“Se lembra quando a gente chegou um dia a
acreditar/Que tudo era pra sempre/Sem saber/
Que o pra sempre/acaba...” (Por Enquanto
(Renato Russo)
“Eu vim/Vim parar na beira do cais/Onde a estrada chegou ao
fim/Onde o fim da tarde é lilás/Onde o mar arrebenta em mim/O lamento de tantos
"ais".”(A Paz, Gilberto Gil e João Donato)
“Amores são águas
doces/paixões são águas salgadas/queria que a vida fosse/essas águas
misturadas” (Memórias das Águas, Roberto Mendes e Jorge Portugal)
“Odemar era carinhosamente chamado pelos amigos
de Dema, uma pessoa alegre e divertida. Nos dias de bebida no bar com a turma
nos distraia com suas histórias e seu humor. Chamava a gente de `biba` (viado)
e nos fazia rir. Nesse período de Covid nos deixou abrindo uma grande saudade e
um vazio para a turma do álcool. Deixou boas lembranças que nunca será
esquecido. Da última vez que vi passeava com a cachorrinha dele da qual não
deixava ninguém chegar perto. Um jeito único de ser e de fazer a gente sorrir.
Com sua fisionomia que lembrava Renato Russo, assim é a imagem que tenho dele.
Irônico e verdadeiro e sem papas na língua, falava o que pensava, pois melhor
seria não brincar com a língua dele. Boa pessoa´´ (Andre Luis Rodrigues Santos,
autônomo).
Arredio!
Nós nos respeitávamos. Ele era um artesão que
sabia como viver bem sem fama e sem dinheiro. Mas sabia viver, livre, leve e
solto. Eu, por outro lado, um pouco mais pesado (pesadíssimo, estressado e
ansioso como quase todo jornalista), sobrecarregado, responsabilizado. Tendo
uma família conflituosa onde tento pesar os pros e contra. Mas Dema me fazia
sair daquele meio e me aprofundar naquilo que amo – os quadrinhos, cinema,
música e literatura, as artes. No tempo
em que vivíamos juntos ele sabía tudo
sobre minha família, participava, ajudava, interagia. Já sobre a família
dele, era tudo mistério. Pouco se sabe ou sabia. Parece que ele gostava e
manter a família distante. So ocasionalmente via (final de ano, por exemplo).
Conquista? Esqueceu, dizia que odiava frio! Ele era arredio (como definiu uma
criança paulistana, filho de Sonia), não tocava no assunto. Eu, por outro lado,
também não tinha lá muitos interesses, já andava ocupado demais com o trabalho,
e o tempo que restava era para ficarmos juntos. E assim, se passaram 40
anos...quatro décadas de aventuras, desafios, risos e choros, abraços, muitos
abraços (mesmo ele sendo aquela pessoa que não gostava do tipo que conversava
pegando nele, detestava, ou mexendo nas panelas enquanto cozinhava). Adorava
beber uma cervejinha como todo brasileiro. Eu sempre odiei bebida, mas batava
um gole e já estava grogue...Agora, de olho no passado, noto que tudo passou
tão de repente...como num piscar de olhos. A vida é assim, breve como um sopro
Você sempre foi
meu abrigo,
meu amigo,
meu amor antigo,
meu bem maior
e mais bonito,
parecia ser infinito,
mas você ganhou asas
e sumiu, sem pena.
Virou poema.
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