Em 1500, quando os
portugueses chegaram ao Brasil, estima-se que havia por aqui cerca de 6 milhões
de índios. Passados os tempos de matança, escravismo e catequização forçada.
Nos anos 50, segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, a população indígena
brasileira estava entre 68 mil e 100 mil habitantes. Hoje o número é bem menor.
Contando os que vivem em centros urbanos, ultrapassam os 100 mil. No total,
quase 10% do território nacional, pertence aos índios. Quando os portugueses
chegaram ao Brasil, havia em torno de 1.300 línguas indígenas. Atualmente
existem apenas 150. O pior é que cerca de 35% dos 210 povos com culturas
diferentes têm menos de 200 pessoas
Em seu estudo intitulado Colonialismo Predatório, Desempoderamento, o professor da Faculdade Dois de Julho, Derval Gramacho escreveu: "Ainda no primeiro quarto dos anos 1500, os índios
passaram de simpática gente, conforme
descrito nos primeiros relatos históricos, notadamente na carta de Pero Vaz de
Caminha (1500), a terríveis canibais,
antropófagos vorazes, vide, por exemplo, as narrativas de Hans Staden e Jean de
Lery. Com isto, pode-se supor, os portugueses pretendiam forçar o afastamento
de seus concorrentes na ocupação da nova colônia. Por outro lado, também
justificavam a disposição de intervir, juntamente com a Igreja (na plenitude da
vigência da Inquisição), na colonização e catequese dos índios que precisavam tornar-se cristãos, quer pelo
poder do convencimento da cruz (a Igreja), quer pelo poder das armas (a Coroa).
Uma vez submetidos à nova fé, a relação de subordinação deveria se processar de
forma menos resistente, mantendo o colonizador a sua supremacia hegemônica”
(...)
“Constata-se, então, que a
usurpação do território lesou, não somente no sentido material, o índio com a
desapropriação daquilo que lhe era tão caro (a terra) que valia morrer em
defesa de seu sítio. Mesmo que fosse de sua natureza ser nômade, haveria sempre
uma terra que seria ocupada e na qual se situariam por determinado espaço de
tempo. No plano afetivo, o índio também perdeu, pela desapropriação, o lugar
onde suas práticas rituais, seus costumes e sua tradição se instalaram, onde
construíram relações quer sociais, quer de parentesco”.
Os índios faziam objetos
utilizando as matérias-primas da natureza. Vale lembrar que índio respeita
muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessário para a sua
sobrevivência. Entre os indígenas não há classes sociais como a do homem
branco. Todos têm os mesmo direitos e recebem o mesmo tratamento. A terra, por
exemplo, pertence a todos e quando um índio caça, costuma dividir com os
habitantes de sua tribo. Apenas os instrumentos de trabalho (machado, arcos,
flechas, arpões) são de propriedade individual.
O trabalho na tribo é realizado
por todos, porém possui uma divisão por sexo e idade. As mulheres são
responsáveis pela comida, crianças, colheita e plantio. Já os homens da tribo
ficam encarregados do trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada das
árvores quando necessárias.
A visão que o europeu tinha a
respeito dos índios era eurocêntrica. Os portugueses achavam-se superiores aos
indígenas e, portanto, deveriam dominá-los e colocá-los ao seu serviço. A
cultura indígena era considerada pelo europeu como sendo inferior e grosseira.
Dentro desta visão, acreditava que sua função era convertê-los ao cristianismo
e fazer os índios seguirem a cultura europeia. Foi assim, que aos poucos, os
índios foram perdendo sua cultura e também sua identidade.
A historiografia costuma mostrar
os índios como coadjuvantes incômodos, personagens secundários, selvagens
infelizes e retraídos. Mas os índios tiveram um papel muito mais atuante e
diferenciado do que se supõe, interagindo com os demais agentes sociais de
diversas formas que vão da fuga ao ataque, da negociação ao conflito, da
acomodação à rebeldia.
A quase totalidade dos índios do
Nordeste foram contactados e passaram por experiências de aldeamento durante o
período colonial. Sob a tutela dos jesuítas e de outras ordens religiosas como
os beneditinos, os capuchinhos, os carmelitas e os franciscanos, os aldeamentos
missionários totalizavam perto de uma centena em meados do século XVIII. O
avanço da pecuária e da cultura do algodão e o assentamento de fronteiras no
sertão foram devastadores para as populações indígenas. O índio brasileiro e
baiano precisa ser reconhecido pelo seu próprio povo: o povo brasileiro.
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Canções da música brasileira que ouço o tempo todo
(Vol.2)
Qué que tu tem canário, Xangai (Cantoria de Festa)
Sobre todas as coisas, Zizi Possi (Puro Prazer)
Chula cortada, Jussara Silveira (Entre o amor e mar)
Mesmo eu estando do outro lado, Cascadura (Bogary)
Malacaxeta II, Pepeu Gomes (Na Terra a Mais de Mil)
Hora da razão, Batatinha (Diplomacia)
Memórias das águas, Roberto Mendes (Cidade e Rio)
O samba nasceu na Bahia, Letieres Leite & Orkestra
Rumpilezz
Coisa de mulher, Pirigulino Babilake (Rosa Fubá)
Flores da Favela, Jau (Jau)
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