21 março 2014

Cronologia das Histórias em Quadrinhos (48)



1964 (ARGENTINA) - MAFALDA. Criação de Quino. A menininha de cabelos negros, boca grandee um enorme laço de fita na cabeça nasceu para ser a personagem contestatória em que acabou se transformando. Surgiu para veicular propaganda de produto doméstico. Passou a criticar governos militares, temas mundiais da atualidade até o cotidiano dos argentinos. Suzanita, alienada, pensa em casar e ter muitos filhos. Manoelito, pragmático, quer possuir uma cadeia de supermercados. Felipe, dispersivo e criativo. Miguelito, o egocêntrico. Libertad, a contestadora. Provoca o riso, mas faz pensar. Ao ser publicada, Mafalda projetou a América Latina para o mundo todo. Ela é a criança do Novo Mundo que representa a própria América hispano-americana, criticando o velho mundo, com todos seus problemas, suas guerras, seus racionalismos, suas democracias e ditaduras, sua eterna busca de identidade e de felicidade.

1964 (BRASIL) – Toneco, um dos garotos do bairro do Limoeiro ganha uma irmã mais velha chamada TINA.O movimento hippie ainda dava seus primeiros passos, mas a adolescente de visual colorido divertia os leitores com suas gírias e sua atitude paz e amor. Logo a garota tomou o espaço de todos e passou a ser publicada em tiras como a personagem principal, junto de seu amigo Rolo, cujo cabelo cacheado grudava em sua barba. A gordinha Pipa só surgiria em 1969, para gerar conflito, pois não tinha o mesmo visual bicho grilo dos amigos.

 


1964 (BRASIL)Millôr Fernandes lança a revista PIF PAF que durou apenas oito números reunindo trabalhos de Sérgio Porto,Claudius, Fortuna, Ziraldo, Jaguar entre outros. O último número, publicado em 27 de agosto de 1964, advertia:Quem avisa amigo é...se o governo continuar deixando que circule esta revista, com toda sua irreverência e crítica, dentro em breve estaremos caindo numa democracia. Ainda não havia sido criado o mecanismo da censura prévia, mas a revista foi à falência quando este último número foi apreendido.


1964 (EUA)Em março volta definitivamente à ativa o Capitão América (com uma versão que dizia que ele havia ficado congeladodesde 1945). Stan Lee é um dos criadores, Jack Kirby (o outro era Joe Simon), ressuscitaram o personagem na revista Vingadores n.4. A lenda voltava a viver depois de um longo período em animação suspensa. O deslocado Steve Rogers enfrentou problemas de adaptação ao nosso admirável mundo novo. E ele acaba enfrentando uma das maiores organizações criminosas: as hordas terroristas da Hidra.

1964 (FRANÇA) - SOCERLID. Estabeleceu a Societé d´Etudes et Recherches des Litératures Dessinées. Fundada por Pierre Couperie e Maurice Horn, entre outros, a SOCERLID preocupava-se com o estudo e investigação da literatura desenhada, editando uma revista para especialistas de BD, Phênix, e organizando exposição sobre a banda desenhada.

1965 (ITÁLIA) - EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL. A primeira exposição internacional de quadrinhos realizado na Europa aconteceu em Bordighera, junto com o Festival do Humor. No ano seguinte a cidade medieval, Lucca, cercada por um muro famoso, abrigou o universo dos comics, roubando o evento realizado no ano anterior em Bordighera.

1965 (ITÁLIA) - VALENTINA. Criação do arquiteto milanês Guido Crepax. Desenhos elaborados e rompimento da diagramação tradicional. Linguagem revolucionária, seccionando a narrativa. Erotismo e sadomasoquismo em alta. Guido Crepax tem construído uma das mais enigmáticas obras dos fumetti: Valentina, Bianca, Anita, Emmanuelleum mundo gráfico entre o sonho e a fantasia, o real e o político, o alumbramento e a poesia. Seus labirintos oníricos, de marcação visual neobarroca, implicam um fascínio que não se de um momento para outro: exige uma leitura muitas vezes lentas, difícil. É preciso saber penetrar neste universo de imagens que se multiplicam em variados enquadramentos (ora panorâmicos, ora minúsculos, ora delirantes). É preciso saber penetrar na musicalidade de seu ritmo narrativo, às vezes nervoso, às vezes tenso, com uma decupagem quase sempre onomatopaica. Quadrinho sofisticado, intelectualizado, psicanalítica.

1965 (EUA) - FRITZ, THE CAT. Criação de Robert Crumb. Introdução do sexo, drogas e políticanos anos 60 em revistinhas beirando a pornografia, na contestação do americann way of life. Em 1969 Crumb matou um de seus personagens principais, Fritz the Cat pelo repugnante motivo de que ele estava fazendo sucesso e lhe rendendo dinheiro. Líder da contestação dos anos 60 nas revistas que pregava o sexo livre, as drogas e a crítica política na época do Woodstook, rock and roll, anti-Vietnã, destaca-se o gato pornográfico Fritz. Sátira aos bichinhos tipo Disney, Fritz não deixava por menos: pensava em gatinhas e drogas. Em 1972 ganhou uma  adaptação para desenho animado, dirigida por Ralph Bakshi (primeira animação a ser proibida para menores de 18 anos). Em resposta, Crumb mata o personagem, avesso que era à fama.


1965 (EUA)Inicia-se o célebre seriado de TV do Batman, então marcado por uma fase leve esorridentenas HQ. Na TV dos anos 60, os seriados filmados tinham como objetivo de marketing divertir as famílias e os pré-adolescentes, aonde os estúdios americanos produziam mais e mais comédias em profusão. Era um bom momento para ressuscitar o homem-morcego dos gibis. O produtor William Dozier não queria , entretanto, rechear as telinhas com um herói amargurado. A solução foi transformar Batman em comédia, colocando um liquidificador à linguagem das histórias em quadrinhos, os clichês dos antigos cine-seriados da década de 40, e a estética psicodélica daqueles tempos. Tudo com muito exagero.

Da linguagem dos antigos seriados aproveitou-se a fórmula "será que ele irá escapar? " A história era sempre dividida em dois episódios, que eram exibidos semanalmente nos Estados Unidos e, dependendo da emissora, diariamente no Brasil. Sempre no final do primeiro episódio, Batman e Robin eram envolvidos em alguma terrível armadilha de algum de seus arqui-vilões, de forma aparentemente fatal. Enquanto eles tentavam escapar, os letreiros (e, no Brasil, o narrador) alardeavam com espanto: " Será que desta vez chegou mesmo o fim de nossos heróis? E o Coringa, conseguirá dominar o mundo? Não percam, na próxima semana, mais um bat-episódio nesta mesma bat-hora, neste mesmo bat-canal". Marcar um encontro para a mesma bat-hora no mesmo bat-canal transformou-se em praticamente uma gíria dos adolescentes da época.

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