07 maio 2012

Música & sexo, uma relação muito estreita (1)

Certas músicas produzem melancolia e tristeza, outras despertam alegria, outras, ainda, entusiasmo. A música, portanto, é criadora de estados de alma, os quais fazem nascer ideias correlatas em nossas mentes. A arte e a música dos primeiros povos civilizados estavam relacionadas à religião ou ao Estado. Os filósofos gregos davam à música um importante papel na educação e formação dos jovens. Aristóteles prevenia que “pelo ritmo e pela melodia nasce uma grande variedade de sentimentos” e que “a música pode ajudar na formação do caráter”. Em seu diálogo República, Platão adverte que a música forma ou deforma os caracteres de modo tanto mais profundo e perigoso quanto mais inadvertido. A maior parte das pessoas não percebe que a música tem o poder de mudar o coração dos homens, e que assim, pouco a pouco, molda a sua mentalidade. Mudando as mentalidades, a música termina por transformar os costumes, o que determina a mudança das leis e das próprias instituições.

Uma das principais funções da música nas sociedades primitivas era deliberar os rituais de sexo e fertilidade. Segundo Darwin, a fala humana não antecedeu a música, mas derivou dela. O canto, para Darwin, era um dos meios de atração e “galanteio” com vistas ao acasalamento e a fala não teria vindo depois, como um desenvolvimento disciplinado daquela linguagem sexual, aplicada à comunicação entre as pessoas. Assim, a música seria o código de comunicação por excelência, e a fala não passaria de um derivado desse código, sua versão amenizada para fins de organização social.

Platão insiste no poder insinuante da música de agir sem ser percebida, a ponto de conseguir destruir ou revolucionar uma sociedade. Toda arte utiliza símbolos para exprimir idéias. A música é uma arte e exprime idéias através de símbolos sonoros. Esta capacidade de transmitir idéias que levou todos os movimentos históricos a se exprimirem com músicas. A Revolução Francesa, por exemplo, exprimiu seus ideais na “Marselhesa”.

No período da Idade Média, a música religiosa e erudita predominava sobre a música profana e popular. Com o entusiasmo pelas Cruzadas e aventuras dos cavaleiros andantes e guerreiros, o povo criava e cantava suas próprias canções. Surge o canto popular como meio de diversão. Assim, a música popular desvinculou-se da música religiosa e seus ideais da poesia, da pintura e de outras artes. Surgia, então, a música profana, a que opõe-se à religiosa, não possui qualidades sacras, feitas para ser ouvida fora da igreja. Seus temas são o amor, a natureza, os costumes e o povo. Surgia daí os trovadores e menestréis (ou jograis). Os trovadores pertencem à nobreza e dedicavam à música e à poesia enquanto que os menestréis eram cantores ambulantes e contadores de histórias.

No final do século XI surgem os menestréis, os trovadores, os jograis que vão dando forma as primeiras músicas, tidas como profanas, uma vez que fugiam ao estilo religioso. Nesse período atuavam os goliardos, homens eruditos com formação artística adquirida nos conventos, principalmente na literatura e na música. Ao deixar os conventos, passaram a peregrinar pelos quatro cantos da Europa, explorando seus vastos conhecimentos, criando canções, geralmente dedicadas ao amor, à bebida e ao jogo.

Suas obras eram conhecidas como Carmina, plural neutro da palavra latina Carmen (em latim, significa canção, poema). Pelo teor pagão, obsceno, imoral, provocativo de suas obras, os goliardos não poderiam passar impunes ante os olhares da burguesia feudal, da elite dominante. As críticas contundentes, cheias de libertinagem dificilmente seriam esquecidas pela Igreja que desde o início do século XIII começara uma rigorosa perseguição a eles, considerando-os, muitas vezes, sem julgamento.

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