Em 1932, o Brasil ganhou um novo
Código Eleitoral. Com o Decreto 21.076, de 24/02/1932, estabeleceu-se no país o
voto secreto e o voto feminino. E o sufrágio feminino foi garantido, com a
inclusão do artigo 108 na Constituição de 1934.
Em 1865, na guerra do Paraguai, Ana Neri
(1814-1880) seguiu para o campo de batalha, como enfermeira voluntária. Estava
sempre entre os enfermos, dando-lhes assistência, socorrendo-os nos momentos de
dor. Fundou uma enfermaria, dentro do próprio lar
com ajuda de um de seus filhos, médico. Após cinco anos de lutas, voltou à sua
terra. Pelas suas virtudes e heroicidade, foi condecorada pelo Exército com o
título de Mãe dos
Entre os anos de 1870 a 1840 bandos de foras
da lei se multiplicaram no sertão nordestino. Esse movimento que envolveu
populações rurais no Brasil chegou a armar mulheres no cangaço. Se a cangaceira
mais conhecida foi Maria Bonita (1911-1038), a primeira mulher a portar um
fuzil com as volantes de polícia (os destacamentos policiais montados para
perseguir os cangaceiros) foi Dada (1915-1994), a companheira de Corisco.
Embora tenha entrado no cangaço à força, raptada por Corisco quando tinha 13
anos, ela acabou se apaixonando por ele e ficou ao seu lado até a sua morte em
1840.
Escritora, historiadora, advogada,
poeta e militante política baiana, Ana Montenegro (1915/2006) veio morar na
Bahia em 1979, depois de 15 anos no exterior, e foi nesta terra que soube mais
sobre a luta do Corta-Braço, Jacinta Passos (poetisa politizada) e as freiras
do Convento do Desterro que no começo do século passado impressionaram Frei
Caneca com suas atitudes sociais. Ana se destacou por uma ativa participação da
mulher, desde a redemocratização do país em 1945, após a ditadura de Getúlio Vargas.
É uma das fundadoras da Federação de Mulheres do Brasil, e do extinto jornal
Momento Feminino. Até 1964 participou da Frente Nacionalista Feminina, ocupando
a Secretaria da Liga Feminina, do Estado da Guanabara (hoje Estado do Rio de
Janeiro).
Primeira mulher exilada após o
golpe de 1964, sem nunca abrir mão de suas bandeiras por igualdade social, foi
perseguida, viveu por 15 anos, exilada na Europa. Participou de congressos,
seminários e delegações junto ao Conselho Econômico e Social da ONU e da UNESCO,
de delegações da Europa, na África, no Oriente Médio e na América Latina. Ela
sempre ocupou a linha de frente dos movimentos sociais (como a liga camponesa),
anistia, pelo direito de moradia, contribuiu para que o povo conquistasse
vitórias nas invasões (a exemplo de Corta Braço, hoje Pero Vaz), dentre outros.
Funcionária pública, participou da criação da União dos Trabalhadores Públicos
do Brasil, inimiga da guerra, foi para as ruas gritar contra a guerra da
Coréia. Ela abraçou a causa do menor, falou, em prosa e versos, contra o
racismo, em defesa da mulher, em defesa das riquezas nacionais.
Guerreira, manifestou-se contra
as aberrações praticadas pelo governo de nosso país contra o povo, e foi
exilada. Combativa, foi membro do 1º Conselho Nacional dos Direitos da Mulher,
e braço armado na luta pelos Direitos Humanos (contra a violência e em defesa
da cidadania). Pertenceu desde 1945 à direção do Partido Comunista Brasileiro,
onde desenvolveu um trabalho sério e respeitado, em defesa dos direitos humanos,
pela valorização da participação da mulher nos movimentos sociais, pela
elevação do nível de organização da classe operária brasileira. Foi membro do
Conselho Nacional da Mulher e integrou o Conselho Municipal da Mulher. O
conceito de feminismo da militante, que escreveu longos artigos para os jornais
locais, deu palestras e lutou pelos direitos dos sem teto nas favelas e
invasões, vai muito além das bandeiras comportamentais popularizadas a partir
dos anos 60. Boa parte de seu arquivo particular está na Faculdade de Filosofia
e Ciências Humanas da UFBA que abriu um espaço, Núcleo de Estudos
Interdisciplinares sobre a Mulher.
Bibliografia pesquisada:
CRUZ, Gutemberg. Gente da Bahia. Vol 1. Salvador: Editora
P&A, 1997
CRUZ, Gutemberg. Gente da Bahia. Vol.2. Salvador: Editora
P&A, 1998
PINSKY, Carla Bassanezi e Joana
Maria Pedro (org). Nova História das
Mulheres. São Paulo: Contexto, 2012.
SCHUMAHER, Schuma & BRAZIL,
Érico Vital. Dicionário Mulheres do
Brasil: de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed., 2000.
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