Há 100 anos o desenhista russo
Nicolay Tishchenko
(1926-1981) começava a publicar
suas charges no jornal
A Tarde. Foram 16
anos de charges (julho
de 1958 a março
de 1975). Ele ajudou,
com suas charges, a
perceber as ambiguidades
da condição humana, as
contradições disfarçadas,
os anseios e insatisfações.
Seu traço vivo, forte,
fixou nossos tipos, usos
e costumes sociais e
políticos, dando às
suas figuras um décor
próprio. Preferiu a
charge à caricatura,
pois inspirava mais o
riso do que o
terror. Afinal, a
caricatura individualiza
o ataque, abrindo o
flanco a retaliações
diretas. A charge
política é uma
arma de combate que,
além de fazer rir,
leva o leitor à
reflexão, ainda que
sob a ótica de
desconstrução e do
entretenimento.
No início – 1958 – ele não entendia o
coloquialismo do nosso idioma, mas seu traço forte se destacava logo nas
charges que foram publicadas no jornal A Tarde. O russo Tischenko aos poucos
foi conhecendo nossa cultura, nossa política e idioma. Preferiu a charge à
caricatura, pois inspirava mais o riso do que o temor. Afinal, a política é uma
forma de combate que além de fazer rir, deve levar o leitor à reflexão, ainda
que sob a ótica da desconstrução e do entretenimento.
Pintor, chargista e publicitário, seu
traço era marcado pela sensibilidade européia e, naquela época, foi uma grande
sensação no mercado. A repercussão das charges publicadas em A Tarde incentivou
o desenhista a reuni-las no livro Charges. Ele publicou dois livros de charges e
um dedicado “às crianças grandes”, além de uma série de ilustrações para a
Câmara de Vereadores da Cidade. Introspectivo, Tischenko tem trabalhos em
guache, aquarelas e esculturas espalhadas por todas as partes do mundo.
Os primeiros trabalhos do russo Nicolay
Tishchenko foram publicados na Europa, mas foi na Bahia que ele dedicou quase
toda a sua vida às charges e ilustrações. Quem desejar conhecer a trajetória
desse artista, leia o livro O Traço dos Mestres, premiado com o HQ Mix em 1996.
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