27 julho 2011

Sisson é um dos pioneiros dos quadrinhos brasileiros

“(...) Somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevar à perfeição o tipo de civilização que representamos: o certo é que todo o fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem”.


Esse texto é de Sérgio Buarque de Holanda em sua obra Raízes do Brasil (Editora José Olympio, 1936). É preciso colocar um pouco de história real na história oficial. Esse sofisticado instrumento de apreensão crítica do real que chamamos charge é a raiz da HQ. Ambas surgem no interior dos jornais e revistas que tinham a sátira como veículo privilegiado de sua comunicação e que inundam, a partir da segunda metade do século XIX, a escassa sociedade letrada do país. Ambas se confundem num mesmo discurso gráfico articulado por imagens que têm o texto verbal como suporte narrativo. Com o tempo, entretanto, a charge tende a abandonar esse texto (à medida que amadurece a sua estrutura interna, isto é, a linguagem específica de seu traço) ao passo que HQs mantêm um perfeito equilíbrio entre um e outro ao longo de toda a sua história.


Por outro lado, ao contrário de HQs que procuram desenvolver aqui um estilo a partir de uma temática ficcional própria, mas acabam subjugadas pela penetração massiva de HQs americanas, a charge consegue fincar raízes entre nós por dois motivos principais: eleger a política como objeto privilegiado para a expressão de sua forma e manifestação de seu conteúdo. Em consequência, a eficácia de seu discurso está organicamente ligada à sociedade na qual se insere.


SISSON


Sébastien Auguste Sisson, conhecido também como Sebastião Augusto Sisson e S. A. Sisson, (1824 - 1898) foi um litógrafo, desenhista e biógrafo francês radicado no Brasil. Trabalhou em Paris e radicou-se no Brasil em 1852, no Rio de Janeiro, onde abriu ateliê no centro da cidade, dedicando-se sobretudo a retratos. Trabalhou para importantes revistas da época e sobressaem em sua lista de trabalhos o Álbum do Rio de Janeiro Moderno, com cromolitografias e a Galeria dos Brasileiros Ilustres, redigida em fascículos a partir de 1857. Cessou sua atividade no fim da década de 1870.


Sisson teria sido, segundo o pesquisador Heman Lima (em História da Caricatura no Brasil, 1963, volume I, página 94) o criador da primeira história em quadrinhos do Brasil, chamada “O Namoro, quadros ao vivo, por S… o Cio”, publicada na revista Brasil Illustrado (1855) para satirizar os costumes sociais de meados do século XIX.


Em 1882, foi nomeado cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa.


Referências:

LIMA, Herman. História da Caricatura no Brasil. Editora José Olympio, Rio de Janeiro, 1963.

MENEZES, Paulo Roberto de Jesus. Sociedade, Imagem e Biografia na Litografia de Sebastião Sisson. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em História Social, PPGHIS) – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.


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