarde a dupla regressa
ao Brasil e Pernambuco se reengaja na Marinha de Guerra, servindo em um
destróier que patrulha as águas territoriais brasileiras. Pernambuco, o Marujo
marcou um recorde de duração de HQ de aventura em revista seriado no Brasil,
sendo impressa de 24 de novembro de 1937 a 23 de março de 1940. Ele é o
primeiro militar dos quadrinhos brasileiros, uma conseqüência da propaganda
nacionalista do Estado Novo (1937-1945) de Getúlio Vargas.
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