Anésia Cauaçu,
de Domingos Ailton, é
um romance histórico
que tem como protagonista uma mulher
que esteve à frente
do seu tempo. Anésia foi
a primeira mulher no
sertão baiano de Jequié
a ingressar no cangaço
(antecedendo mulheres como
Maria Bonita,
Dadá e Lídia), a
liderar um bando
de cangaceiros, a montar de
frente já que as
mulheres de sua
época montavam
de lado em uma
sela denominada
silhão e a vestir
calças compridas (as mulheres
do período em ela
viveu apenas
usavam vestidos e saias) nos momentos
de combate para facilitar o enfrentamento de jagunços
dos coronéis
e
das tropas policiais.
Segundo o
jornalista e escritor
Zuenir Ventura “ o romance
histórico nutri, na
maioria das vezes,
de informações dos
jornais”. É
o que ocorre com
o romance Anésia Cauaçu que em
diversos capítulos
tem como base fontes
históricas
os jornais A Tarde
e Diário de Notícias
do período da República
Velha, principalmente dos
anos de 1916, 1917,
1920 e
1930.
Baseado em
fatos reais, o romance
Anésia Cauaçu se reporta
a formação de Ituaçu,
antigo Brejo Grande e
as brigas de duas
famílias da localidade:
Os Silvas chamados de
“rabudos” e os
Gondins, denominados
de “mocós”. O major
Zezinho dos Laços
( um dos líderes
dos “rabudos”) exige que
Augusto Cauaçu acompanhe
seu grupo
de jagunços em
uma emboscada contra família
Gondim. Por conta
da recusa de Augusto
este é assassinado
a mando de Zezinho
dos Laços. Então a
família Cauaçu se
reúne e resolve vingar
a morte, assassinando
Zezinho dos Laços
seis anos depois em
uma tocaia na Fazenda
Rochedo com uma
bala feita do chifre
de um boi preto,
que fora confeccionada
pelo pai de santo
Heitor Gurunga, um sacerdote
da religiosidade afro
que cuidava do povo
pobre da região.
O irmão
de Zezinho, Cassiano do
Areão, o cunhado, coronel Marcionilio
de Souza e o
filho deste Tranquilino
de Souza
passam a perseguir
e matar membros da
família Cauaçu e do
bando de cangaceiros
que acompanha o grupo,
comandado por Anésia e
seu irmão José Cauaçu.
Anésia Cauaçu lidera e
enfrenta vários combates
com coragem e uma
força extraordinária, uma
vez que em muitos
momentos ela “invulta” (desmaterializa),
transformando-se em uma
rocha ou toco de
árvore.
O governador da Bahia
na época,
Antônio Muniz, que denomina
o movimento armado dos
Cauaçus de “conflagração
sertaneja”, envia
para Jequié e região
mais de 240 soldados
fora os oficiais,
para combater os Cauaçus,
que passam a utilizar
táticas de guerrilha
para enfrentar à polícia.
Em um dos combates,
José Cauaçu é ferido
e morre oito dias
depois. Anésia é
presa, mas depois é
libertada quando concede
uma entrevista de primeira
página da
edição de 25 de
outubro de 1916
do jornal A Tarde
sobre a história do
bando.
A força
policial pratica uma
série de arbitrariedades
contra a população
jequieense e da
região. As
atrocidades são denunciadas
na imprensa baiana por veículos como
Diario de Notícias e
jornal A Tarde. O romance
se reporta também a
episódios envolvendo
persongens da República
Velha e da Revolução
de 1930 e seus
reflexos em Jequié
e na região.
A trama
ficcional faz referências
ainda as manifestações religiosas e
da cultura popular do
Sertão como as festas
de terreiros de Candomblé, os festejos
de São João, do
Reisado,
aos livretos de
cordel e
os adjuntórios, às
figuras típicas como
tropeiro e o
mascate e ao
famoso Cabaré do Maracujá
que havia em Jequié
e era encontro dos
intelectuais e de
gente simples do povo.
Conta também o romance
entre Anésia Cauaçu e
o mascate Afonso, um
dançador de forró
e mulherengo
que se apaixona pela
catingueira, de acordo
com a ficção.
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