Foi com o “Na Era! que surgiram
as primeiras manifestações conscientes no sentido de se construir HQ
autenticamente nacional – e popular. O
quadrinho baiano tomou fôlego com o surgimento do tabloide A Coisa no
jornal Tribuna da Bahia. A Coisa foi um seguimento natural do Na Era. Em pouco
tempo o suplemento semanal revelou novos cartunistas e desenhistas de
quadrinhos. Surgiu em agosto de 1975, enfrentando diversos problemas com a
censura e, por motivos internos do jornal, A Coisa foi reduzida a uma página
até sumir, em março de 1976. Saíram 32 números com muito humor, quadrinhos e
informações. Durou oito meses, tempo suficiente para a reunião dos cartunistas
e discussão de novas ideias e projetos. Em junho de 1976 surgiu o nanico Coisa
Nostra com texto, cartuns e quadrinhos. “O importante – diziam os editores – é
que o riso não fique na boca. Ele tem de dar uma chegadinha na consciência”.
Coisa Nostra durou apenas quatro números.
Em 1977 relançamos o fanzine Na
Era dos Quadrinhos, desta vez impresso em off set (antes era mimeografado), mas
que só durou cinco números. Lutar pela colocação do quadrinho baiano no
mercado, desenvolver a criação de historietas em Salvador e fazer uma avaliação
das HQs feitas até aquela época foram os objetivos do periódico, que serviu de
estímulo aos criadores, visando o desenvolvimento da consciência
quadrinhográfica.
O Centro de Pesquisa de
Comunicação, preparando estudos sobre quadrinhos, sua linguagem e importância,
influenciou bastante a imprensa baiana, a ponto de levar o tradicional jornal A
Tarde, que antes só publicava historietas estrangeiras, a abrir suas páginas
aos nossos quadrinhos. E não só A Tarde, mas a Tribuna da Bahia, Jornal da
Bahia, Jornal de Salvador, O Mensageiro e Correio da Bahia. Todos eles
começaram a se interessar um pouco mais pelos nossos quadrinhos.
Estudei no Centro Educacional
Carneiro Ribeiro, um complexo escolar muito eficiente, onde pela manhã
estudávamos e pela tarde íamos aprender um ofício na Escola Parque, no bairro
do Pau Miúdo. Lembro que antes de entrar na sala de aula, ficávamos
enfileirados no pátio da escola para ouvir o hino nacional diante da bandeira,
cantávamos juntos para depois entrar em sala de aula. Todos os dias. Uma rotina
que não se vê mais.
E nos recreios brincávamos de
bolinhas de gude, fura pés, guerreou (todos corriam do vilão para não ser pego)
ou esconde-esconde, e em outros locais, o empinar de arraia, a velha pipa nos
céus de Salvador. Eram tantas brincadeiras e, mesmo sem ganhar brinquedos no
natal por sermos bem pobres (não tinha problema não, nada de vítimas!),
criávamos nossos próprios brinquedos com latas vazias de leite, ou sardinha
para fazer os trenzinhos, caminhões ou uma velha tábua com rodinhas de rulemã
para fazer deslizar ladeira abaixo, estava pronta nossa patinete e todos
participavam da brincadeira, dividíamos nossos brinquedos.
Quando era possível, aos domingos
na porta dos cines São Jorge ou Brasil, na Liberdade trocávamos os gibis de
faroestes e depois íamos assistir as aventuras do Tarzan, rei das selvas, ou do
Cavaleiro Mascarado. E a sessão era bem interativa. A turma gritava muito quando
o vilão roubava a cena. O assovio era forte quando a mocinha estava preste a
cair na armadilha do vilão. E quando o mocinho chegava para salvar a donzela,
era o grito geral. Muita emoção nos seriados de cinema.
TELEVIZINHA
Na casa da vizinha é que víamos
os seriados de tevê. Era a televizinha. E haja Doutor Smith resmungando sempre
“Os céus, oh dor!!” para conseguir proveito nas aventuras da Família Robson,
Perdidos no Espaço, ou mesmo as aulas de História de O Túnel do Tempo, as
inimagináveis ações em Terra de Gigantes, A Feiticeira, Pat Boone ou as
travessuras de Lassie, de Rin Tin Tin, de Tom Mix, dos brasileiros Gerônimo
herói do sertão ou Vigilante Rodoviário. Era seriado que não acabava mais.
