04 maio 2012

Pastinha, o menino que virou Mestre de capoeira



Era uma vez....um menino mulatinho, esperto e miúdo nascido no Pelô que, depois de muito brincar e brigar na rua, tornou-se o maior de todos os mestres da Capoeira Angola da Bahia. O nome desse menino virou lenda, mundo afora, mas a história de Mestre Pastinha é real e está contada, tintin por tintin no livro Pastinha, o menino que virou Mestre de capoeira, escrito pelo jornalista José de Jesus Barreto e ilustrado pelo artista Cau Gomez.

Vicente Ferreira Pastinha foi o maior capoeirista do país. Nasceu no dia cinco de abril de 1889, e morreu em 13 de novembro de 1981, cansado, cego e doente. Mas o seu saber continua forte, no corpo e no aprendizado de seus discípulos, muitos famosos como Jorge Amado, Carybé, e outros que se dedicaram à capoeira para dar continuidade à obra do velho mestre, iniciada em uma academia no Largo do Pelourinho, em Salvador, em 1935.

Pastinha costumava dizer que nascera predestinado a uma missão: lutar capoeira. “Guardião da capoeira de Angola”, como o intitulava Jorge Amado, “elemento conservador e esteio da genuína luta/dança dos escravos” na observação de Carybé, ou simples personagens das ladeiras históricas e da vida sofrida do Maciel e Pelourinho.

Mestre Pastinha aprendeu capoeira com seu vizinho, Benedito, aos oito anos de idade. Foi marinheiro, alfaiate, marceneiro,pedreiro, carpinteiro em sobretudo, capoeirista. Ele tirou literalmente a capoeira da lama na época em que “era vergonha andar de berimbau na mão”.

Barreto já havia escrito o livro Pastinha, o Grande Mestre da Capoeira Angola, da série Gente da Bahia, editado pela Assembleia Legislativa, em parceria com Otto Freitas. O livro fez sucesso. Não havia nada escrito sobre Pastinha. Agora a editora Solisluna lança essa obra belíssima dirigida ao público infanto juvenil.

Barretinho conta a trajetória do pequeno garoto a vadiar pelas ruas do Pelô, jogando bolinha de gude, empinando arraia e brigando com outros meninos. Como era mirradinho, sempre levava o pior mas não baixava a cabeça diante das provocações dos garotos mais velhos. O ex-escravo Benedito lhe ensinou a jogar capoeira. “Aprendi que o bom capoeirista fica no canto, quieto, calado...porque, na capoeira, a surpresa é fundamento”.

Na época a capoeira era considerada uma atividade de marginais, mas com muita dificuldade Pastinha seguiu em frente, formou seus primeiros alunos, liderou suas rodas e até ensinou mulheres como Maria Homem, Julia Fogareira e muitas outras.

Ricamente ilustrada pelo premiado Cau Gomez que fez uma verdadeira obra prima, o livro conta o significado dessa perfeita coordenação de movimentos do corpo que o capoeirista executa, da ginga, do jogo, da sonoridade do berimbau dos golpes da luta – meia lua, bananeira, aú, cabeçada, rabo de arraia e muitos outros.

As ilustrações criativas de Gomez, o texto encantado de Barreto e a edição primorosa da Solisluna fazem dessa obra uma pérola que vale a pena conferir: Pastinha, o menino que virou Mestre de capoeira!

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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

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