O baiano Djalma Ferreira, mais conhecido
por Theo (1901-1980) nasceu em Salvador no dia 02 de julho de 1901. Começou a
trabalhar como desenhista no jornal A Tarde em 1918 (há 100 anos), permanecendo
até 1922. Em 1919 ele também ilustrava
a seção de esportes do Diário de Notícias, em Salvador,
já
com o pseudônimo que o tornaria famoso — Théo. Ainda em 1919 suas charges começaram a aparecer nas páginas de D.Quixote, no Rio de Janeiro.
Seu aparecimento na imprensa coincidiu com a vibração política da sucessão presidencial de 1919, quando se defrontavam, de um lado, Rui Barbosa, do outro, Epitácio Pessoa.
A
primeira charge publicada nas páginas da D.Quixote, de Bastos Tigre foi em
1919. Theo enviou a caricatura da dupla de Rui (“um nome bem colocado”) e de
Seabra (“um pronome mal colocado”), bastava
inverter a página da revista carioca para que surgisse cada um deles,
perfeitamente identificado, embora com os traços comuns a um e outro. Sucesso
imediato.
Antes de transferir-se definitivamente
para o Rio de Janeiro, o que ocorreu em 1822, Theo habituara-se a enviar
desenhos de políticos baianos em evidência à imprensa daquela cidade onde, finalmente fixado, contribuiu com charges para
grande número de publicações periódicas, como exemplos: Jornal do Brasil, O
Malho, O Globo, Careta, Suplemento
Humorístico d´A Nação, Gazeta, de São Paulo, A Noite, Vamor Ler!, Revista da
Semana. Colaborou eventualmente na Cigarra, de São Paulo. No Globo, pontificou durante muitos anos, com grande produção — notadamente na seção A Bola do Dia, a seu tempo uma das mais populares do jornal. Foi publicada em O Globo por mais de
30 anos.
Chargista,
cartunista e caricaturista, influenciou boa parte da geração que começou a trabalhar na imprensa brasileira a partir da década de 60. Suas caricaturas de Getúlio Vargas eram únicas, marca registrada de uma obra até hoje reconhecida como dos melhores trabalhos abrigados nas páginas do Globo.
Com
as histórias em quadrinhos, principalmente na década de 1930, Théo tornou-se muito conhecido entre os leitores de O Tico Tico. Primeiro, ele criou para essa revista infantil o personagem Chico Farofa (1934). Seguiu-se Tinoco, Caçador de Feras (1938). Seus bonecos eram feitos com poucos traços, em estilo moderno e de grande expressividade.
Nunca
estudou desenho. Sua grande fase de cartunista profissional aconteceu de maneira memorável na campanha presidencial de 1930. As sátiras que publicou em O Malho, naquele tempo, são indispensáveis para qualquer estudo da história da caricatura brasileira. O presidente Getúlio Vargas foi seu alvo predileto durante anos a fio, sempre implacavelmente caricaturado e criticado por ele.
Em 1923 entrou para o serviço púbico,
trabalhando no Ministério da Agricultura e depois no Ministério do Trabalho.
Consegue grande destaque como caricaturista político e muito embora nunca tenha
tido curso especializado, “como acontece com a maioria dos seus confrades brasileiros, nunca estudou
desenho”, escreveu Herman Lima na sua História das Caricatura Brasileira. “Nos
seus princípios, sofreu, mas sempre, curiosamente, por muito pouco tempo e logo
se libertando de cada um deles em definitivo, a influência sucessiva de J.Carlos,
Luis e Guevara, para firmar-se pouco a pouco a sua personalidade, assegurada,
aliás, desde logo, pela segurança do traço e pela destreza do desenho que
sempre o eximiram das incertezas do estreante. Àquelas qualidades alia-se ainda
mais, uma extraordinária capacidade de apreensão do detalhe fisionômico
decisivamente característico, que lhe permitia com o tempo tornar-se um dos
nossos maiores caricaturistas políticos”.
Segundo o estudioso da caricatura
brasileira, a grande fase de chargista “se apresentaria de maneira memorável na
campanha presidencial de 1930” n´O Malho. No suplemento humorístico semanal do
jornal A Nação Theo teve ocasião de publicar “algumas de suas charges mais
brilhantes e ousadas, pela agilidade do lápis, fisgando em flagrantes coletivos
de intensa movimentação, na página dupla central de publicação, em grupos do
mais hilariante antagonismo, aqueles que, unidos na véspera, começava então a
se entre devorar, mais ou menos cordialmente, na campanha da Constituinte de
1934”. Sua popularidade cresceu com sua grande secção de Bola do Dia, nos anos
1940 “que se tornou, na primeira página d´O Globo, uma verdadeira chispa diária
do mais malicioso humorismo carioca ilustrado”.
“Theo é um dos as bravos e brilhantes dos
nossos caricaturistas”, escrevia o jornalista R. Magalhães Júnior em sua
crônica do Diário de Noticias. “Já foi seduzido, durante algum tempo, por
jornais oficiosos, que lhe pagavam régio salário, mas quando compreendeu que
estava apenas perdendo a liberdade de crítica, espontaneamente voltou-lhes as
costas, vindo para a planície, readquirindo a desenvoltura que sempre estimou
ter, colaborando de novo em folhas independente ou de oposição, criticando e
protestando a seu modo contra escândalos, abusos e mentiras políticas. Com a
morte de J.Carlos, o mestre da caricatura contemporânea em nosso país, teria
Careta (revista humor) sofrido uma perda irreparável se não tem encontrado em Theo
um continuador da obra daquele Grace artista”.
Herman Lima lamentou que o “traço do
fixador da efígie definitiva de todos os nossos figurões da atualidade não se
renove, substancialmente, como aconteceu no caso de J.Carlos, o certo é que seu
lápis tem, a despeito disso, uma qualidade realmente notável, o desenho é limpo
e extremamente correto, na sua alegre
vivacidade, o traço corre harmonioso e elegante, no recorte de corpo e feições.
Há diversidade na concepção das charges, a composição resulta agradável, o
conjunto, muito frequentemente, atinge o máximo de vigor plástico e de sentido
satírico, não sendo difícil lembrar algumas páginas realmente admirável vizinhas
das nossas obras primas do gênero,entre as melhores da caricatura brasileira”.
Fora da sátira política, Theo igualmente demonstrou em inúmeras oportunidades
uma verve tão aguda e espontânea como a de suas farpas contra os homens
políticos.
Um comentário:
Boa texto!
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