Mudamos através dos tempos. No passado, castos e cobertos. Agora, desnudos e exibidos. A Internet abriu um universo de possibilidades para o sexo. A privacidade entrou na rede social. A sociedade hoje é narcisista e confessional. Quem somos? A resposta é da historiadora Mary del Priore: “Indivíduos de muitas caras. Virtuosos e pecadores, oscilando entre a transigência e a transgressão. Em público, civilizados. No privado, sacanas. Na rua, liberados; em casa, machista. Ora permissivos, ora autoritários. Severos com os transgressores que não conhecemos, porém indulgentes com os nossos, os da família. Ferozes com os erros dos outros, condescendentes com os próprios. Em grupo, politicamente corretos, porém racistas em segredo. Fora, entusiastas dos ´direitos humanos´, mas, cá dentro, a favor da pena de morte. Amigos de gay, mas homofóbicos. Finos para ´uso externo´ e grossos para o interno. Exigentes na cobrança de direitos, mas relapsos no cumprimento de deveres. Somos velhos e moços, nacionalistas e internacionalistas, cosmopolitas e provincianos, divididos entre a integração e a preservação de nossos múltiplas identidades. Na intimidade, miramos nossas contradições. Resta saber se gostamos do que vemos”. (Histórias Íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil. Mary del Priore. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2011, pags 237 e 238).
69 – Número graficamente representativo de uma prática de sexo oral simultânea e recíproca entre dois parceiros. Essa prática lembra o numeral 69, daí o batismo desta modalidade intensa e prazerosa para lésbicas, homossexuais e heterossexuais.
AFRODISÍACOS – Substâncias químicas que aumentam ou estimulam o desejo sexual e a resistência. O termo vem de Afrodite, a deusa grega do amor e da beleza.
ABERRAÇÃO - Técnica ou constelação de técnicas eróticas que alguém usa como seu ato sexual completo e que difere da definição tradicional de normalidade de sua cultura. As aberrações sexuais podem ser divididas em duas classes: variantes (desvios) e perversões.
AMOR - “O amor é uma ilusão sem a qual não podemos viver. Como os relâmpagos, o amor nos liga entre a Terra e o Céu. Mas, como souberam os grandes poetas como Cabral e Donne, a plenitude do amor não nos faz virar ‘anjos’, não. O amor não é da ordem do Céu, do espírito. O amor é uma demanda da Terra, é o profundo desejo de vivermos sem linguagem, sem fala, como os animais em sua paz absoluta. Queremos atingir esse ‘absoluto’, que está na calma felicidade dos animais”. (Arnaldo Jabor. Amor é prosa, sexo é poesia. Crônicas afetivas. Objetiva, 2004. Rio de Janeiro, página 168)
Para o estudioso Bronislaw Malinowski, “é uma paixão que atormenta a mente e o corpo em maior ou menor extensão; conduz muitos a um impasse, um escândalo ou uma tragédia; mais raramente, ilumina a vida e faz com que o coração se expanda e transborde de alegria” (The Sexual Life of Savages, Londom, 1929, p.69). Alguns poetas davam a entender que a origem do amor era totalmente orgânica. Outros creditavam à atividade profunda do coração a verdadeira origem.
O discurso amoroso mais bem aceito é indireto, suavemente malicioso e sem prejuízo de aproximação física e do jogo de olhares e expressões faciais e corporais. Dizer “eu te amo” (na verdade, “eu te desejo”) costuma ser produtivo para um relacionamento, notadamente através do conjunto de sinais e ações reveladoras deste desejo.
ÂNUS – Orifício terminar do intestino. Uma prática sexual condenável no receituário cristão, é tudo como proibido, o que só lhe aumenta o apelo.
ASPARGO – Broto de planta perene do mesmo nome. Na Europa o broto do aspargo sempre foi associado ao sexo, seja pelo sabor, por alegadas propriedades afrodisíacas, pela evocação do broto como um desabrochar, ou ainda como símbolo fálico. O fetiche visual é inegável.
BANANA – Fruto da bananeira, planta do gênero musa. De todas as formas da natureza, é talvez o símbolo fálico mais evidente e comum.
BEIJO – Ato de posar os lábios (eventualmente um contato da língua) nalguma pessoa, ser ou coisa em sinal de amor, veneração, afeição ou desejo. Os romanos distinguiam três tipos de beijo: o basium (entre conhecidos), o osculum (entre amigos) e o suavium (entre amantes). Ao longo da história, beijos tiveram diversas conotações como beijo na mão, no anel e no pé (sinal de submissão) ou a ritualística toda própria do beijo entre homens na Rússia. Beijos são símbolos, e símbolos podem ser fetiches.
Beijar na boca, ato clássico e ancestral, é uma simulação da cópula, inclusive com os papéis ativo e passivo (quem enfia a língua e quem a recebe). Tal como o ato sexual, não deve ser pedido com palavras, mas induzido pelo sedução. Significa, no Ocidente, a porta de entrada para um namoro ou, pelo menos para um “ficar”.
Para os chineses, o pudor extremo se relaciona com o beijo na boca, considerado como fazendo parte do ato sexual e, portanto, impensável em público. Esta concepção do beijo deu origem a um longo mal-entendido. Ao chegarem à China os ocidentais concluíram falsamente que os chineses nunca se beijavam. Por sua vez os chineses, vendo as ocidentais beijarem homens em público, acharam que todas aquelas mulheres eram prostitutas.
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