Uma infância assim não dá para
esquecer, mesmo com um turbilhão de temas envolvidos e
emaranhados nos dias
atuais, com tantos avanços na medicina, na ciência, na tecnologia e em tudo
mais, parece que as pessoas estão cada vez mais distantes, mais fechadas para o
mundo, mais solitárias, com medo, receio, traumas. “É a vida!!!”, diriam
alguns. “´Novos tempos”, reclamam outros. “Novas atitudes”, pensam alguns
outros.
ARTIGOS
De 1970 a 1972 escrevi no jornal
A Tarde a coluna semanal “Os Quadrinhos em Foco”. De 1977 a 78 assinei a coluna
“Os Quadrinhos em Estudo” n`A Tarde. Em 190 publiquei a coluna diária,
“Cronologia das HQs” no Correio da Bahia. Depois de publicar diversos artigos
sobre artes gráficas, música, cinema, literatura e potencialidades dos
municípios baianos no Jornal de Salvador, Notícias da Bahia, Diário Oficial,
revista Quatro Cantos, Revista da Bahia, Revista Estados & Municípios,
entre outras, passei a escrever a coluna “Quadrinhos” na Tribuna da Bahia de
1989 a 1991. De 1993 a 95 escrevi a coluna semanal “Quadrinhos” no jornal Bahia
Hoje. De 2003 a janeiro de 2009 escrevia sobre municipalismo no Diário Oficial
dos Municípios.
Além de jornais, produzi
programas nas rádios Educadora, Piatã, Bandeirantes e na TV Itapoan. Ganhei o
prêmio Parker de Jornalismo Estudantil (1975), foi citado no livro Comics- The
Art of the Comics Strip, da Graphis Press (Zurich, 1972), recebi os troféus
Crítico do Ano no 4º Encontro Nacional de HQ, setembro de 1991, na cidade de
Araxá (MG) e HQ Mix (considerado o mais importante do mercado brasileiro de
quadrinhos) em São Paulo, pelo livro “Traço dos Mestres”.
Em 1997 recebi outro HQ Mix de
melhor livro de humor, em São Paulo por “Feras do Humor Baiano”. Além desses
dois livros publiquei “Gente da Bahia” (1977) e “Gente da Bahia 2” (1998) e “O
Que Nós Falamos sobre Municípios” (2000). Em 2009 publicou “Bahia, um estado
d´alma” em
homenagem aos 460 nos de fundação da cidade do Salvador. Desde 2005
sou colunista semanal do jornal Agora (Itabuna) e editor deste blog diário Blog
do Gutemberg (blogdogutemberg.blogspot.com).
Breve estarei lançando outro
livro, “Tudo está na palavra”, com o melhor do que escrevo neste blog. Espero
contar com o apoio e/ou colaboração de algum empresário e/ou editora que deseja
apoiar esse trabalho.
O que nós definimos como
progresso é reflexo de valores que são muito específicos da nossa própria
cultura, e que são de data relativamente recente. Falamos dos avanços das
ciências, do crescimento econômico, da civilização e do reconhecimento dos
direitos humanos. Entretanto, há outros padrões pelos quais as mudanças podem
ser medidas. Mas esses padrões estão presentes como contra discursos mesmo em
nossa própria cultura. No parâmetro ambiental, por exemplo, nossa sociedade é
uma catástrofe. No progresso espiritual estamos regredindo. E há pouca evidência
de progresso de valores.
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Canções da música brasileira que ouço o tempo todo
(Vol.7)
Romance da Bela Inês, Alceu Valença (Leque Moleque)
Dandá, Gerônimo (É do mar)
Eu sou a multidão, Vania Abreu (Eu sou a multidão)
Zé do caroço, Mariana Aydar (Kavita 1)
Vende-se Poema, de Manuela Rodrigues (Uma outra qualquer por
ai)
Memoria do mar, Maria Bethânia (Mar de Sophia)
Eu sou o carnaval, Alexandre Leão (Axé Babá)
De amor é bom, Edil Pacheco (O samba me pegou)
Lição de vida, Juliana Ribeiro (Amarelo)
Licuri, Clécia Queiroz (Samba de Roque)
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do
nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Espaço Cultural Itau
Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em
frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras, 28,
Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro
Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)
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