A
cidade perdida da Bahia, concebida através do manuscrito 512 (KRUSE, Herman. O
manuscripto 512 e a viagem à procura da povoação abandonada. São Paulo, janeiro
de 1940. Rio de Janeiro, Departamento do Patrimônio Histórico, Arquivo
Nacional, p. 20), esteve impregnada de elementos culturais setecentistas, como
detalhes arquitetônicos, pórticos, pirâmides, estátuas, praças e
principalmente, vestígios epigráficos. Sua interpretação pelos acadêmicos
oitocentistas deve ser entendida por meio de teorias arqueológicas vinculadas
com esse momento, a exemplo do difusionismo e das recentes descobertas de
ruínas maias na América Central.
Em
1841 o explorador Benigno de Carvalho recolheu inúmeras descrições orais dessa
cidade perdida (CUNHA, Benigno José de Carvalho e. "Carta escripta ao
primeiro secretario perpétuo do Instituto, Sincorá, 20 de agosto de 1842".
In Revista do IHGB, tomo IV, nº 15, p. 401, outubro de 1842). A partir daí a
aceitação da antiga existência da geração perdida, uma civilização muito
avançada, mas desaparecida sem deixar quase nenhum vestígio. A cidade perdida
serve de referencial ético, social e civilizatório para o império. Tanto a
Atlântida, o Eldorado, o lago Eupana e Parimé, como a cidade perdida da Bahia,
foram buscados por propósitos diferentes, sejam motivos de ordem econômica,
colonialista, científica, cada um dentro do contexto social de sua época.
Assim,
as ruínas da Bahia, ao final do império, foram eliminadas do campo acadêmico,
relegadas a uma condição de miragem provocada por antigos pesquisadores.
Porém., toda elaboração simbólica nunca morre definitivamente, sendo
transformada em uma nova narrativa, ocasionando sua sobrevivência para o novo
século. Assim, para a ciência oficial a cidade perdida da Bahia tornou-se uma
aberração fantástica, por sua vez, estrangeiros e amadores brasileiros
promoveram dezenas de expedições em sua busca, no início do século XX até
nossos dias.
O
escravo Francisco de Orobós afirmou ao incansável Benigno de Carvalho que
esteve no quilombo quando jovem, vindo a ser cativo na idade adulta. Mas
desejoso da alforria, Francisco comentou ao explorador que havia três o número
de quilombos existentes ao redor da cidade perdida. A expedição fez um
levantamento topográfico da Bahia, mas em meados de 1846 o general Andréa, com
aprovação da assembleia provincial da Bahia, retirou as ordenações e o auxílio
financeiro ao expedicionário. Benigno permaneceu em campo, na região do Sincorá
até 1848 (ROCHA, Lindolfo. Zona desconhecida no interior da Bahia. Revista do
Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, Salvador, vol. 34, p. 143, 1908).
Surgiram
boatos de que teria ficado louco, escutando sinos e outros sons. Escreveu para
o bispo Romualdo Seixas, solicitando faculdades espirituais para beneficiar os
habitantes da nova cidade a ser descoberta, onde em breve entraria (CUNHA,
Benigno José de Carvalho e. "Correspondência. Offício do sr. Cônego
Benigno ao exm. presidente da Bahia, o sr. tenente general Andréa, sobre a cidade
abandonada que ha três annos procura no sertão d'essa provincia, Carrapato, 23
de janeiro de 1845". In Revista do IHGB, tomo VII, nº 25, p. 104, 1845).
Benigno retornou a Salvador, vindo a falecer nesta cidade em 1849.
Outros
exploradores continuaram a busca. O major Manoel Rodrigues de Oliveira
contestou a localização proposta por Benigno (região do Sincorá) e apresentou
indícios encontrados no interior da província: duas regiões – entre a vila de
Belmonte (entre os rios Paraguaçu e Una, centro sul da Bahia) e a outra em
Provisão (sudoeste baiano, próximo à cidade de Camamu).
Na
primeira foram localizados vestígios de móveis antigos, louças, balaústres,
ferramentas, vidros, e na segunda, forcas, machados e espadas de ferro. Além de
moeda de ouro. (FREITAS, Antonio de Paula. A cidade abandonada do interior da
Bahia. Revista da Sociedade de Geographia do Rio de janeiro, tomo IV, n. 4,
1888, p. 156);(OLIVEIRA, Manoel Rodrigues de. "Novos indícios da
existência de uma antiga povoação abandonada no interior da provincia da Bahia,
2 de julho de 1848". In Revista do IHGB, tomo X, segundo trimestre, p.
367, 1848)
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