DORA
MULATA
– Quadrinho criado pelo cartunista baiano Lage (1946-2006) na revista
Viverbahia a partir de 1981. A sensual Dora era uma nativa da ilha de
Itaparica, na Bahia. Ela se relaciona com um gringo, um francês e um nativo.
Triângulo amoroso onde ela tinha preferência pelo francês. Foi publicada também
na revista Axé Bahia. Sua maneira objetiva de apresentar, com a simplicidade de
seu traço, os vários problemas diferentes ao ser humano, descrevendo com
capacidade, firmeza os muitos quadros públicos. O olhar “malandro” das suas personagens,
desta vez apresenta o empoderamento da mulher que começa a se emancipar do
machismo da época. Artista consciente do seu trabalho e possuidor de um senso
crítico bastante apurado, as personagens de Lage são aparentemente simples,
feitas de poucos traços que demonstram, na maioria das vezes, a perplexidade
das situações de desumanização da vida cotidiana, mas não perde a alegria do
viver, seja na orla de Salvador ou nas festas de largo.
DR.
BAIXADA
- Criado por Luscar (Luiz Carlos dos Santos) em 1980, na época do Mão Branca e do Esquadrão
da Morte que atuava na Baixada Fluminense. Capa preta, chapéu e arma na mão,
esse é o Dr. Baixada, sempre atuando — ou no assaltante ou na vítima. A ordem é
apagar, fazer o serviço, sem perguntas e sem que ele próprio saiba a quem
serve. O mais impressionante é que o Dr. Baixada, matando indiscriminadamente,
acredita estar fazendo o bem. O personagem foi criado inicialmente para a
revista “Mad” (da editora Vecchi), da qual saiu para a página de quadrinhos do
“Caderno B” do “Jornal do Brasil”. Para o criador, o cartunista Luscar, “o Dr.
Baixada representa o poder invisível detido pelo Sistema”. Ele vive num
universo habitado por bicheiros, hippies, prostitutas, pivetes e até um
mendingo-filósofo, Diógenes, do qual se diz que foi professor. “Cassado pelo
AI-5, caiu na sarjeta”, explica Luscar.
MARA TARA - Personagem
humorística criada por Angeli para a revista Chiclete com Banana, n.07,
novembro de 1986. Era a primeira história da pacata cientista que se transforma
na pervertida Mara Tara quando acuada. Mara Tara é uma cientista super recatada
e dedicada a sua profissão, no qual ela estava fazendo sua pesquisa sobre O
Sexo das Bactérias, pois ela insistia que "As bactérias têm sexo, como
todos nós...". Mas, em consequência de suas pesquisas, a doutora Mara
contraiu o vírus Ninfus Maniacus e em momentos de alta tensão, seu corpo recebe
grandes mutações, tirando-lhe a consciência e dando a ela formas volumosas.
Sim, Mara Tara transforma-se em uma tarada e obcecada por sexo, momento em que
ela não têm mais consciência de si e ataca todos os homens, que morrem de medo
dela. Suas armas são nada mais que chicotes, meia arrastão, botas de cano longo
e um lindo espartilho preto. Pudica, quando fica excitada, transfigura-se em uma
mulher fatal, obcecada por sexo e que ataca os homens de uma maneira sádica e
devoradora, até matá-los. Ela é uma metáfora exacerbada de mulheres
independente da década de 1980, que intimida os membros do sexo masculino. Basicamente,
a personagem faz uma crítica ao universo urbano, que mostra o homem
contemporâneo super liberal, porém, no fundo, totalmente conservador.
RADICAL
CHIC
- Personagem de cabelo vermelho e curtinho criada pelo cartunista Miguel Paiva.
Irônica e divertida sátira sobre uma típica mulher urbana de trinta anos (que
se auto denomina, "sou um pupurri de emoções"). Seus quadrinhos,
originalmente publicados no suplemento dominical do Jornal do Brasil,
apresentam como temas principais a feminilidade, o sexo, o papel das mulheres
na sociedade e as diferenças entre elas e os homens na maneira de reagir às
situações cotidianas. Miguel Paiva tinha a intenção de criar, para suas tiras,
uma mulher que fosse, ao mesmo tempo, preocupada com a realidade (visto que, na
época em que a Radical foi criada, o Brasil vivia um momento de
redemocratização) e que também buscasse o prazer e a realização pessoal.
Solteirona moderna. Faz ginástica, é
vaidosa, namora, vive as encarnações de toda mulher. Criada em 1982, fez tanto
sucesso que surpreendeu o próprio autor. Radical, segundo o autor, é um
personagem urbano, símbolo dessas mulheres independentes que habitam as grandes
cidades. Ambígua, cínica, perspicaz, sensual, feminina e masculina. Meio louca
e meio tarada. Estas são algumas características que transformaram a Radical
Chic em mania nacional. Ela nasceu do desejo de Miguel Paiva de criar um
personagem que retratasse a mulher de 30 anos.
RÊ
BORDOSA
– O cartunista Angeli cria nas páginas do Folha de S.Paulo, a partir de 04 de
abril de 1984, a junkie Rê Bordosa que logo depois vira musa da porralouquice
nacional. Ela era a pin up dos anos 80, a mulher esponja. Em dezembro de 1987 o
criador mata a personagem. “A Rê Bordosa tava se transformando numa espécie de
dinossauro, uma figura que não existe mais nesta época de Aids. Ela tendia a se
transformar numa pessoa amargurada, infeliz”, conta. Foram centenas de tiras,
dezenas de companheiros, milhares de litros de vodka. Porraloquice em sua
essência. Transitando em momentos de luxúria, decadência, autoanálise,
hedonismo e depressão, é uma criatura saída das vísceras dos anos 1980. Incomodado
pelo sucesso de sua personagem, Angeli assassinou-a cruelmente em 1987,
submetendo-a a uma rotina tediosa de casamento e vida comum. Ela casou-se com o
garçom do bar onde costumava embriagar-se, mas acabou morrendo devido ao tédio
provocado pelo casamento (tedius casamentus).
O especial foi um dos números mais
vendidos da revista, atingindo mais de 200 mil exemplares, em duas edições. A
decisão chocou os leitores. O autor, ao explicar as razões que o levaram a
matar Rê Bordosa, afirmou que nunca pretendia ficar fazendo um personagem por
décadas. Matar a Rê Bordosa foi uma terapia para o artista. “Eu bebia muito na
época em que a escrevia. E era a época em que meu filho tinha acabado de
nascer. Ele tinha 2 anos, queria passear com o pai em um dia de sol e ia lá o
menininho de mão dada com uma caveira. Também foi uma época em que comecei a
trabalhar por prazer, e a bebida estava me atrapalhando muito. Resolvi parar”.
MENINO MALUQUINHO –
Sem
dúvida nenhuma o maior sucesso de Ziraldo, O Menino Maluquinho surgiu em livro
no ano de 1980. Além de livros, revista, peça de teatro e filmes para cinema,
ganhou também sua versão em tiras diárias em 1989 realizada pelo estúdio Zappin
e foi publicado em vários jornais Brasil afora. Em 1991 a revista saiu
quinzenalmente pela Abril com o mesmo nome do personagem. Desta forma o personagem nasceu de um livro de sucesso.
A história do menino inquieto, que tinha o
olho maior que a barriga e fogo no rabo, publicado pela Editora Melhoramentos,
virou peça de teatro, filmes, videogame, HQ, bonecos, ópera infantil, parque
temático e até minissérie de TV.
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