16 abril 2021

Grandes personagens de quadrinhos brasileiros 10

 


Acompanhando o sucesso do Capitão Sete, surgiu outra personagem num horário diferente do vídeo, patrocinado pela fábrica de brinquedos Estrela. Era o CAPITÃO ESTRELA. A fábrica de brinquedos Estrela resolveu investir num super-herói próprio, uma espécie de garoto-propaganda. Surgiu assim, na TV Tupi do Rio de Janeiro, num horário diferente, o Capitão Estrela. Veterano da Segunda Guerra, Capitão era um mutante (em uma época em que essa palavra não estava na moda) com força, inteligência e agilidade acima do normal. E tinha um parceiro juvenil, Menino Brazil (isso mesmo, com "z") que, apesar de vir de uma família de humildes sergipanos, era loiro e com olhos azuis. O Capitão era interpretado pelo gaúcho Dary Reis, enquanto que seu nemesis, o terrível Gargalhada Sinistra, ficava a cargo de /Turíbio Ruiz. Assim como o Capitão 7, o novo personagem virou, além de televisivo, também um herói multimídia, chegando inclusive a ganhar seu próprio gibi em 1961, a revista Fantasia, editada pela mesma editora Continental do Capitão 7, inclusive com os mesmíssimos desenhistas (liderados por Jayme Cortez). O gibi do Capitão Estrela acabou não agradando o público leitor, e sua revista só durou oito números. Talvez o principal problema tenha sido a confusão visual. Por exemplo, na TV, embora em preto e branco, era evidente que o uniforme que Reis usava era branco. Só que nas capas dos gibis a roupa era vermelha. E seu parceiro nos quadrinhos era o garoto Joel. No final das contas, a dupla do gibi ficou mais parecida com Mr. Escarlate e Pinky do que com a versão da TV. Na época, as editoras como a Continental/Outubro tinham tomado uma decisão importante: só trabalhar com desenhistas brasileiros. Juarez Odilon, um dos desenhistas da casa, era quem capitaneava o gibi do Capitão Estrela. O herói tinha na testa e no peito, a famosa estrela de quatro pontas, logotipo da empresa Brinquedos Estrela, que já patrocinava uma série de programas ao vivo, pela televisão.

 


Em 1960, a pedido do editor de O Cruzeiro, Ziraldo criou PERERÊ,  a primeira revista em quadrinho nacional de um único autor e toda colorida. A publicação foi um marco na trajetória das HQs no Brasil. Pererê circulou entre outubro de 1960 a abril de 1964, com uma tiragem média de 120 mil exemplares, e chegou a vender 150 mil, número muito expressivo para a época. Chegava às bancas nos primeiros dias de cada mês. A revista se identificava com a nossa cultura através das lendas, cenários, crendices e linguagem. As aventuras do personagem Pererê aconteciam na Mata do Fundão, e seus amigos eram pessoas e bichos. Em meados de 1975, Ziraldo relançou os quadrinhos com as histórias do Pererê e sua turma. Publicada pela Editora Abril e teve apenas dez edições. Nos anos de 1985 e 1991, as histórias foram republicadas, pela mesma editora, em forma de almanaque. A partir daí são publicadas álbuns e edições especiais das editoras Primor, Nova Didática, Salamandra e Globo. Revista criada em 1960 e durou até 1964. Lançada através da Empresa O Cruzeiro. Foi o melhor exemplo de brasilidade que temos nos quadrinhos. Em 1975 a série voltou através da Editora Abril. Durante 43 números e 182 histórias, a alegre fauna ziraldiana que representou no microcosmo da Fazenda do Fundão o clima de euforia nacionalista então vigente no país.

 


O personagem surgiu no embalo da bossa nova, do Cinema Novo e do rock´n´roll, deixando sua marca como um surpreendente libelo ecológico. Nos argumentos, a ambientação rural e simplória determinava a distancia segura para reproduzir a ebulição política da época. Com desenhos estilizados, onomatopéias multicoloridas e coleções de neologismos tropicalistas nos diálogos, as molecagens dos personagens chegaram a atrair 150 mil fiéis compradores por edição. Uma estranha coincidência cronológica cancelou o gibi em abril de 1964, o mês do golpe militar. A abertura promovida pelo governo Geisel inspirou o renascimento do Pererê, em formatinho, em julho de 1975. Os roteiros tornaram-se menos politizados, mas faltava à revista uma definição pelo público infantil (como sugeria sua arte) ou adulto (como queriam as entrelinhas). Problemas: a versão não completou o primeiro ano de vida. Os bons resultados obtidos pelo Menino Maluquinho, herdeiro quadrinizado do best seller literário homônimo, deram o impulso que o novo projeto exigia. O Almanaque do Pererê fez sua opção pelas crianças.

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