01 abril 2011

Música & Poesia

A Tragédia da Cor (Wado e Realismo Fantástico)


Aê, my brother Sandro,

A vida não tá fácil

Eu que não tenho cor

Ando de trajes negros


Você bem sabe em que ponta

A corda sempre arrebenta


Mas ninguém sabe da dor

Da tragédia da cor

Negra


São sobreviventes, arestas, anomalias, fato

Fruto da exclusão social neoliberal


Eu escutei um tiro

A bala saiu da ponta

Da caneta do ministro

Do deputado, do senador

Que nunca que nunca abre mão

Da sua corrupção diária, rotineira


Aê, my brother Sérgio,

A vida não tá fácil

Eu que não tenho cor

Ando de trajes negros


Você bem sabe em que ponta

A corda sempre arrebenta


Não se percebe a doutrina de violência e ódio

Nas torcidas organizadas de futebol




Restos (Ildásio Tavares)


Há um resto de noite pela rua

Que se dissolve em bruma e madrugada.


Há um resto de tédio inevitável

Que se evola na tênue antemanhã.


Há um resto de sonho em cada passo

Que antes de ser se foi, já não existe.


Há um resto de ontem nas calçadas

Que foi dia de festa e fantasia.


Há um resto de mim em toda parte

Que nunca pude ser inteiramente.

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