O cantor
e compositor Moraes Moreira canta em alto e bom som “eu gosto de
ser baiano/ai, ai Bahia/ando perguntando/quem é que não
poderia...”. E das músicas que compôs, ele informa que “Chame
Gente” é a que melhor retrata o Estado, fala da mistura de raça e
da forma que o baiano encara a vida, apesar das dificuldades:
“Ah!
imagina só que loucura/essa mistura/alegria, alegria é o estado que
chamamos Bahia/de todos os santos, encontros e axé/sagrado e
profano/o baiano é Carnaval//No corredor da história/Vitória,
Lapinha, Caminho de Areia/pelas ruas, pelas veias, escorre/o sangue e
o vinho, pelo mangue, Pelourinho/a pé ou de caminhão não pode
faltar a fé, o Carnaval vai passar/da Sé ao Campo Grande/somos os
Filhos de Gandhy,/de Dodô e Osmar”.
Um dos
locais mais conhecidos de Salvador e famoso no Carnaval das décadas
de 70 e 80 foi cantado pelo santo amarense Caetano Veloso: “A praça
Castro Alves é do povo/como o céu é do avião/um frevo novo/eu
quero um frevo novo/todo mundo na praça/muita gente sem graça no
salão”.
Outro
local popular, sede do bloco afro Ilê Ayê, foi saudado pelo
compositor Gerônimo: “Eu sou negão/meu coração é Liberdade/sou
do Curuzu, Ilê”. Já Gilberto Gil cantou o misticismo do povo
baiano em “Eu Vim da Bahia”: “Onde a gente não tem pra comer,
mas de fome não morre/porque a Bahia tem mãe Yemanjá/do outro lado
o Senhor do Bonfim/que ajuda o baiano a viver”. E até Ivete
Sangalo concluiu: “Falar o quê/quando pisa nessa terra/alegria
toma conta de você”. E assim, dos antigos aos atuais compositores,
a Bahia continua na boca do povo.
Um dos
poucos que ousaram cantar o outro lado da Bahia foi o poeta Gregório
de Mattos (1636-1696) que compôs o soneto Triste Bahia. O poema
adquiriu popularidade quando foi gravado por Caetano Veloso em 1972:
“Triste Bahia! Oh quão dessemelhante/estás e estou do nosso
antigo Estado/pobre de ti vejo a ti/tu a me empenhado...”, dizia os
primeiros versos do poeta que ficou conhecido como Boca do Inferno.
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