24 abril 2021

Grandes personagens de quadrinhos brasileiros 16

ANOS 90

 

1990/2000 - A última década do século XX traz a da realidade virtual. As novas tecnologias de realidade virtual já permitem que as pessoas, literalmente, entrem no computador para interagir com os atores colocados em cena. Assim, usando um capacete criador de realidade virtual, entra-se no filme. Lara Croft, heroína virtual de milhares de fãs pelo mundo afora, é a mocinha do game Tomb raider, gravou um disco produzido por Dave Stewart, virou objeto de culto, a ponto de ir para capas de revistas e ser saudada como o ideal feminino da virada do século. Tudo isso sem existir. Ela é apenas uma das criaturas que habitam o mundo virtual e que, depois de serem eleitas ídolos cyber, começam a chegar ao mundo real. O que estava em livros de ficção científica, como Looker, de Michael Crichton (sobre modelos que serão belas para sempre, uma vez que são artificiais), ou Idoru, de William Gibson (que fala da idolatria e falsos seres), torna-se realidade. Virtual, e lucrativa.

 

A engenharia genética, de sua parte, poderá tornar possível a multiplicação de clones humanos, isto é, a fabricação em série de indivíduos idênticos. A discussão da sexualidade no cinema refinou-se. Aclamada em Cannes/97, a fábula moderna Ma Vie en Rose, do belga Alain Berliner, rediscute papéis sexuais e anuncia a nova tendência no cinema. O filme sugere que as linhas das fronteiras entre o masculino e o feminino estão cada vez mais esmaecidas. Jurassic Park, de Steven Spielberg, foi o filme de maior sucesso do ano de 1993 e bateu o recorde de bilheteria do E.T. O sucesso tem a ver com o uso espetacular de recursos visuais e cibernéticos. O cinema brasileiro atravessou uma crise profunda, tanto de criação quanto de produção. Em 1994 o cinema ensaia um retorno com Lamarca, de Sérgio Rezende, e Carlota Joaquina-Princesa do Brazil, de Carla Camurati, O Quatrilho, de Fábio Barreto, O Mandarim, de Júlio Bressane, Jenipapo, de Monique Gardenberg, O Que é Isso Companheiro?, de Bruno Barreto, e tantos outros.

 

E nos quadrinhos?

 


ALINE – Tira criada  por Adão Iturrusgarai em 1993 e publicada inicialmente em 1996 no jornal Folha de S. Paulo, até o ano de 2004. Em 2014, para comemorar o vigésimo aniversário da tira, Adão retomou a personagem de Aline com quarenta anos, agora com problemas inerentes à idade e uma filha, Luna, mas 'mais poliamor do que nunca'. Em suas histórias, Aline vive um relacionamento amoroso a três, fazendo humor sobre questões como feminilidade e liberação sexual. A garota trabalha fora numa loja de discos, odeia cozinhar e arrumar a casa, e mora com dois homens: Otto e Pedro. Diz-se que ela é ninfomaníaca (viciada em sexo). Outros, porém, dizem que ela apenas 'dá vazão livre aos instintos sexuais'. O autor a descreve como uma 'desavergonhada'. A ruivinha, que se tornou uma nova “musa” dos quadrinhos brasileiros, está com sua TPM – Tensão Pós-Matrimônio – em alta. Por isso, nem mesmo seus namorados dão conta do recado.

 




FALA, MENINO! - Projeto de literatura e quadrinhos criado por Luis Augusto (1971-2018), cartunista e escritor baiano, publicado em jornais e livros desde 1996 e na tv, desde 2005. Com a honestidade da perspectiva infantil, Luis Augusto fala da criança como o ser inteligente e crítico que é, capaz de discutir o comportamento adulto. E junto com o Lucas, o personagem central da turma, busca discutir o relacionamento do mundo adulto com a infância, talvez o único momento da vida em que somos quem nascemos para ser, sem tantas máscaras sociais, sem tantos preconceitos... A série conta as diferenças físicas ou sociais, de superação de limites, de inclusão, de responsabilidade social com a naturalidade doce e subversiva das lições que apenas a infância sabe dar. As tiras em quadrinhos revelam aos amantes de HQ’s outros personagens que representam as crianças em toda diversidade étnica, cultural ou social, característica da sociedade brasileira, inclusive aquelas que resistem na alma dos leitores de qualquer idade. O traçado característico do quadrinista dá vida a figurinhas como a hiperativa e faladeira Carolina; o cadeirante Caio, que aos seis anos e meio já leu toda a obra de Machado de Assis e enfrenta as dificuldades da falta de acessibilidade; o imaginativo Leandro, judeuzinho esperto, melhor amigo de Lucas; a menina de 7 anos, líder nata e revolucionária, Winnie; o gordinho Rafael que, “cego desde pequenininho, adora fazer esculturas e filosofar sobre tudo o que ainda não viu e o que a gente não vê”; os menores em situação de rua, Diogo e Esmolinha, que juntos vivenciam os dilemas da condição de exclusão social; o caçador da pipa, o adolescente Felipe, dentre tantos outros tipos que dão asas à imaginação e tornam a reflexão inevitável, entre muitas gargalhadas.

 


JAB, UM LUTADOR – Criação de Flávio Luiz em 1999 de forma independente. Tiras de um cão dálmata, atrapalhado com seus próprios limites, que ele busca a todo custo vencer, se envolvendo nas mais variadas modalidades esportivas. Jab tem um sonho: tornar-se campeão de boxe (ou de qualquer outro esporte). Ele pode não vencer suas lutas (o que geralmente acontece), mas nunca desiste de lutar. Está sempre experimentando novos esportes, modismos e novidades. Apesar de ser um pouco desastrado, é um cara ´gente boa´, amigo fiel e com um grande coração. Lilica é apaixonada por livros, filosofia e pelo Jab. Leonard é o sparring relutante do Jab e assistente de Cassius. Sua Inteligência é inversamente proporcional ao tamanho de seu focinho. Já o Cassius é o teinador de Jab. Diz saber tudo de boxe apesar de feito apenas um curso por correspondência. Acredita que é capaz de fazer de Jab um campeão. Bull King é o inescrupuloso ´aspirante´ a empresário e vê no Jab a chance de tornar-se rico. Harvey é o saco de pancada da academia. Chihuahuanagger é narcisista e anabolizado, vaidoso ao extremo. George, do tipo caladão, é dono de um bar ao lado da academia de boxe do Cassius. Em 1999 Flávio publicou uma coletânea das primeiras tiras do Jab.

 

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