FOTO NA HISTORIETA
Diferentemente
do artista maltês Joe Sacco, o francês Didier Lefèvre não
desenha, fotografa, mas assim como ele, decidiu ir ao front fazer uma
espécie de reportagem em quadrinhos. Com o auxílio de Emmanuel
Guibert no texto e na arte; e de Frédéric Lemercier nas cores e
diagramação, Lefèvre fez de "O fotógrafo" (Conrad
editora) um livro de leitura obrigatória devido à sua ousada
narrativa, em que mescla texto, ilustrações e fotografias para
contar a guerra no Afeganistão na década de 80. Ele mostra ao mundo
a história e a cultura de um país arrasado pela pobreza e pela
guerra durante a invasão soviética em 1986. Na época, o país era
dominado por soviéticos, e revolucionários comandavam uma guerrilha
financiada pelos Estados Unidos. No primeiro álbum mostra o
fotógrafo Lefèvre acompanhando uma expedição da Médico Sem
Fronteiras em território afegão em plena guerra do país contra a
União Soviética em 1986. Compartilhamos com ele as dificuldades de
relacionamento entre os integrantes da equipe, o esforço da
caminhada em terreno árido e os perigos da travessia, podendo ser
alvejado pelos soviéticos.
Uma mescla das linguagens do fotojornalismo e da história em
quadrinhos está nesse álbum. Trata-se do retrato de um país
destroçado por uma guerra civil que não dá sinais de querer
acabar. Lefévre enfrentou cordilheiras tortuosas, bombardeios
soviéticos, etnias diversas e a morte sempre iminente – para eles,
em missão de paz, também. O relato realista e muito ágil funciona
como um diário repleto de impressões pessoais. O leitor acompanha o
autor e vai se embrenhando nos pequenos detalhes da cultura árabe
como se tivesse viajando na mesmo caravana que Lefévre. Conhece
desde as roupas típicas até a saudação obrigatória (salaam
aleikum, algo como “que a paz esteja convosco”), usadas até em
situações ofensivas. Didier nos mostra um Afeganistão muito
diferente do que vemos hoje nos noticiários, pois onde havia beleza
e um mínimo de gentileza no coração do homem, apesar da harmonia
quase impossível. Sem ter experiência prévia, o fotógrafo expõe
ao leitor a metodologia de uma cobertura de guerra e também a
dinâmica das ONG que prestam ajuda humanitária (MIRANDA, 2007,
p.1).
O Fotógrafo é uma das principais provas de que o jornalismo em
quadrinhos associado à obra de Joe Sacco já está virando um
gênero. O livro lança mão das possibilidades estilísticas das
fotos em preto e branco e da versatilidade dos quadrinhos para
produzir um trabalho novo e relevante. O livro conta a história do
fotógrafo francês Didier Lefèvre, que em julho de 1986 partiu para
o Afeganistão acompanhando uma equipe dos Médicos Sem Fronteiras.
Naquela época, o país estava em guerra, com tropas da União
Soviética lutando contra os guerrilheiros mujahedin (que mais tarde
instalaria o Talibã no poder). Lefèvre achou a experiência tão
marcante que resolveu transformá-la em livro. Dividida em três
volumes, a obra traz o relato pessoal da experiência de Lefévre no
país, com as dificuldades e perigos enfrentados pelo profissional e
pela equipe de Médicos Sem Fronteiras. A história é contada
através da mistura de fotos em preto e branco do autor e quadrinhos
assinados por Emmanuel Guibert, com diagramação e cores de Frédéric
Lemercier. No segundo volume, a caravana finalmente chega a seu
objetivo: Zaragandara, no coração do Afeganistão. Ali, em um
hospital improvisado, tem início o verdadeiro trabalho da equipe
médica, não apenas no atendimento aos feridos de guerra, mas
principalmente na prática da medicina cotidiana em condições
precárias.
No segundo volume (2008), o francês registra as atrocidades da
guerra com imagens de crianças com pés queimados, homens com globos
oculares destruídos por acidentes com fuzis e soldados com
mandíbulas estraçalhadas por estilha
Com a publicação do terceiro e último volume, a série termina por
mostrar de forma realista e única a prática da medicina em
condições precárias em plena guerra fria. E mesmo sem recursos
como higiene, privacidade e aparelhos de última geração, a equipe
dos Médicos Sem Fronteira dá tudo de si. Neste terceiro e último
volume da série O Fotógrafo, é iniciada a viagem de volta ao
Paquistão. Decidido a fazê-la sem a companhia dos MSF, Lefèvre se
depara com vários obstáculos: desde a incompreensão da língua
local até a sua manutenção em cárcere privado por um policial
paquistanês corrupto. Quase à beira da morte, Lefèvre vê sua
serena Paris como um destino ainda mais longínquo.
Como nos
dois volumes anteriores, O Fotógrafo 3 (112 páginas) conta essa
história real por meio da mistura de fotos em preto e branco do
autor e quadrinhos assinados por Emmanuel Guibert, com diagramação
e cores de Frédéric Lemercier.
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