09 abril 2021

Grandes personagens de quadrinhos brasileiros 05

ANOS 30

 

A década consagra o samba e a seresta interpretados por cantores de voz possante como Orlando Silva e Nélson Gonçalves. O rádio atinge todos os lares brasileiros. Araci de Almeida, que é chamada “Dama da Central” por viajar de trem (tinha medo de avião), e Dalva de Oliveira eram as estrelas. O carnaval foi um dos temas do primeiro filme nacional sonoro do cinema brasileiro: Coisas Nossas, realizado por Paulo Benedetti em 1930, com o Bando dos Tangarás. Essa foi a época de ouro da música de Carnaval. Compositores como Lamartine Babo, Noel Rosa e Ari Barroso criaram músicas eternas. Dorival Caymmi, Pixinguinha e Assis Valente são os destaques na música.

 

Artistas e pensadores começam a revisar a formação do povo brasileiro. O negro deixa de ser o simples “criado doméstico” de obras anteriores e assume proporções heróicas nos quadros de Portinari. Na literatura brasileira, os romancistas eram os que vinham do Norte/Nordeste, como Graciliano Ramos (Vidas Secas), José Lins do Rego (Menino do Engenho) e Jorge Amado (Jubiabá). Os poetas eram Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Mário Quintana. Patrícia Galvão (Pagu) também se destaca.



Uma das séries mais populares criadas pelo cearense Luiz Sá (1907-1979) em 1931 para a revista O Tico Tico, da Editora O Malho, inicialmente com a colaboração de I. Galvão de Queiroz Neto. Quadrinho de uma página contando as traquinagens de três garotos no Rio de Janeiro: RECO RECO (de cabelos espetado), BOLÃO (o gordinho da turma) e AZEITONA (menino negro). Criados pelo quadrinhista e ilustrador Luiz Sá, Reco-Reco, Bolão e Azeitona eram três garotos trapalhões que apareciam na edição de 08 de abril de 1931 da revista O Tico-Tico (edição 1331). Os três apareceram nesta publicação até seu fechamento (1931-1960), além de terem sido as figuras centrais de dois livros ilustrados, publicados também pela S.A. O Malho. Bolão ficou tão popular que, em 1961, virou uma série de figurinhas do chiclete Ping-Pong. Luiz Sá também criou outras figuras como Louro, um papagaio, o cachorro Totó, o rato catita e Pinga Fogo no Tico Tico. Já o Detetive Desastrado e Maria Fumaça (uma empregada negra que pouco entendia as ordens da patroa) foram publicadas na revista Cirandinha. Luiz Sá mostrou, através do relacionamento entre três garotos comuns do ambiente urbano – a capacidade de iniciativa e de participação da criança.

 


De 1937 até 1940 o personagem de Oswaldo Storni (1909-1972), PERNAMBUCO, O MARUJO, marcou um recorde de duração de HQ de aventura em revista seriada no Brasil (O Tico Tico). Ele é o primeiro militar dos quadrinhos brasileiros, uma conseqüência da propaganda nacionalista do Estado Novo (1937-1945) de Getúlio Vargas. O lutador de boxe, criação do cartunista Belmonte, fez sua primeira aparição nas páginas da revista infantil O Tico Tico em 1937, ilustrada pelo carioca Oswaldo Storni, filho de Alfredo Storni (criador de Zé Macaco e Faustina para O Tico Tico) foi publicado, com desenhos de Oswaldo Storni. O personagem viveu suas aventuras n´O Tico-Tico entre 24 de novembro de 1937 e 23 de março de 1940. Aventureiro, integrante da Marinha do Brasil e boxeador amador, Pernambuco enfrentou a invasão americana de quadrinhos e tentou salvar O Tico Tico.


 

A história começa em Nova York, quando Pernambuco, um marujo marcante, distrai-se passeando com a jovem Eugênia pela cidade e perde o navio. Lutador de boxe amador, ele aceita o desafio de um profissional de feira para ganhar alguns dólares. Vencedor, descobre que durante a luta a namorada fora raptada por traficantes de mulheres. Tentando salvar a amada, Pernambuco se envolve em muitas peripécias até que reencontra Eugênia, que fora salva pela polícia. Decide então profissionalizar-se como boxeador, tornando-se campeão. Rico, compra um veleiro e se casa com a moça. O matrimônio é um recurso para ajustar a HQ aos princípios morais da revista, e um enfoque moderno da narrativa numa época em que todos os heróis de quadrinhos americanos eram celibatários. O casal veleja pelo mundo e chega à China, mergulhada numa guerra da qual participa obrigados. Mais tarde a dupla regressa ao Brasil e Pernambuco se reengaja na Marinha de Guerra, servindo em um destróier que patrulha as águas territoriais brasileiras. Pernambuco, o Marujo marcou um recorde de duração de HQ de aventura em revista seriado no Brasil, sendo impressa de 24 de novembro de 1937 a 23 de março de 1940. Ele é o primeiro militar dos quadrinhos brasileiros, uma conseqüência da propaganda nacionalista do Estado Novo (1937-1945) de Getúlio Vargas.

 

Nenhum comentário: