26 março 2014

Homenagens - 60 anos (01)

Interrompemos nossa Cronologia das Histórias em Quadrinhos por alguns dias para publicar essas homenagens dos amigos



Perseguir a informação nova



“Meu trabalho como pesquisador e autor de livros de reportagens e biografias não teria ido muito longe se eu não tivesse conhecido e convivido com Gutemberg Cruz nos meus tempos de faculdade e primeiros anos de jornalismo, no início da década de 1990. Antes de trabalharmos juntos no furacão que foi o Bahia Hoje para o jornalismo baiano, entre 1993 e 1995, e sairmos de mãos dadas, demitidos por uma justa greve, eu o admirava e respeitava por causa dos fanzines e jornais alternativos que ele editou ainda adolescente, na década de 1970. Eram publicações impressas quase sempre de modo precário, em mimeógrafo a álcool, mas que mantinha o zelo da edição, do acabamento, da paginação e, principalmente, na densidade do conteúdo.

“Aprendi com Gutemberg que é preciso montar o próprio arquivo, organizar em pastas, fichar livros e perseguir de modo obsessivo a informação nova, o furo, o diferente, a revelação, sem nunca desistir de ouvir também fontes orais. Gutemberg sempre contagiou todos à sua volta, com entusiasmo e paixão pelo jornalismo. Ou pelo jeito extremamente cavalheresco de tratar as colegas mulheres, a chamá-las de lindas e princesas, respeitosamente. Eu achava o máximo a entrevista que ele fez com Caetano Veloso e Gilberto Gil sobre histórias em quadrinhos para seu fanzine Na Era dos Quadrinhos. Imaginava o quanto não deve ter tido trabalho. Ou quando apareceu com a informação de que o verdadeiro Carlos Zéfiro - desenhista pornográfico brasileiro que se escondia no anonimato - podia não ser Alcides Caminha, revelado pela Playboy, em 1991, mas Eduardo Barbosa, desenhista carioca que vivia em Salvador havia muitos anos.

“Nunca o vi escrever qualquer coisa em busca de sensacionalismo. Gutemberg sempre perseguiu a precisão, a informação completa e correta. Tudo isso continua muito presente em mim, como um farol, uma luz para não desistir de continuar. Como também a lembrança da convivência, dos almoços e jantares em sua casa feitos por seu amigo Odemar, o carinho e respeito que sempre dedicou a meu trabalho, o que foi fundamental para seguir em frente, quando se está começando em qualquer profissão. Foram poucos e intensos anos de amizade, porém consolidada para sempre. É só uma questão de data para nos reencontrarmos novamente e perceber que o tempo não existe entre nós, velhos e eternos amigos.

“Parabéns e obrigado, Gutemberg! (Gonçalo Junior, jornalista, escritor e pesquisador nas áreas de cinema, imprensa, música e histórias em quadrinhos)


Parcimoniosidade

“Gutemberg Cruz, grande jornalista, está completando 60 anos de competência e alegria. Eu tive a
especial oportunidade de trabalhar com ele na virada dos anos 80 para os 90. Eu como repórter cultural e ele como editor de cultura, no Correio da Bahia. Diligente, ele demonstrava sua parcimoniosidade armazenando as matérias sobre o tema em questão, quando não íamos fazer entrevista ao vivo, o que nos colocava a par de tudo o que se referia ao assunto. Reunia os jornais recortados sobre nossa mesa e assim saíamos a campo, informados e em ponto de bala sobre a pauta.

“Seu bom humor e fair play tornavam mais leves nossas manhãs de cada dia. Deixava-nos à vontade também para elaborarmos a pauta por nós mesmos e até para escolhermos os títulos das matérias, o que não era frequente na década de 80. Apaixonado por cinema e quadrinhos, influenciou gerações que lhe seguiram como disse em depoimento o jornalista Chico Assis Jr. que agora milita no jornal A Tarde. Seu já citado bom humor beirava à excentricidade: quando via uma moça, bonita ou não, dizia: "essa menina passeia toda noite de lua cheia, inteiramente nua, montada num cavalo”. (Clodoaldo Lobo, jornalista, crítico das artes cênicas)
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