A cabeleira
totalmente branca contrastando
com a pele negra,
o cantor e compositor
Batatinha(1924-1997)
– ou o cidadão Oscar
da Penha – conservou
a mesma simplicidade
quando era office boy
do Diário de Notícias.
Foram mais de 70
anos bem vividos. Ele
foi gráfico e funcionário
público. Nasceu em
Salvador no dia
05 de agosto de
1924. Esta semana comemora-se 90 anos de seu nascimento. Desde
garoto que cantava nas
ruas, nas festas, gafieiras.
Foi cantando todo o
repertório do compositor
Vassourinha que deu
origem a veia do
sambista, do cantor
e do intérprete
Batatinha (apelido dado
pelo radialista Antonio Maria
na década de 1940
baseado na gíria “batata”,
que quer dizer gente
boa).
Ao participar
do Campeonato do Samba,
da Rádio Sociedade
da Bahia com sua
música “O Inventor do
Trabalho”, sagrou-se
campeão. Com o
conjunto vocal Ases
do Ritmo ele começou
a compor e nunca
mais parou. Foram muitos
anos de batalha para
conseguir gravar suas
músicas. Compositor
que lançou a capoeira
na música brasileira,
“Bossa e Capoeira”,
teve parceria com Jairo
Simões, Ederaldo Gentil,
Edil Pacheco, Lula Carvalho,
Jota Luna, além de
músicas gravadas por
Maria Bethânia, Caetano Veloso
e muitos outros.
“Sofrer
também é merecimento/cada
um tem
seu momento/quando
a hora
é da
razão/alguém vai
sambar comigo/e
o nome
eu não
digo/guardo tudo
no coração”
(Hora da
Razão, de
Batatinha e J.Luna)
Com mais
de 70 anos de
idade, ele conservou
a vitalidade e alegria
de viver, que raramente
transparece em seus
versos, muito mais
voltado para o
outro lado da trama
humana: o sofrimento,
a dor (pelo menos
nas músicas que fizeram mais
sucesso). Na sabedoria
de quem viveu desde
cedo no samba, o
curtido Batatinha
transmite em suas
letras lições de vida:
a arte de dar
a volta por cima,
de saber sorrir na
tristeza, celebrando
o estoicismo, a
face mais oculta do
povo brasileiro. Autor
de sucessos como Diplomacia,
Toalha da Saudade, O
Circo, Hora da Razão
e Imitação da Vida.
Simples, alegre e
bom de samba. Assim
foi Batatinha, definido por
Riachão como “uma
cabeça cheia de cabelos
brancos e cada
fio uma nota musical”.
O compositor
e letrista José Carlos
Capinam assim se
expressou sobre a
obra de Batatinha:
“Seus ritmos são movimentos
que aprendeu no convívio
com as formas do
samba de rua, sambas
de roda, além daqueles
das canções que parecem
nascer da percepção
da pulsação mais tranquilo
do universo”. O
cantor e compositor
Edil Pacheco comentou que
“Batatinha foi o
primeiro na introdução
de sons e elementos
da capoeira na MPB.
Um exemplo
disso é a
música Bossa e Capoeira,
gravada pelo Inema
Trio, nos anos 60.
Batatinha era a
expressão do povo
da Bahia, encarnado
o mito do samba”.
“É
a toalha
da saudade/pra
minha infelicidade/não
vai ornamentar/e
pra não
sofrer desilusão/nem
passar decepção/eu
vou sambar”
(Toalha da
Saudade, de
Batatinha)
O poeta
e jornalista Jehová de Carvalho na
apresentação do disco
Toalha da Saudade (1976),escreveu: “Mostro-lhes
o mundo de um
baiano simples, puro, sem
compromissos artesanais,
sem ânsia de assimilação
do comportamento artístico
de outros compositores
de sua origem e
de tempo. O mundo
que ele mesmo recria,
em sua experiencia
quotidiana. Dai o
respeito com que
recebemos o que
desse mesmo mundo Batatinha
devolve aos brasileiros
em forma de samba”.
Em 1960,
Jamelão gravou “Jajá
da Gamboa”, introduzindo
Batatinha no sul
do Brasil. Em 1973,
aos 49 anos, gravou
Samba da Bahia, o
primeiro disco, dividido
com Panela e Riachão.
Gostava de comparar
a sua situação com
a de outro grande
do samba, Cartola, achando
vantajoso o fato
de ter chegado ao
disco naquela idade, ao
contrário do carioca,
que gravou com 60
anos. Nesse ano o
compositor homenageou
Paulinho da Viola
com a música “Ministro
do Samba”.
HUMOR
GRÁFICO NA BAHIA
Uma
exposição com as obras dos precursores do grafismo baiano (cartum, caricatura,
charge e quadrinhos) até os dias atuais é de grande necessidade para o grande
público (jovem e adulto).
É
necessário apresentar ao público a história desses artistas que continuam invisíveis
e são importantes no registro dos acontecimentos históricos e sociais.
Por
esse motivo, vamos apresentar em 2015 uma grande exposição de humor gráfico na
Bahia e queremos a participação de todos os artistas.
Paraguassu,
K-Lunga, Tischenko, Sinézio Alves, Fernando Diniz, Theo, Lage, Setubal, Nildão,
Ruy Carvalho, Cedraz, Cau Gomez, Bfruno Aziz, Valterio, Flavio Luis, Luis
Augusto, Valmar Oliveira, Andre Leal, Angelo Roberto, Eduardo Barbosa, Gentil,
Jorge Silva, Carlos Ferraz, Helson Ramos, Hector Salas, Tulio Carapiá, Sidney
Falcão são alguns dos artistas cujas obras estarão na mostra.
Participe,
colabore. Contato: gutecruz@bol.com.br
-----------------------------------------------------------------
Quem desejar adquirir o livro Bahia
um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda
nas livrarias
LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro
Alves), na Pérola Negra (Barris em frente a Biblioteca Pública), na Midialouca
(Rua das Laranjeiras, 28, Pelourinho. Tel: 3321-1596) e Canabrava (Rua João de
Deus, 22, Pelourinho). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra
encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho.
Tel: 3347-4929.
Um comentário:
No trecho que Capinan diz de ser o primeiro a introduzir a capoeira na MPB , e Cayme? mais velho , a musica dele antece a bossa nova e poe tambem muito elementos da capoeira. talvez nosso mestre Batatinha tenha se inspirado nele , pra seguir com seu samba rico em harmonia e curiosidades.
Postar um comentário