09 outubro 2021

Amor de mar, amor Odemar (06)

 

Nascemos para cuidar um dos outros. Cuidamos e somos cuidados desde o momento em que nascemos. Conectamos com a comunidade. Todas as vezes que servirmos a outro temos sentimentos de contentamentos. Generosidade é um bom exemplo de amor ao próximo. Sabemos que o coração manda na gente. Trata-se de uma onda portadora de amor, cuidado, paixão, compaixão. Afeta nosso corpo. Já a raiva nos deixa burros. Emoções positiva funcionam melhor, produz empatia. Todas as coisas são precedidas pela mente, guiadas e criadas pela mente. Tudo o que somos hoje é resultado do que temos pensado. O que hoje pensamos determina o que seremos amanhã. Nossa vida é criação de nossa mente. Você, o oceano, as estrelas...tudo é feito da mesma coisa, energia. Assim, tudo é pura energia. Então seja melhor no que puder ser. Leia o que conta sua irmã Albinha:

 

“Nossa infância foi marcada por muitas traquinagens, brincadeiras e gargalhadas. Éramos inseparáveis e até os vizinhos sabiam. Nos conheciam como o terror da Rua Salgado Filho, afinal fazíamos rima com o nome da senhora Julieta (vocês podem imaginar qual: Julieta, cara de ....). Outro apelido era os capetas de Vina,  que ouvíamos sempre que íamos perturbar a Dona Ana que ficava sentada na sua cadeira de balança em frente à janela. Nossa!!!! Quantas reclamações recebeu nossa querida mãe, Dona Vina.

 

“Quando não saímos para tirar o sossego dos outros, aprontávamos sozinhos. Lembro do dia que me levou para uma árvore com casa de maribondo e você disse: ´vou jogar uma pedra neles e se você ficar embaixo gritando eu tô fedendo, eles não vão te machucar`. Resultado, diversas ferroadas na cabeça, mas logo fazíamos as pazes.

 


“O que dizer de você: mestre da cozinha, era o único que sabia fazer o biscoito de goma de nossa mãe; autodidata, afinal tudo que queria fazer, aprendia e executava com maestria; artesão, através da confecção de roupas, bolsas, pinturas e oratórios; intenso, pois tinha pressa e vontade de viver (nem sentava para comer, não é!!!). Hoje, meu irmão, com os olhos transbordando em lágrimas, resgato da memória e deixo registrado aqui alguns momentos vividos e saiba que sempre te amarei e que nos encontraremos um dia!!!!” (Albinha Alves, irmã)

 

Depoimento da amiga Zete: “Era uma manhã azul, como tantos dias azuis acontecem em salvador, terra de céu de brigadeiro. Subimos a ladeira de Santana, adentramos por um portão de portas largas e chegamos num apartamento sobre o qual não lembro o número, só me vem a memória a porta se abrindo e surgindo no interior da sala um rapaz sentado, como regularmente se  senta em algumas cidades do  interior da Bahia, no chão com as pernas abertas, pintando uma série de bonequinhos feitos de gude e colados com durepoxi.

 

“Falou rapidamente com a colega que me acompanhava, da qual era amigo, me apresentou o apartamento, indagou sobre minha vida profissional e ao final da manhã quando nos preparávamos para ir embora, me olhou nos olhos e cantou esse trechinho  de uma canção gravada por Elba Ramalho. ´Não se esqueça que sou dono dos teus olhos, faz favor de não espiar pra mais ninguém...´.  Assim se deu nosso primeiro encontro.

 

“De lá pra cá, não me recordo o ano, nos tornamos inseparáveis. Ele se mudou pra Saúde, eu também, ou foi o inverso, sem recordos quanto a isso, só sei que nunca mais nos separamos. Comparecíamos em todas ás festas de largo, íamos a todos os bailes que abriam o carnaval, Meridien, quatro rodas, dentre outros.


 

“Entre tantas passagens hilárias que permearam nossas vidas, uma merece registro. Foi na primeira festa que fomos de abertura do carnaval no antigo hotel Meridien. Gutemberg Cruz ligou que estava de posse de três ingressos para irmos à noite na festa. Surge então o problema, problemão, com que roupa eu iria, já que o baile exigia uma fantasia. Criativo como era, me propôs que fossemos comprar alguma coisa pra que eu pudesse usar.  Descemos a ladeira do alvo, na saúde, descambamos na barroquinha onde  você comprou algumas folhas de papel crepom, máscaras e uns colares. Chegamos em sua casa, saúde, começou a costurar e colar as folhas de crepom, no que resultou uma saia (curtíssima) e uma mini blusa. Resolvido o problema, partimos pra festa, passamos largas horas dançando, bebendo e curtindo desvairadamente o baile carnavalesco, quando nos demos conta,  já era lá pras quatro da manhã, retornamos de taxi, não lembro o motivo de termos descido na barroquinha, visto que ali, tem uma dessas tantas ladeiras típicas de salvador que é comprida e demasiado íngreme, subimos e quando  olhei pra baixo, percebi que metade da minha saia havia ficado no taxi, me encontrava totalmente despida do lado direito, quase tivemos uma síncope de tanto rir.

 

“Pois é meu queridíssimo amigo, irmão, amor, nosso encontro foi mágico, como também o foi toda nossa convivência. Peço perdão pela demora pra escrever esse textinho, você sabe que sempre fui lenta para assimilar às coisas, é que fiquei num estado ainda maior de letargia quando soube da sua partida tão repentina, queria acreditar que era um sonho e que quando acordasse, iria te encontrar pra tomarmos a cerveja mais gelada da saúde. Acho que hoje acordei” (Nilzete Alves, amiga).

 

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