17 abril 2018

A arte de Ruy Carvalho


Artista plástico autodidata cumpre a missão como pode: pinta quadros, faz charges, esculturas, cenários, instalações, desenhos na areia da praia, com regador, para fotografar do alto. Desde que saiu de Juazeiro, fez carreira em Salvador e já expôs em Portugal, França, Alemanha, Rio de Janeiro entre outras.  Ruy Carvalho não pára, elétrico e falante, ele circula em diversos lugares. Vamos conhecer sua trajetória.


Como foi que você começou nas artes gráficas?

RUY – Desde menino, bem antes de entrar na escola, desenhava carros, eletrodomésticos e personagens de HQ. Lembro-me que aprendi a ler desenhando logotipos de liquidificador, rádio e embalagens. As imagens eram fascinantes. Aos 14 anos fiz capas de livros de poetas juazeirenses e a Codevasf encomendou-me uma cartilha para orientar colonos e tive a idéia de criar o trabalho em quadrinhos.


Você nasceu em Juazeiro e veio com quantos anos para Salvador?

R – Eu só aparecia em Salvador nas férias colegiais ou quando tinha um evento de família. Passei a morar em Salvador em 1982 com 20 anos e fui contratado para criar layouts numa editora que confeccionava os catálogos telefônicos da Telebanhia. A partir daí, conheci gente ligada à propaganda e publicidade.


Com quantos anos você começou a trabalhar com cartum, caricatura e quadrinhos?

R – Sempre fiz charges e cartuns, em 1988 um grande amigo ilustrador e chargista Carlos Rezende insistia que eu participasse do Primeiro Salão de Humor da Casa de Cultura Laura Alvin, no Rio e ganhei menção honrosa.... No mesmo ano realizamos duas exposições de humor em Salvador.


E onde foram publicados?

R – TV Aratu, Band-BA, Revista Vogue, Casa Claudia, jornal A Tarde, Bahia Hoje, Jornal da Bahia, Tribuna da Bahia.

Quais são suas principais influências ?

R – Ziraldo, Jack Davis, Roy Lichtenstein e Marie Severin.


Você foi um dos primeiros artistas gráficos a fazer caricatura na tevê. Fale desse período e qual foi o programa?

R – Comecei a trabalhar na TV aratu em 1989, onde desenhava diariamente ao vivo caricaturas dos convidados do programa Bom Dia Bahia, apresentado por Hermano Henning. Devido à aceitação do público, a emissora escalou-me para a mesma atividade no Programa Opinião que ia ao ar somente às quintas feiras com apenas um convidado conhecido nacionalmente. Dentre os convidados de ambos os programas, desenhei as caricaturas de Luiz Carlos Prestes, Luiza Erundina, Lula, João Saldanha, Waldir Pires, Fernando Sabino, Gilberto Gil, Geraldo Azevedo, Paulo Maluf, Fernando Gabeira entre outros.

Você já publicou tiras diárias nos jornais, quais?

R – Minhas tiras foram publicadas semanalmente no jornal A Tarde. No Bahia Hoje é que as charges eram publicadas diariamente.


De todos os seus trabalhos, há algum de que você mais se orgulha?

R – Tem vários, mas em especial as ilustrações que fiz para a RevistaVogue. Fiz desenhos mostrando a Bahia de maneira dinâmica e feliz.

Você já expôs seus trabalhos em varias partes do mundo. Conte um pouco dessa experiência

R – Sempre gostei de arte e suas vertentes. Mesmo ilustrando charges e cartuns, sempre pintei telas e outros suportes como grafite e mosaicos. Meus trabalhos já participaram do Salão de Arte do Aeroporto de Munique, na Alemanha, foi um dos classificados no concurso de cartum do jornal Yomiuri Shumbum, no Japão. Tenho trabalhos nos EUA, Europa e Ásia de clientes que encomendam e levam para seus respectivos lugares.


Você já aderiu as novas ferramentas tecnológicas, o desenho digital

R – Em 1991 comecei meus primeiros passos em computação gráfica na TV Globo-SP ilustrando para o Globo Esporte, Globo Rural, Globo Comunidade e mapas para a meteorologia do JN. Embora goste de usar lápis e pincel, utilizo os programas photoshop e illustrator o que facilita muito no desenvolvimento de uma idéia. Ziraldo me disse o seguinte: “Você pode dominar o ecoline, fazer trabalhos incríveis, mas aquele degradeé só mesmo o photoshop pra lhe dar o resultado”.


Como você define o humor?

R – Um compromisso com a via.

O que você mais gosta de fazer: cartum, charge, caricatura ou quadrinhos ?

R – Todos juntos, contido, os quadrinhos têm seu lugar.


O que você gosta de ler nos quadrinhos ?

R – Mafalda, Huk ilustrado por Marire Severin, os desenhos de Roger Dahi, Asterix, Mortadelo & Salaminho, as tiras de Fernando Gonzales, Moebius, Frank Miller e os mais recentes mangás.


O que lhe inspira quando está no processo de criação?

R – DEUS. Sempre converso com DEUS antes de criar qualquer coisa.


Quem são hoje os bons chargistas e caricaturistas na sua opinião?

R – Cauh Gomez, Amarildo, Cárcamo, Carlos Rezende, Leonardo Rodriguez, Fernando Gonzalez. Dalcio, Sebastian Kruger, Aroeira.


Você acha que a charge ainda tem hoje a força critica de antes ?

R – Não. Veja você que, hoje temos a internet e ainda assim a charge não tem a força que tinha antes. Uma ou outra charge se destaca para o grande público. A charge é bem vista no meio de jornalistas, artista e organizadores de eventos ligados a humor.

E agora quais são seus projetos para o futuro?

R – Montar a próxima exposição e editar meu livro.

2 comentários:

VALÉRIA PERUNA disse...

Ruy é demais!!!
Parabéns pela entrevista.

Magali disse...

Parabéns! Ruy sempre admirei VC e suas maravilhosas gravuras, pinturas. Grande Artista Contemporâneo. Brilhe sempre. 👏🏻💐 🥂🍾💋