ANOS 90
1990/2000 - A última década do século XX
traz a da realidade virtual. As novas tecnologias de realidade virtual já
permitem que as pessoas, literalmente, entrem no computador para interagir com
os atores colocados em cena. Assim, usando um capacete criador de realidade
virtual, entra-se no filme. Lara Croft, heroína virtual de milhares de fãs pelo
mundo afora, é a mocinha do game Tomb raider, gravou um disco produzido por
Dave Stewart, virou objeto de culto, a ponto de ir para capas de revistas e ser
saudada como o ideal feminino da virada do século. Tudo isso sem existir. Ela é
apenas uma das criaturas que habitam o mundo virtual e que, depois de serem
eleitas ídolos cyber, começam a chegar ao mundo real. O que estava em livros de
ficção científica, como Looker, de Michael Crichton (sobre modelos que serão
belas para sempre, uma vez que são artificiais), ou Idoru, de William Gibson
(que fala da idolatria e falsos seres), torna-se realidade. Virtual, e
lucrativa.
A engenharia genética, de sua parte,
poderá tornar possível a multiplicação de clones humanos, isto é, a fabricação
em série de indivíduos idênticos. A discussão da sexualidade no cinema
refinou-se. Aclamada em Cannes/97, a fábula moderna Ma Vie en Rose, do belga
Alain Berliner, rediscute papéis sexuais e anuncia a nova tendência no cinema.
O filme sugere que as linhas das fronteiras entre o masculino e o feminino
estão cada vez mais esmaecidas. Jurassic Park, de Steven Spielberg, foi o filme
de maior sucesso do ano de 1993 e bateu o recorde de bilheteria do E.T. O
sucesso tem a ver com o uso espetacular de recursos visuais e cibernéticos. O
cinema brasileiro atravessou uma crise profunda, tanto de criação quanto de
produção. Em 1994 o cinema ensaia um retorno com Lamarca, de Sérgio Rezende, e
Carlota Joaquina-Princesa do Brazil, de Carla Camurati, O Quatrilho, de Fábio
Barreto, O Mandarim, de Júlio Bressane, Jenipapo, de Monique Gardenberg, O Que
é Isso Companheiro?, de Bruno Barreto, e tantos outros.
E nos quadrinhos?
ALINE – Tira criada por Adão Iturrusgarai em 1993 e publicada
inicialmente em 1996 no jornal Folha de S. Paulo, até o ano de 2004. Em 2014,
para comemorar o vigésimo aniversário da tira, Adão retomou a personagem de
Aline com quarenta anos, agora com problemas inerentes à idade e uma filha,
Luna, mas 'mais poliamor do que nunca'. Em suas histórias, Aline vive um
relacionamento amoroso a três, fazendo humor sobre questões como feminilidade e
liberação sexual. A garota trabalha fora numa loja de discos, odeia cozinhar e
arrumar a casa, e mora com dois homens: Otto e Pedro. Diz-se que ela é
ninfomaníaca (viciada em sexo). Outros, porém, dizem que ela apenas 'dá vazão
livre aos instintos sexuais'. O autor a descreve como uma 'desavergonhada'. A
ruivinha, que se tornou uma nova “musa” dos quadrinhos brasileiros, está com
sua TPM – Tensão Pós-Matrimônio – em alta. Por isso, nem mesmo seus namorados
dão conta do recado.
FALA,
MENINO!
- Projeto de literatura e quadrinhos criado por Luis Augusto (1971-2018),
cartunista e escritor baiano, publicado em jornais e livros desde 1996 e na tv,
desde 2005. Com a honestidade da perspectiva infantil, Luis Augusto fala da
criança como o ser inteligente e crítico que é, capaz de discutir o
comportamento adulto. E junto com o Lucas, o personagem central da turma, busca
discutir o relacionamento do mundo adulto com a infância, talvez o único
momento da vida em que somos quem nascemos para ser, sem tantas máscaras
sociais, sem tantos preconceitos... A série conta as diferenças físicas ou
sociais, de superação de limites, de inclusão, de responsabilidade social com a
naturalidade doce e subversiva das lições que apenas a infância sabe dar. As
tiras em quadrinhos revelam aos amantes de HQ’s outros personagens que
representam as crianças em toda diversidade étnica, cultural ou social,
característica da sociedade brasileira, inclusive aquelas que resistem na alma
dos leitores de qualquer idade. O traçado característico do quadrinista dá vida
a figurinhas como a hiperativa e faladeira Carolina; o cadeirante Caio, que aos
seis anos e meio já leu toda a obra de Machado de Assis e enfrenta as
dificuldades da falta de acessibilidade; o imaginativo Leandro, judeuzinho
esperto, melhor amigo de Lucas; a menina de 7 anos, líder nata e
revolucionária, Winnie; o gordinho Rafael que, “cego desde pequenininho, adora
fazer esculturas e filosofar sobre tudo o que ainda não viu e o que a gente não
vê”; os menores em situação de rua, Diogo e Esmolinha, que juntos vivenciam os
dilemas da condição de exclusão social; o caçador da pipa, o adolescente
Felipe, dentre tantos outros tipos que dão asas à imaginação e tornam a
reflexão inevitável, entre muitas gargalhadas.
JAB,
UM LUTADOR
– Criação de Flávio Luiz em 1999 de forma independente. Tiras de um cão
dálmata, atrapalhado com seus próprios limites, que ele busca a todo custo
vencer, se envolvendo nas mais variadas modalidades esportivas. Jab tem um
sonho: tornar-se campeão de boxe (ou de qualquer outro esporte). Ele pode não
vencer suas lutas (o que geralmente acontece), mas nunca desiste de lutar. Está
sempre experimentando novos esportes, modismos e novidades. Apesar de ser um
pouco desastrado, é um cara ´gente boa´, amigo fiel e com um grande coração.
Lilica é apaixonada por livros, filosofia e pelo Jab. Leonard é o sparring
relutante do Jab e assistente de Cassius. Sua Inteligência é inversamente
proporcional ao tamanho de seu focinho. Já o Cassius é o teinador de Jab. Diz
saber tudo de boxe apesar de feito apenas um curso por correspondência.
Acredita que é capaz de fazer de Jab um campeão. Bull King é o inescrupuloso
´aspirante´ a empresário e vê no Jab a chance de tornar-se rico. Harvey é o
saco de pancada da academia. Chihuahuanagger é narcisista e anabolizado,
vaidoso ao extremo. George, do tipo caladão, é dono de um bar ao lado da
academia de boxe do Cassius. Em 1999 Flávio publicou uma coletânea das
primeiras tiras do Jab.
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