O
primeiro passo
foi colocar
na tela
o choque
de culturas,
as relações
entre os
colonizadores brancos
e os
índios brasileiros
(Como Era
Gostoso o Meu
Francês). O passo
seguinte foi
levar o espectador
a se
sentir como
um índio
através do
processo de
identificação cinematográfico.
È a violência
de um
grupo contra
outro na
sociedade contemporânea
(Uirá, um
índio a procura
de Deus).
Depois mostra
a vida
de duas
tribos, uma
disputa nobre
de coragem
e força
de guerreiro,
de honraria
e amizade
ao estranho
que visita
uma aldeia
em paz.
Na cena
final, um
salto para
a sociedade
do homem
branco (A
Lenda de
Ubirajara ).
Este salto
se repete
(Ajuricaba, o rebelde
da Amazônia)
onde o índio,
mudo, fica
em cena,
acorrentado pelo
branco, se
transforma num
marginal.
Esses
filmes usam
o índio
como uma
representação do
homem comum,
usam o conflito
entre colonizador
e índios
como uma
encenação do
sistema em
que estamos
vivendo. Representam
o mecanismo
social injusto
em que
todos estamos
vivendo. Diante
dos massacres
de tribos
inteiras do
Xingu, da
perseguição, da
posse das
terras e de
todo tipo
de torturas
(da destruição,
do genocídio
) tornou-se
impossível não
falar de
índio. (Texto
de Gutemberg
Cruz Andrade
publicado no
2o Caderno
da Tribuna
da Bahia
de 07
de abril
de 1978).
Uma nova
descoberta do cinema
brasileiro nos últimos
anos: o índio. O
cangaceiro, que era
personagem tipico e
até uma representação
critica da realidade
brasileira, parece estar
sendo substituído pelo
índio. O
filme brasileiro centrado sobre
a figura do índio
tem o mérito de
discutir as nossas
origens culturais
e o processo de
colonização permanente
do mais fraco pelo
mais forte.
“Como Era gostoso
o Meu Francês” (1971),
de Nélson Pereira dos
Santos, “Uirá” (1974),
de Gustavo Dahl, “A
Lenda de Ubirajara”
(1975), de André
Luis Oliveira e recentemente
“Ajuricaba”, de
Oswaldo Caldeira,
procuram questionar
a própria
identidade cultural do
Brasil e os processos
de sua formação passada
e atual. Ao reconstituir
o fato histórico,
esses cineastas aprofundam
suas reflexões.
Mostram toda a
luta entre um grupo
materialmente mais forte
(o colonizador) que
se serve de violência
às vezes física, às
vezes moral, para impor
a outro grupo (o
índio) um determinado
modelo de sociedade.
O Cinema
brasileiro de hoje
anseia por filmes que
narrem o que acontece
com as pessoas – disse
Gustavo Dahl – e
que uma consciência
de nacionalidade parece
ter inspirado os filmes
sobre índio. Houve uma espécie
de superposição de
momentos. De um
lado, um crescente
interesse
pela antropologia
e pelos povos primitivos.
De outro, está havendo,
também, em plano
mundial, um questionamento
da vida “civilizada”
(poluição, superpopulação
dos grandes centros, etc).
Além desses dois momentos,
um terceiro parece ter
motivado a realização
desses filmes: há no
Brasil um movimento
de reconciliação com
o brasileiro. Há
um boom nacionalista
no plano da consciência,
na qual a raiz
indígena sempre esteve
plantada, mas sem
florescer. Pensava-se sempre nas
raças brancas e negras.
Agora fechou-se o triângulo
da nacionalidade (…).
Da mesma forma que
herdamos a cultura
da raça negra, estamos
agora tomando consciência
de que herdamos também
os valores da raça
índia.
André Luiz
Oliveira, referindo-se
ao motivo da escolha
de um romance de
José de Alencar para
o cinema, explicou:
“Todos os problemas
do homem contemporâneo
têm as suas raízes
no mundo primitivo”.
E lembrou uma citação
de Artaud: “È nos
primitivos que você
vai buscar a terceira
revolução. Uma nova
consciência do homem
frente aos problemas
do mundo moderno e
todas as suas contradições
sociais, politicas,
culturais e sexuais”.
O nordestino – diz André
– que foi mostrado na
sua manifestação de
poder, de força e
de crueldade, como cangaceiro,
será transfigurado na
força espiritual do índio
destruído pela civilização
branca.
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