A proposta artística de Almandrade convida o espectador a pensar sobre a própria natureza da arte. Depois da passar pelo concretismo e arte conceitual nos anos 70, seu trabalho prossegue na busca de uma linguagem singular, limpa, com um vocabulário gráfico sintético. Redescobre a cor no começo dos anos 80 e os trabalhos, quer sejam pinturas ou objetos e esculturas, ganham uma dimensão lúdica, sem perder a coerência e a capacidade de divertir com inteligência.
Um escultor que trabalha com a cor e com o espaço e um pintor que medita sobre a forma, o traço e a cor no plano da tela. A arte de Almandrade dialoga com certas referências da modernidade, reinventando novas leituras.
Apesar de percorrer o figurativo no início da carreira, fincou sua identidade pautada na arte conceitual, nos concretistas, neo-concretistas e minimalistas. Sempre os poucos elementos e o aspecto enxuto que vai direto ao ponto vão imperar em suas criações.
Almandrade é o nome artístico de Antonio Luiz M. Andrade, Artista plástico, poeta, professor de teoria da arte e arquiteto com mestrado em Urbanismo, pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, é considerado pela crítica como um pioneiro da arte contemporânea da Bahia., participou de importantes mostras nacionais e internacionais como Bienal de São Paulo. Experimentalista assumido, Almandrade vem se comprometendo com a pesquisa de linguagens artísticas desde l972, onde ora se envolve com as artes plásticas, ora com a literatura. Poeta da arte e artista da poesia. Realizou cerca de trinta exposições individuais em várias capitais, autor do livro de poesia “Arquitetura de Algodão”.. É um dos principais divulgadores e questionadores da arte contemporânea no Brasil. Ou melhor, um defensor da arte como instrumento de pensamento e não de entretenimento.
Num retrospectiva das três décadas de produção artística, as obras de Almandrade, em formas, cores e poética, recheados com a significação de um teórico dos sentidos (criador do Grupo de Estudos de Linguagem da Bahia, editou a revista Semiótica em 1974), serão alvo de percepções do público.
LEVEZA
Ao longo dos anos o trabalho de Almandrade vem se impondo como um lugar de reflexão, solitário e à margem do cenário cultural baiano. Desde seu abstracionismo geométrico e arte conceitual, até seu mergulho na poesia concreta e no poema/processo, o artista tem sua marca. E de lá para cá ele vem se tornando mais rigoroso da arte conceitual. Desenhos em preto-e-branco, objetos e projetos de instalações, essencialmente cerebrais, calcados num procedimento primoroso de tratar questões práticas e conceituais, marcam a produção deste artista na segunda metade da década de 70.
Nos anos 80 ele redescobre a cor e seus trabalhos ganham uma dimensão lúdica, sem perder a coerência e a capacidade de divertir com inteligência. Um poeta da arte e um artista da poesia. Seja na pintura ou escultura, a arte de Almandrade dialoga com certas referências da modernidades, reinventando novas leituras. Trabalha com o mínimo de elementos pictóricos, duas ou três cores, dois planos, duas ou três texturas, um traço, etc. e vemos uma pintura, um objeto e uma escultura. A simplicidade que predomina nas composições desperta a imaginação e o raciocínio. Ele traz uma poética do mínimo e da leveza.
espelha rugas
na geografia da pele
e atrai o silêncio
das notas musicais
os que vão nascer
não vão experimentar
o futuro
vão se render
ao presente.
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Um comentário:
Bacana. Normalmente esses artistas ficam escondidos.
http://euachoqueusimplesmentenaosei.blogspot.com/
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