No dia 31 de dezembro
de 1980 morria o filósofo e educador canadense Marshall McLuhan. Criador da
ideia de "aldeia global" trouxe para a educação novo enfoque, baseado
em suas teorias sobre comunicação. "Uma rede mundial de ordenadores
tornará acessível, em alguns minutos, todo o tipo de informação aos estudantes
do mundo inteiro". Em tempos de internet, essa frase é óbvia. Quando foi
dita, há mais de 27 anos atrás, parecia extraída de um livro de ficção. O autor
foi chamado de sonhador a louco, conforme a simpatia que suas ideias
provocavam.
McLuhan estava com
razão quando dizia que a tecnologia se tornou uma extensão do corpo, seu
prolongamento - e por isso o afeta, moldando também as mentes que o gerem. Com
a revolução da tecnologia eletrônica, não são só os meios que transformaram,
mas o próprio homem entrou em metamorfose. Com o novo universo globalizado,
McLuhan tem razão, tudo se torna mais rápido e mais frouxo, mas também menos
privado e menos sectário. McLuhan - ele também um “literato” que estudou em
Cambridge, devorou os grandes clássicos e estudou Teilhard de Chardin - foi
influenciado pelas ideias do teólogo francês, que via nessa grande malha
tecnológica uma espécie de manifestação da divindade; mas, apesar disso, não se
deixou seduzir, nunca, pelas especulações místicas e se comportou, sempre, como
um cientista.
EXTENSÕES – Em 1964,
McLuhan publicou um livro chamado Understanding Media (Os meios de comunicação
como extensões do homem), um dos clássicos da comunicação – mais discutido do
que lido, mais desprezado do que estudado. A grande novidade do autor em
relação à educação é o enfoque, baseado em suas teorias sobre comunicação –
mais uma vez, adiantando-se à criação de um campo de estudos, Comunicação e
Educação, que só seria explorado na década dos 90. "Em nossas cidades, a
maior parte da aprendizagem ocorre fora da sala de aula. A quantidade de
informações transmitidas pela imprensa excede, de longe, a quantidade de
informações transmitidas pela instrução e textos escolares", explica
McLuhan, em seu livro Revolução na Comunicação.
McLuhan propõe que,
até o surgimento da televisão, vivíamos na "galáxia de Gutemberg"
onde todo o conhecimento era visto apenas em sua dimensão visual. Sua ideia é
simples: antigamente, o conhecimento era transmitido oralmente, por lendas,
histórias e tradições. Quando Gutemberg inventou a imprensa, permitiu que o
conhecimento fosse mais difundido. Mas, por outro lado, reduziu a comunicação a
um único aspecto, o escrito. "Antes da imprensa, o jovem aprendia ouvindo,
observando, fazendo. A aprendizagem tinha lugar fora da aula", explica o
autor.
Crítico feroz da
escola tradicional, o autor canadense aponta os defeitos do sistema atual, que,
segundo ele, prefere criticar a mídia, em vez de utilizá-la como aliada na
educação. "Poucos estudantes conseguem adquirir proficiência na análise de
um jornal. Ainda menos têm capacidade para discutir com inteligência um
filme." Irônico, afirma que "a educação escolar tradicional dispõe de
um impressionante acervo de meios próprios para suscitar em nós o desgosto por
qualquer atividade humana, por mais atraente que seja na partida". Muito
antes de alguém falar em "aspectos lúdicos da educação", McLuhan já dizia
que o estudo deveria ser uma atividade divertida. A escola, para ele, ainda não
tinha percebido essa realidade óbvia. E completa: "É ilusório supor que
existe qualquer diferença básica entre entretenimento e educação. Sempre foi
verdade que tudo o que agrada ensina mais eficazmente".
GLOBAL - No prefácio
de Understanding Media, McLuhan ele diz que: “Hoje, depois de mais de
um século
de tecnologia elétrica, projetamos nosso próprio sistema nervoso central num
abraço global, abolindo tempo e espaço. Estamos nos aproximando rapidamente da
fase final das extensões do homem: a simulação tecnológica da consciência, pela
qual o processo criativo do conhecimento se estenderá coletiva e
corporativamente a toda a sociedade humana”. E, mais adiante: “Eletricamente
contraído, o globo já não é mais do que uma aldeia”.
Na primeira afirmação
McLuhan alude a um “abraço global” que uniria todas as pessoas numa espécie de
consciência coletiva, na segunda ele complementa essa ideia mencionando a
inclusão das minorias na vida cotidiana de todos, por intermédio de meios que
em seu tempo eram apenas elétricos (rádio e TV), e hoje são eletrônicos
(Internet).
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