Perseguir a informação nova
“Meu trabalho
como pesquisador e autor de livros de reportagens e biografias não teria ido
muito longe se eu não tivesse conhecido e convivido com Gutemberg Cruz nos meus
tempos de faculdade e primeiros anos de jornalismo, no início da década de
1990. Antes de trabalharmos juntos no furacão que foi o Bahia Hoje para o
jornalismo baiano, entre 1993 e 1995, e sairmos de mãos dadas, demitidos por
uma justa greve, eu o admirava e respeitava por causa dos fanzines e jornais
alternativos que ele editou ainda adolescente, na década de 1970. Eram
publicações impressas quase sempre de modo precário, em mimeógrafo a álcool,
mas que mantinha o zelo da edição, do acabamento, da paginação e,
principalmente, na densidade do conteúdo.
“Aprendi com
Gutemberg que é preciso montar o próprio arquivo, organizar em pastas, fichar
livros e perseguir de modo obsessivo a informação nova, o furo, o diferente, a
revelação, sem nunca desistir de ouvir também fontes orais. Gutemberg sempre
contagiou todos à sua volta, com entusiasmo e paixão pelo jornalismo. Ou pelo
jeito extremamente cavalheresco de tratar as colegas mulheres, a chamá-las de
lindas e princesas, respeitosamente. Eu achava o máximo a entrevista que ele
fez com Caetano Veloso e Gilberto Gil sobre histórias em quadrinhos para seu
fanzine Na Era dos Quadrinhos. Imaginava o quanto não deve ter tido trabalho.
Ou quando apareceu com a informação de que o verdadeiro Carlos Zéfiro -
desenhista pornográfico brasileiro que se escondia no anonimato - podia não ser
Alcides Caminha, revelado pela Playboy, em 1991, mas Eduardo Barbosa,
desenhista carioca que vivia em Salvador havia muitos anos.
“Nunca o vi
escrever qualquer coisa em busca de sensacionalismo. Gutemberg sempre perseguiu
a precisão, a informação completa e correta. Tudo isso continua muito presente
em mim, como um farol, uma luz para não desistir de continuar. Como também a
lembrança da convivência, dos almoços e jantares em sua casa feitos por seu
amigo Odemar, o carinho e respeito que sempre dedicou a meu trabalho, o que foi
fundamental para seguir em frente, quando se está começando em qualquer
profissão. Foram poucos e intensos anos de amizade, porém consolidada para
sempre. É só uma questão de data para nos reencontrarmos novamente e perceber
que o tempo não existe entre nós, velhos e eternos amigos.
“Parabéns e
obrigado, Gutemberg! (Gonçalo Junior,
jornalista, escritor e pesquisador nas áreas de cinema, imprensa, música e
histórias em quadrinhos)
Parcimoniosidade
“Gutemberg
Cruz, grande jornalista, está completando 60 anos de competência e alegria. Eu
tive a
especial oportunidade de trabalhar com ele na virada dos anos 80 para os
90. Eu como repórter cultural e ele como editor de cultura, no Correio da
Bahia. Diligente, ele demonstrava sua parcimoniosidade armazenando as matérias
sobre o tema em questão, quando não íamos fazer entrevista ao vivo, o que nos
colocava a par de tudo o que se referia ao assunto. Reunia os jornais
recortados sobre nossa mesa e assim saíamos a campo, informados e em ponto de
bala sobre a pauta.
“Seu bom humor
e fair play tornavam mais leves nossas manhãs de cada dia. Deixava-nos à
vontade também para elaborarmos a pauta por nós mesmos e até para escolhermos
os títulos das matérias, o que não era frequente na década de 80. Apaixonado
por cinema e quadrinhos, influenciou gerações que lhe seguiram como disse em
depoimento o jornalista Chico Assis Jr. que agora milita no jornal A Tarde. Seu
já citado bom humor beirava à excentricidade: quando via uma moça, bonita ou
não, dizia: "essa menina passeia toda noite de lua cheia, inteiramente
nua, montada num cavalo”. (Clodoaldo
Lobo, jornalista, crítico das artes cênicas)
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