Do primeiro ao último presidente que se
instalou no Palácio da Alvorada, nenhum escapou ao olho crítico dos chargistas
brasileiros. Os hóspedes do Palácio do Catete forneceram, durante gerações,
material para alimentar o apetite de irreverências bem temperadas dos nossos chargistas
e caricaturistas.
O povo acompanhou tudo, fazendo marcação
cerrada em cima das atitudes de cada governante para censurá-las com humor e
muita verve, em marchinhas, anedotas, refrões, piadas, apelidos, mas também
aplaudi-las com alambicadas manifestações de afeto e compreensão.
De Deodoro a Temer, a produção
humorística divertiu leitores, ouvintes e telespectadores, mas não ficou
somente no riso e na chacota, pois serviu de estímulo para abrir veredas a
sérias reflexões.
Ninguém pode ficar indiferente ao que
acontece nos salões palacianos, nem alheio às intrigas, conchaves políticos, destemperos
dos governantes, é natural que a imagem dos presidentes tenha sido pintada com
ares fortes por caricaturistas, mas também por uma legião de compositores e
jornalistas ou simplesmente por anônimos galhofeiros, que penetraram com senso
agudo no espírito da época.
Cada época tem seus momentos de humor. A
charge, o cartum e a caricatura se tornam com o tempo documentos indispensáveis
para a reconstrução do passado de um povo.
DEODORO DA FONSECA (1889-1891). O
alagoano que comandou o Governo Provisório tinha o apelido de Generalíssimo.
FLORIANO VIEIRA PEIXOTO (1894-1898).
Outro alagoano teve um governo dos mais contestados da República. Homem de
hábitos frugais, baixo, franzino, lacônico era comparado a bichos peçonhentos
ou de rapina. Teve como apelidos: Marechal de Ferro, Caboclo do Norte e Tabareu
das Alagoas.
PRUDENTE DE MORAIS (1894-1898) era
conhecido, na boca do povo, como Biriba (ar caipira, falta de tato,
incapacidade) ou Pruente Demais e Taciturno do Itamarati.
CAMPOS SALES (1898-1902) ficou conhecido
popularmente como o Patriarca do Banharão, referência à região do Estado de São
Paulo onde se localizavam suas fazendas.
RODRIGUES ALVES (1902-1906) era chamado
Papai Grande, porque ficou viúvo, pai de nove filhos, aos 43anos de idade. Não
mais tornara a casar dedicando todo o seu carinho à filharada.
AFONSO PENA (1906-1909), na boca do povo
era chamado de Tico Tico, devido à pequena estatura, à agilidade e ao
nervosismo.
NILO PEÇANHA (1909-19100, o Moleque
Presepeiro, foi o apelido da imprensa. Expressão equivalente a negrinho ladino,
armador de presepadas.
HERMES DA FONSECA (1920-19140, o
Urucubaca. O tipo de chacota que mais se notabilizou dizia respeito ao incrível
azar do marechal-presidente, daí a urucubaca.
VENCESLAU BRÁS (1914-1918) ficou
praticamente ausente durante todo o período de Hermes. Apelido: Solitário de
Majubá.
DELFIM MOREIRA (1918-1918) assumiu
interinamente para um curto mandato que ficou conhecido como regência
republicana.
EPITÁCIO PESSOA (1919-1922) era chamado
de Tio Pita ( e também Patativado Norte), pela vida social interna que levava
no Palácio do Catete.
ARTUR BERNARDES (1922-1922), apelidado
de Seu Mé, devido a um samba de autoria de Freire Junior e Carece.
WASHINGTOM LUIS (1926-1930), o Rei da Fuzarca, devido a
sua constante presença em bailes carnavalescos, sai ligação com o teatro,
faziam dele um personagem simpático, meio boemia e sofisticado.
EURICO GASPAR DUTRA (1945-1951), o Voxê
qué Xabê. Conhecido como Catedrático do Xilenxio, justificava-se dizendo “as
palavras não foram feitas para serem gastas”. Ele trocava o c e o s pelo x. Ou
mesmo Grão de Bico.
GETÚLIO VARGAS (1951-1954) Era conhecido
como Velho.
JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961), o JK
foi irmanado, na música popular, por Juca Chaves, ao ritmo mais quente da
época, a bossa nova: “Bossa nova é ser presidente/Desta terá descoberta por
Cabral/Para tanto basta ser tão simplesmente/simpático, risonho, original”.
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