07 dezembro 2012

Mascarados da pop music (1)

A década de 1970 foi de explosão da música de grupos de mascarados. Tinha Alice Cooper, David Bowie, Secos & Molhados, Kisss... Mas bem antes desses existia Os Mamíferos na cena musical de Vitória, Espírito Santo, a partir de 1966. O trio era composto de Afonso Abreu, Mário Ruy e Marco Antônio Grijó. Eles assanhavam as plateias com uma performance psicodélicas, os rostos pintado, maquiagem pesada e a atuação insana e performática de um cantor andrógino (Aprígio Lírio).

A banda tornou-se uma espécie de célula vanguardista no decorrer dos anos e foi amealhando intelectuais e músicos pelo caminho. Torquato Neto, por exemplo, menciona a banda no livro póstumo Os Últimos Dias de Pompeia. Depois disso ninguém mais nunca ouviu falar do grupo, entrou no limbo junto com o movimento beat americano que eles eram tão fans.

Em 1969, Vincent Furnier trouxe um circo de excessos para o rock na virada dos anos 1960 para os 70. Alice Cooper chegou. Ele inventou o rock teatral, afrontou costumes, criou tendência, incitou uma verdadeira revolução sexual e acima de tudo, escreveu em forma de música uma verdadeira biblioteca de rock clássico. Vincent Furnier começou usando o nome Alice Cooper para o personagem andrógino que encanava durante seus shows. As apresentações eram regadas de violência performática como um verdadeiro circo repleto por psicodelia e rock progressivo.

Alice Cooper no palco era um espetáculo à parte. Um maluco numa camisa de força que escapa e estrangula a enfermeira, Alice sempre usou uma série de elementos de teatro para representar suas músicas e em todos os shows ele era executado como uma tentativa de redimir a plateia que o acompanhava ensandecida. No início ele era executado numa cadeira elétrica, mas conforme suas transgressões aumentavam, sua morte também foi sendo cada vez mais fantástica. Ele foi enforcado e chegou a ser guilhotinado em seus shows. Mas outro assunto com o qual Alice sempre gostou de mexer é a ressurreição. Alice sempre voltava dos mortos a tempo de fazer o último bis!

O ano de 1970 o Major Tom chegou na música inglesa, e em 1972 a androgenia definitiva de David Bowie com a explosão do glam rock trazendo Ziggy Stardust e o disco The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars. É a história de um alienígena, encarnado pelo cantor inglês, que vem à Terra com o intuito de passar uma mensagem de esperança nos últimos cinco anos de existência do planeta, que iria acabar devido à falta de recursos naturais
Bowie utilizou toda a sua apurada imaginação e senso estético para criar o personagem do rock star alienígena que vinha do espaço para salvar a Terra. O disco reúne algumas das composições mais famosas de Bowie como “Starman”, Sufragette City” e a homônima “Ziggy Stardust”, e se tornou um verdadeiro marco do chamado glam rock. Pouco tempo depois, Bowie assassinaria seu personagem em pleno palco. Era o fim de uma verdadeira febre que tomou de assalto a Inglaterra e, posteriormente, o mundo. Mas errou quem profetizou que o fim de Ziggy Stardust era o fim de Bowie. O camaleão ainda tinha planos muito ambiciosos para o futuro. Depois viriam o andrógino Aladdin Sane, o sombrio Thin White e o isolado artista kraut dos discos gravados durante o autoexílio na então murada cidade alemã de Berlim. Até que vieram os anos 80 e a confirmação de Bowie como um megastar do rock´n´roll, agora desprovido de personas e alter-egos.

Na época, aqui no Brasil, Os Brazões, criado pelo baiano Miguel de Deus (o mesmo mentor de Assim Assado), inspirava-se principalmente na umbanda. Miguel nasceu em Ilhéus, na Bahia. Já morando no Rio de Janeiro em meados de 1969, formou a banda Os Brazões que explorava as influências africanas na música e na maneira de vestir e dançar. A banda fazia uma mistura de rock e psicodelia com elementos da música brasileira e africana e chegou a acompanhar Gal Costa em uma de suas turnês no final dos anos 60. Em 1974, Miguel de Deus criou a banda “Assim Assado”, muito bem “inspirado” no grupo Secos e Molhados. A banda fez sucesso como Gotham City, em 1969, música de Jards Macalé que o grupo defendia no IV Festival Internacional da Canção. Em 1974 o progressivo Assim Assado surgiu como uma continuidade de Os Brazões e fez um só disco. Depois disso, Miguel de Deus enveredaria pelo funk.

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