Nossa música se apoia no tripé
índio-português-africano de que herdamos todo um instrumental básico e um
sistema harmônico, além de cantos, danças e representações, até um ritmo e uma
cadência apimentada, de sabor nacional. A música fazia parte do dia a dia de
nossos índios, que a tocava por puro prazer, ou em seus rituais religiosos.
Para acompanhar suas canções ou tocar sozinhos, os índios criaram os mais
variados instrumentos musicais, desde chocalhos e tambores, até flautas,
trombetas e apitos.
Via Portugal nos chegaram ainda
praticamente todos os instrumentos musicais europeus, sobretudo os de corda –
como o violão, o cavaquinho e a viola, mas também os de sopro – como o trombone
e a clarineta – e outros mais, como o pandeiro, a sanfona e o piano. A música
trazida pelos jesuítas se fazia presente nos autos (dramas religiosos), mas
também nas procissões, missas e outras cerimônias (canto chão).
Embora trazido como escravo da
África (e assim mantido à força por mais de três séculos), o negro logrou
cultivar a sua alegria que se manifestou na dança. E o instrumental africano
inclui uma grande variedade de tambores (atabaques, cuícas), o reco reco,
agogô, marimba, o banzé e o berimbau da capoeira.
A contribuição espanhola inclui
ritmos como o fandango, o zarambeque e a tirania. Da França nos chegaram cantos
de roda infantis que aqui ganharam livres versões e também algumas quadrilhas.
CHORO – Nascido por volta de 1870 ainda com um jeito brasileiro
dos conjuntos à base de violões e cavaquinhos tocarem os gêneros dançantes
europeus em voga na época, o choro acabaria por se impor como um fascinante
gênero musical.
CARNAVAL – Antigo como a
humanidade, o Carnaval só começaria a ser festejado no Brasil em 1840. De lá
para cá, porém, evoluiria sempre, passando do zé pereira ao corso, do entrudo
às festas de salão. Da música não específica às marchas especialmente composta
para ela. Sua explosão se verificaria a partir de 1917, com a evolução do samba
e da suas escolas. E pelo Brasil adentro criou-se outras variações como o frevo
pernambucano e o trio elétrico baiano.
RÁDIO - A força do radio, nos
anos 1940 e 1950, foi tão abrangente e irresistível que o Brasil inteiro cantou
em coro com os astros e estrelas do microfone: o xaxado e baião de Luiz
Gonzaga, a música caipira de Alvarenga & Ranchinho, Jararaca & Ratinho,
a disputa entre as duas mais populares cantoras – Emilinha Borba e Marlene.
Teve ainda Dalva de Oliveira, Cauby Peixoto, Angela Maria entre outros.
BOSSA - Das reuniões intimistas
de jovens músicos, a bossa nova aporta oficialmente nos toca discos brasileiros
em 1958, com João Gilberto e o seu Chega de Saudade.
Fusão do samba e jazz com
tintura erudita, a bossa aos poucos ganha espaço, deságua numa corrente
política e se projeta no exterior. Com o movimento estão Tom Jobim, Vinicius de
Moraes, Carlos Lyra e Nara Leão.
TEVÊ - Inaugurada no Brasil em
1950, a televisão engatinhou por quase uma década, sendo a música parte integrante
de seu amadurecimento progresso. Mas a aliança tele musical só ocorreu em
meados de 1960, quando o filão do humor já começou a cansar e as novelas
ainda não tinha encontrado seu formato
ideal de folhetim eletrônico. O gênero de massificação da música através da TV
(e vice versa) ocorreu entre 1965 e 1968 com os festivais.
TROPICALISMO - Entre os anos 1967
a 1969 foram movimentos de explosão criativa no mundo, e no Brasil ele
aconteceu muito forte na música que se tornou porta-voz e bandeira dos jovens.
Através do tropicalismo, movimento irreverente e informal, mas dotado de uma
sólida base teórica e com uma praxis avassaladora e irresistível, conciliaram
polos até então antagônicos no Brasil – como universalismo e regionalismo, o
político e o individual, o épico e o lírico.
ROCK - O rock no Brasil traduziu
o país no compasso da eletricidade. Desde a ingenuidade dos primeiros tempos,
transformada em sucesso de massa com a Jovem Guarda e devorada pelo
Tropicalismo, a marginalidade underground dos anos 1970 e a ocupação do mercado
nos anos 1980 são momentos
de um processo acidentado. Mas hoje o Brasil já tem
a sua tradição roqueira – e na confluência de muitas linguagens e
experimentações.
CONSAGRADOS - Dos anos 1970 a
1980 imprensada pela censura e empobrecida pelo exílio de vários artistas de
peso a música popular brasileira teve seu traçado alterado, mas não impediu de
consagrar talento como o compositor e cantor Milton Nascimento, do saxofonista
Paulo Moura, do multi instrumentista Hermeto Paschoal, da voz nordestina de
Elba Ramalho, do soul de Tim Maia e
Luiz Melodia. Ainda: João Bosco, Chico
Buarque, Ney Matogrosso...
ERUDITOS - Na poderosa e
envolvente magia dos sons as fronteiras do popular e erudito se encontra: o rio
não é mais rio., o mar o invadiu, mas continua doce.... Ernesto Nazaré, Heitor
Villa Lobos, Radamés Gnattali, Edino Krieger, Marlos Nobre, Ernest Widmer,
Lindenberg Cardoso, Sivuca, Carlos Gomes. O resultado é empolgante, seja
popular ou erudito.
------------------------------------------------
Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do
nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Espaço Cultural Itau
Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em
frente a Biblioteca Pública), na Midialouca (Rua das Laranjeiras, 28,
Pelourinho. Tel: 3321-1596) e Canabrava (Rua João de Deus, 22, Pelourinho). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro
Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929
Nenhum comentário:
Postar um comentário