FOTO NA HISTORIETA

Uma mescla das linguagens do fotojornalismo e da história em
quadrinhos está nesse álbum. Trata-se do retrato de um país
destroçado por uma guerra civil que não dá sinais de querer
acabar. Lefévre enfrentou cordilheiras tortuosas, bombardeios
soviéticos, etnias diversas e a morte sempre iminente – para eles,
em missão de paz, também. O relato realista e muito ágil funciona
como um diário repleto de impressões pessoais. O leitor acompanha o
autor e vai se embrenhando nos pequenos detalhes da cultura árabe
como se tivesse viajando na mesmo caravana que Lefévre. Conhece
desde as roupas típicas até a saudação obrigatória (salaam
aleikum, algo como “que a paz esteja convosco”), usadas até em
situações ofensivas. Didier nos mostra um Afeganistão muito
diferente do que vemos hoje nos noticiários, pois onde havia beleza
e um mínimo de gentileza no coração do homem, apesar da harmonia
quase impossível. Sem ter experiência prévia, o fotógrafo expõe
ao leitor a metodologia de uma cobertura de guerra e também a
dinâmica das ONG que prestam ajuda humanitária (MIRANDA, 2007,
p.1).

No segundo volume (2008), o francês registra as atrocidades da
guerra com imagens de crianças com pés queimados, homens com globos
oculares destruídos por acidentes com fuzis e soldados com
mandíbulas estraçalhadas por estilha
Com a publicação do terceiro e último volume, a série termina por
mostrar de forma realista e única a prática da medicina em
condições precárias em plena guerra fria. E mesmo sem recursos
como higiene, privacidade e aparelhos de última geração, a equipe
dos Médicos Sem Fronteira dá tudo de si. Neste terceiro e último
volume da série O Fotógrafo, é iniciada a viagem de volta ao
Paquistão. Decidido a fazê-la sem a companhia dos MSF, Lefèvre se
depara com vários obstáculos: desde a incompreensão da língua
local até a sua manutenção em cárcere privado por um policial
paquistanês corrupto. Quase à beira da morte, Lefèvre vê sua
serena Paris como um destino ainda mais longínquo.
Como nos
dois volumes anteriores, O Fotógrafo 3 (112 páginas) conta essa
história real por meio da mistura de fotos em preto e branco do
autor e quadrinhos assinados por Emmanuel Guibert, com diagramação
e cores de Frédéric Lemercier.
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