Disco,
filme e museu. Cem anos depois de seu nascimento, a obra do
compositor pernambucano é resgatada. Nascido em 13 de dezembro de
1912, Luiz Gonzaga conseguiu despertar em cada brasileiro um
autêntico nordestino, cantando as dores, saudades e alegrias do
sertanejo. Em seus 77 anos de vida, reuniu uma obra poucas vezes
atingida por outros artistas, tanto em quantidade quanto em
qualidade. Mostrou ao Brasil e ao mundo a beleza do forró, do
xaxado, do xote, do maracatu e, principalmente, de sua criação: o
baião.
Regravações
de valsas que ele compôs na década de 40 e algumas ganharam letras
inéditas de Zeca Baleiro, Abel Silva, Fernando Brant e Capinan.
“Luas do Gonzaga” é o título do álbum que tem o cantor e
violonista baiano, Gereba à frente do projeto. Um longa metragem
baseado na biografia da jornalista Regina Echeverria (Gonzaguinha e
Gonzagão – Explode Coração) tem a direção de Breno Silveira, o
mesmo de Dois Filhos de Francisco. Um museu e um complexo cultural em
Recife vão reunir a obra e a história do Meste Lua.
Mais de
vinte anos depois da morte de Luiz Gonzaga, o som de sua sanfona está
cada vez mais presente nas salas de reboco das casas do sertão e nos
mais diversos auditórios e palanques, enchendo de emoção e lirismo
platéias de todas as categorias sociais. O forró pé-de-serra,
introduzido no Brasil pelo Luiz Gonzaga na década de 40, conquista o
mercado, concorrendo com outros ritmos brasileiros e estrangeiros. "O
baião, coco, rojão, quadrilha, xaxado e xote caracterizam o forró
e tem cheiro de carne de bode assada", comparou o velho
Gonzagão, acrescentando que é uma música com a cara do Nordeste,
que canta, ri, chora e "faz pouco" do seu secular
sofrimento.
“Quando
olhei a terra ardendo/Qual fogueira de São João/Eu perguntei a Deus
do céu, ai/Por que tamanha judiação” ("Asa Branca",
com Humberto Teixeira)
PRESENTE
- Luiz do Nascimento Gonzaga nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na
Fazenda Caiçara, município de Exu, ao lado da casa onde morou a
heroína cearense Bárbara de Alencar. Morreu no dia 2 de agosto de
1989. A escola gonzagueana está cada vez mais presente na vida das
novas gerações, vindas das mais diversas categorias sociais.
Intérprete
de sucessos imortais nos mais variados ritmos, muitos outros cantores
gravaram Luiz Gonzaga a partir do início dos anos setenta, entre os
quais Geraldo Vandré (Asa-Branca), Gilberto Gil (Vem Morena),
Caetano Veloso (A Volta da Asa-Branca) e até o grego Demis Roussos
(White Wings/Asa-Branca). Essa afinidade com a nova geração musical
brasileira - principalmente com os baianos - fez a gravadora RCA
lançar em 1971 o disco ''O Canto Jovem de Luiz Gonzaga”, com
músicas de Caetano Veloso, Edu Lobo, Geraldo Vandré, Gilberto Gil,
Dori Caymmi. O elepê gerou em março de 1972 o show ''Luiz Gonzaga
Volta Pra Curtir'', no Teatro Tereza Raquel, no Rio de Janeiro.
Suas
músicas correram o mundo, "Asa Branca" teve interpretações
em Israel, na Itália, Estados Unidos e Japão. Luiz Gonzaga ganhou
diversos prêmios. Em 1976, recebeu o título de cidadão cearense,
em 77 entrou na versão brasileira da Enciclopédia Universal
Britânica, em 78 cantou para o Papa João Paulo II, e, em 81, ganhou
dois discos de ouro. Embora sendo o terceiro artista mundial a
receber o ''Cachorinho da RCA'', prêmio entregue anteriormente
apenas para Elvis Presley e Nelson Gonçalves, o verdadeiro
reconhecimento do valor de sua obra veio ainda em 1984. Luiz Gonzaga
foi o grande homenageado na noite da entrega do Prêmio Shell para os
melhores da Música Popular Brasileira. Segundo a crítica
especializada, um prêmio justo e merecido para quem, em muitos anos
de carreira artística somente recebeu dois Discos de Ouro e em 1981,
o mesmo ano em que a classe artística se reuniu para homenagear Luiz
Gonzaga em um show promovido pelo Cebrade. Em 1985 Luiz Gonzaga foi
premiado com o ''Nipper de Ouro'' pelo conjunto de sua obra.
“Gonzaga
é nosso primeiro artista pop. Com sua música, emendou pela primeira
vez as pontas desse país, Nordeste e Sudeste”, informou o cineasta
Breno Silveira. “Ele era o nosso Elvis Presley. Antes dele, ninguém
por aqui ainda tinha pensado em criar um personagem para fazer
música, com conceitos definidos de figurino e tudo mais. Ele
inventou isso”, diz o líder da banda Cordel do Fogo Encantado,
Lirinha. Para Lenine, Gonzagão foi o precursor do artista vestido,
com música e com luz num ginásio. Ele e o letrista Humberto
Teixeira, “botaram o Nordeste no centro da atenção, no mapa do
Brasil”.
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Um comentário:
Foi o melhor que li até agora sobre Luiz Gonzaga. Claro, de forma resumida, pois a vida do Rei do Baião, bem sabemos, dá se para escrever livros... mas que ótimo post Gutemberg!!
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