Amanhã,
dia 26 de junho o cantor e compositor Gilberto Passos Gil Moreira
comemora 70 anos de vida. Sua arte meditativa e esfuziante,
brasileira e internacional, negra e multirracional, pura e
comprometida, é hoje, sem intenções, sem cálculo, tão polítoca
quanto metafísica, e, portanto, arte no mais alto sentido. “Gil é
o receptivo. Luz onde as sombras se assentam, e que lhes dá
contorno. Clareza que abraça o mistério sem temor. O maleável.
`Transcorrendo, transformando, tempo e espaço navegando todos os
sentidos´. A natureza, o princípio feminino (´a porção melhor
que trago em mim agora´), o que recebe. É assim que as palavras se
articulam nos encadeamentos rítmicos, melódicos, semânticos de
suas canções”, disse o cantor e compositor Arnaldo Antunes.
“Concerto
de Cordas & Máquinas de Ritmo” é o título da turnê
comemorativa dos seus 70 aos. Começou no Teatro Castro Alves, em
Salvador (18 e 19/05), depois Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Ao
mesmo tempo que celebra cinco décadas de carreira, o artista feste
70 anos de vida. Na data do aniversário, 26 de junho, Gil vai
comemorar com um almoço em família, no Rio. No dia seguinte,
embarca para uma turnê na Europa. A primeira apresentação do
concerto no exterior, na capital inglesa, Gil será acompanhada pela
Orquestra Sinfônica de Londres. Depois, ele e seu quarteto passam
por cidades como Bruxelas (Bélgica), Montreux (Suíça), Nice e Lyon
(França), Milão, Roma e Florença (Itália). Arranjos originais, o
repertório inclui músicas como Domingo no Parque, Estrela, Oriente,
Expresso 2222, Máquina de Ritmo, Eu não Tenho Medo da Morte, Quatro
Coisas e Saudade da Bahia.
O
registro ao vivo do show Concerto de Cordas & Maquinas de Ritmo
vai ser editado pela gravadora Biscoito Fino em CD, DVD e Blu-ray no
segundo semestre. No repertório, somente uma inédita – a balada
Eu Descobri, feita originalmente para o grupo Mutantes, mas não
gravada pela banda.
Gilberto
Gil é uma das singulares estrelas da música popular brasileira que
transcende a rótulos. Compositor, cantor, músico, intelectual,
polêmico, político, místico, enfim, uma figura complexa e, por
vezes, paradoxal. Esse nordestino negro, nascido na Bahia, teve papel
fundamental em um dos movimentos mais marcantes da música
brasileira, a Tropicália.
Gilberto
Gil tem um papel fundamental no processo constante de modernização
da Musica Popular Brasileira. Na cena há 50 anos, ele tem
desenvolvido uma das mais relevantes e reconhecidas carreiras como
cantor, compositor e guitarrista. Seus álbuns lançados mundo a
fora, desde 1978, o ano do sucesso de sua performance no “Montreux
Jazz Festival”, na Suíça , gravado ao vivo, até o mais recente
servem de guia para muitos artistas.
Ritmos do
nordeste do Brasil como o baião, samba e bossa-nova foram
fundamentais na sua formação. Usando essas influências como um
ponto inicial, Gil formulou sua própria música, incorporando rock,
reggae, funk e ritmos da Bahia, como o afoxé. A obra musical de
Gilberto Gil abrange uma ampla dimensão e variedade de ritmos e
questões em suas composições, pertinentes a realidade e a
modernidade; da desigualdade social às questões raciais, da cultura
Africana à Oriental, da ciência à religião, entre muitos outros
temas. A abrangência e profundidade nos diferentes temas de sua obra
musical, são qualidades específicas deste artista, fazendo de
Gilberto Gil, um dos melhores e mais importantes compositores
musicais brasileiros.
A
importância de Gilberto Gil na cultura do Brasil vem desde os anos
60, quando ele e Caetano Veloso criaram o Tropicalismo. Radicalmente
inovativo no cenário musical, o movimento assimilou a cultura pop
aos gêneros nacionais; profundamente crítica nos níveis políticos
e morais, o tropicalismo finalizou sendo reprimido pelo regime
autoritário militar. Ele e Caetano foram exilados de seu país, indo
para Londres.
Quando
ele retornou ao Brasil, ele começou a series de discos antológicos
nos anos setenta: "Expresso 2222", "Gil e Jorge"(com
Jorge Ben Jor), " Os Doces Bárbaros" (com os baianos
Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia) e a trilogia conceitual:
"Refazenda" (sobre a extração de campo), "Refavela"
(com ritmos da Jamaica, Nigeria, Rio de Janeiro e Bahia), e "Realce"
– este último gravado em Los Angeles, firmando sua opção pela
música pop, que direcionaria o desenvolvimento de sua trajetória
nos anos 80. Nos anos 90, vieram: "Parabolicamará",
"Tropicalia2" ( com Caetano Veloso, celebrando os 25 anos
do movimento Tropicalista) e "Unplugged" ( a coletânea de
sucessos gravado ao vivo pelo canal MTV). In 1997, Ele lançou o
album duplo "Quanta" e em 1998, lançou "Quanta gente
veio ver", em album duplo ao vivo, comemorando o enorme sucesso
de uma tounee mundial e que ganhou o "Grammy Award" de
melhor musica mundial. Em 2000, lançou o CD "Eu, Tu, Eles"
e o CD "Gil & Milton" (com Milton Nascimento). Em 2001,
lança o CD "São João Vivo".
Em 2002,
lança o CD e DVD "Kaya n´Gan Daya", que depois de uma
tournée mundial, tornou-se em CD ao vivo. Em 2004, lançou ao vivo o
CD e DVD "Eletracústico". Eletracustico foi o resultado do
concerto que realizou na ONU em N.Y. "Eletracústico" veio
para atender a imensa demanda do público, depois do intervalo de
três anos sem gravar, desde que assumiu o cargo de Ministro da
Cultura do Brasil. Alguns dos seus sucessos estão mais
intensivamente marcados pelo diálogo entre a percussão acústica e
eletrônica, cantando um repertório histórico de sucessos dos anos
60 até os dias de hoje, com a alegria e entusiasmo marcantes da sua
voz.
Em 2006,
a gravadora Biscoito Fino relança o disco com o título de “Gil
Luminoso – voz e violão”, cd que foi gravado em 1999 para ser
encartado no Livro “Giluminoso – A Po.Ética do Ser”, de Bené
Fonteles. O livro foi uma homenagem a Gil com mais de 50 letras do
compositor, fotos e um longo depoimento de Gilberto Gil. A tournée
Gil Luminoso, uma das mais belas de sua carreira, passou pela Europa
e Estados Unidos.
Nesses
anos de estrada, Gil tornou-se não apenas um músico brilhante, mas
um compositor capaz de inspirar-se em praticamente todos os estilos
de música brasileira, muitas vezes estabelecendo cruzamentos
originais entre esses estilos e os ritmos africanos ou o rock. Sua
música é sempre moderna e, embora sintonizada com os ritmos
internacionais, jamais perde um agudo senso de brasilidade que é uma
de suas características mais marcantes. As diferentes fases da
carreia de Gil expressam as experiências mais típicas de sua
geração. A pluralidade, a diversidade, a receptividade, a
flexibilidade e o colorido de cada momento caracterizam essa
trajetória artística. Sua arte meditativa e esfuziante, brasileira
e internacional, negra e multirracional., pura e comprometida, é
hoje, sem intenções, sem cálculo, tão política quanto
metafísica, e, portanto, arte, no mais alto sentido.
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